Capítulo 20 - Lorena
Cpx do Alemão, Rio de Janeiro
Sábado, baile.— Tava onde? — Cecília pergunta quando volto pro lado dela no camarote.
— Cobrando um policial corrupto.
— Com o Jogador?
— É, ué.
— E foi só isso?
— Meu Deus, tu é muito fofoqueira. Depois a gente conversa sobre isso, criatura. — eu digo e ela ri mordendo o lábio e franzindo o nariz.
Vou até a mesa pegar mais bebida, no caminho, noto que o Jogador não para de olhar pra mim um segundo enquanto tá sozinho sentado no sofá perto da mesa.
— Tem como você disfarçar, por favor? — eu peço pra ele enquanto coloco a mistura no copo.
— Disfarçar o que?
— Essa sua cara — de gostoso eu penso, mas não falo. Deus me livre aumentar autoestima de homem.
Olho pra ele e balanço a cabeça me virando de volta pra grade onde está o resto do pessoal.
— Aí, Princesa, amanhã vamos fazer um churrasco lá em casa pra continuar a comemoração! — Sábio diz.
— Que delícia! — eu respondo abraçando a Laís do meu lado.
— Quero você e a Cecília lá cedo! — Laís fala me agarrando de voltar.
— Fechado. — eu respondo dando um sorriso.
Espero que essa primeira semana seja um presságio do que vem pelos próximos dois meses aqui. Tô tentando oportunidades aqui que não tive no meu morro, de viver o tráfico na realidade, então quero utilizar essa oportunidade pra crescer, dar tudo de mim por esse morro e voltar pra casa pronta pra ser quem eu quero.
(...)
Domingo, 10h
— Eu sabia! — Cecília grita e eu me jogo tapando a boca dela
— Cala a boca, idiota — eu sussuro no ouvido dela — Esqueceu que tá na casa dele?
— Tá bom, desculpa. Atendeu as expectativas da madame?
— ele é bom e a gente tem uma atração um pelo outro. — eu digo prendendo meu cabelo loiro em um coque.
— Sentiu aquele friozinho na barriga? — ela senta na cama
— Cecília, você fica perguntando as coisas como se eu tivesse perdido meu bv.
— Tu que é sem graça! Misericórdia.
— Você fica mais animada que eu, parece uma adolescente.
— Amiga, eu só acho que vocês combinam e você tá tentando fingir costume, dois bandidões gostosos — ela faz sinal de arminha e eu gargalho.
Essa Cecília é doidinha.
— Quer um biquíni emprestado pra ir no churrasco? — eu pergunto mudando de assunto enquanto levanto da cama e abro o armário.
— Você trouxe aquele branco com a alça trançada?
— Trouxe, vai lá tomar banho — eu procuro o bíquini e jogo pra ela.
Depois que nos arrumamos, descemos pra tomar o café da manhã que a tia do Pikachu deixou preparado.
— Como estão as coisas lá no morro? — Pergunto enchendo minha xícara de café.
— Seu pai anda meio pilhado com alguma coisa, ele e BW vivem na sala de porta fechada — ela pega o pote de requeijão — Maomé não tem dado nem as caras dele lá na boca.
— Meu pai deve tá preocupado com os negócios que o Dedé foi resolver no Paraguai — eu coloco café na xícara dela também — falei com ele no telefone, disse que era uma carga grande.
— Grande quanto? — ela para de passar o requeijão no pão e me olha com uma sobrancelha erguida
— Não sei, mas Dedé me disse que tinha até pensado que meu pai dividiria com algum outro morro. — eu digo e ela me olha negando com a cabeça.
— Já me vejo até tarde enfurnada naquela boca tentando resolver as loucuras que seu pai comete. Eu arrumo as finanças e ele vai lá e bagunça o meu trabalho.
— Ele diz que quer deixar tudo pronto pra mim.
— Ele vai deixar um morro quebrado pra tu se continuar assim — ela resmunga e dá uma mordida no pão com requeijão.
— Essa semana vou ver se vou lá na Penha de tarde.
Depois do café da manhã não consegui mais parar de pensar nas atitudes recentes do meu pai e decidi que vou lá na Penha conversar com ele, o problema é que não quero explanar as paradas que o Dedé e a Cecília me falam.
Depois que lavamos a louça do café da manhã fomos de moto até a casa do Sábio. Luquinhas já estava na piscina e alguns vapores entravam na casa com as compras pro churrasco.
— Bom dia! — Eu e Cecília dizemos ao mesmo tempo.
— Trouxeram biquíni? — diz laís sentada na espreguiçadeira e eu concordo mostrando a alcinha do biquíni por baixo do meu vestidinho.
— O dia tá muito lindo hoje — Cecília comenta olhando pro céu.
— Tá mesmo, vocês me ajudam na cozinha? Aí ficamos livre logo pra pegar um solzinho.
— Claro — eu digo estendendo a mão pra ajudar ela a levantar.
— Filho, vai lá na vizinha chamar o Pedrinho pra ficar na piscina com você, tá ai sozinho. — ela diz e o Lucas sai da psicina na mesma hora, dá um beijo na bochecha da mãe, depois em mim e por último na Cecília,
— Seu filho é uma gracinha, Laís — Cecília diz falando a Laís sorrir.
— Ele é sim, daqui a pouco chega mais um pra bagunçar a casa — fala passando a mão na barriga.
— Tá sentindo muito enjoo? — eu pergunto enquanto andamos até a cozinha.
— Na gravidez do Lucas foi bem pior, por enquanto tá tranquilo.
— Eu tenho medo de pensar em engravidar por isso. — Cecília diz
— Eu amo ficar grávida, a gravidez em si foi boa pra mim, mas o pós é que mata. — Laís diz colocando o frango e o coração em cima da pia — Vou temperar essas carnes, vocês podem fazer a farofa?
— Pode deixar, só vai me mostrando onde estão as coisas — eu digo e ela aponta pra dispensa onde ficam o alho e a cebola, e vai até o armário pegar a farinha.
— Prefere bacon, linguiça ou os dois?
— Pode ser só linguiça — ela abre o congelador e pega linguiça calabresa já cortadinha.
— Sábio tá na boca? — Eu pergunto enquanto coloco o óleo na frigideira.
—Tá, Jogador e Pikachu tão lá também fechando o caixa do baile de ontem
— Falando em Pikachu, Raquel vem hoje?
— Vem — Laís diz fazendo careta.
Grávida quando pega ranço é uma coisa.
— ih, vocês não gostam dela não? — Cecília pergunta enquanto corta a cebola.
Eu e Laís nos olhamos, fazemos uma cara de nojinho e nós três rimos.
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Sonho dos crias [M]
FanfictionE fé no pai, sei Que todo mal contra mim vai cair por terra Nós gosta da paz, mas não fugimos da guerra Paz, justiça e liberdade, fé nas crianças da favela Eu vivo a vida e amanhã não me interessa Lorena, vulgo Princesa, tá terminando a faculdade d...