Capítulo 65

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Capítulo 65 — Jogador

Lorena coloca o celular no ouvido e espera uns segundos. Os outros caras da mesa conversam entre si, mas eu fico quieto, porque esse tanto de informação tá me dando uma dor de cabeça fodida. Cada vez que a gente meche mais nessa história, mais essa porra toda fede.

— Amiga — ela fala quando a Cecília atende — Tô na reunião da facção, vou te colocar no viva-voz pra gente conversar. Tem uns vinte machos olhando pra minha cara agora — diz e a Cecília pergunta alguma coisa pra ela — Não, é sobre o comando do Capitão só, fica suave.

Lorena coloca o celular no meio da mesa e aperta o botão do viva- voz, fazendo sinal de silêncio pros outros. 

Cecília: Alô

— Fala ai, Rapunzel de trança — Leão se estica pela mesa pra falar com a Cecília pelo celular.

Eu olho pra ele sem entender e ele olha pra mim com aquela cara de puta dele. Ano novo em Cabo frio rendeu, duvido que não... Ela vai pra lá e ele já fica todo nessa intimidade... Deixa o Pretinho saber dessa sacanagem.

Cecília: Leão? Ah não, Princesa, achei que essa reunião aí era parada séria — geral descontrai na hora, tem nem como não rir com a mina tirando uma com a cara do Leão que é vaidoso pra caralho.

— Ih, qual foi? — ele fecha a cara e volta a encostar as costas na cadeira. 

— Ô, dona Rapunzel — Caquinho puxa o celular pro outro lado da mesa — Nós tá ligado que tu tinha acesso às finanças do Capitão broxa, aí nós precisa saber como que ele tava de armamento e os caralhos.

Cecília: Dedé tá ai?

— Tá —Lorena responde

Cecília: Daquela transferência de dinheiro que foi de carro pro Paraguai, a maioria pagou munição, né?

— Foi — Dedé responde a ela — Mas teve armamento também, só não sei ao certo porque na época foi o BW que fechou o negócio, eu só verifiquei a qualidade, não era um armamento muito diferenciado não, porque o Capitão tinha pressa.

Cecília: Eu chuto que tinha uns cinco fuzis  — ela para um tempo — Eu não conferia as cargas, isso era missão do BW, mas munição foi adoidado, isso eu tenho certeza, paguei transporte de quinze carros fazendo a rota entre Paraguai e rio.

— Tem noção de valores? — Dom pergunta.

Cecília: Ao todo quase quinhentos mil — ela fala com certeza — Tive boas noites de insônia pra fechar esse balancete. As drogas vendiam normalmente, mas o baile deu uma caída, então não tinha de onde tirar dinheiro pra cobrir esse custo.

— Ele sabia que ia quebrar — eu digo.

Cecília: Sabia sim, falei isso algumas vezes pra ele, mas ele dizia que tinha costas quentes com a facção.

— Só que não era com a nossa — Dom toma um gole do Whiskey dele e eu passo a mão na minha boca, tentando fechar essa porra de quebra-cabeça.

Cecília: Antes de eu vir pro Alemão, sei que ele pretendia fazer uma grande compra no Paraguai.

— Ele me pedia orçamento de droga suficiente pra dois morros — Dedé diz e cutuca a Lorena — Tá ligada, né? Eu te disse isso — lembra e ela concorda.

— Pra Penha e pro Alemão, tava se garantindo no dinheiro do Alemão pra não quebrar.

— E a última compra dele contigo? — Dom questiona o Leão.

— Último negócio que fiz com a Penha foi há mais de um mês atrás, negociei com a Princesa — Aponta pra ela e parece que cai a minha ficha de como as coisas aconteceram num curto espaço de tempo.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora