Capítulo 2

7.7K 336 8
                                    

Pov Jogador
Cpx do Alemão

— Com licença, patrão, acabei de voltar daquela cobrança que tu mandou eu fazer — fala o vapor entrando na sala do Sábio

— Deixou o dinheiro com o Lelê? — pergunta Sábio, levantando o olhar do caderno pro vapor

— Sabe o que é, patrão — ele coça a cabeça — o coroa tá mais lá não.

Eu dou risada alta

— Como que não tá mais lá, caralho? — Sábio bate na mesa puto. — Quero saber não, chocolate, quero o dinheiro que esse verme tá devendo até o final da semana. — Aponta pro vapor que concorda e sai da salinha.

— Eu falei pra passar esse filho da puta semana passada — relembro dando um trago no baseado que tá na minha mão — Quem vacila uma, vacila duas.

— Pra tu tudo se resolve na bala — Sábio nega com a cabeça fechando o caderninho da contabilidade

— E é por isso que não passo essas raivas.

— Tá bom fodão — ele levanta da mesa — Tu esquece que na escola que tu se formou, eu já dou aula.

— Vai se fuder, vai, Sábio — Rimos e vem até mim me cumprimentando

— Vou buscar meu cria na escola — virou de costas, indo em direção a porta — quando sair daí manda um salve no radinho.

— Vai lá, mais tarde vou passar pra levar o moleque pra lanchar — ele concorda e eu volto minha atenção pro meu celular.

Rolo o feed do instagram e vejo que a Laís, mulher do Sábio, postou foto com o Lucas, filho deles. Fico feliz pra caralho com as paradas que o meu irmão mais velho conquistou na vida. Nós perdemos nossa mãe cedo e desde que nosso pai se foi também, ele vem cuidando do morro e da família.

Dona Daiane ficaria toda boba com o neto que ela não chegou a conhecer.

Saio dos meus pensamentos sentindo o celular vibrar com ligação do Whatsapp e me surpreendo com o nome do meu dindo aparecendo na tela. Eu e ele não temos contato há um tempo, eu admiro demais, mas a relação dele se fortaleceu mesmo foi com o Sábio, já que os dois estão entre os chefões da facção.

Atendo a ligação, levo o celular até a orelha e estico a perna no sofázinho que tô deitado.

LIGAÇÃO ON

Jogador: Fala, Padrin

Capitão: Qual foi meu afilhado, esqueceu de mim, po? — ouço ele rir do outro lado da linha

Jogador: Jamais! O que tu ordena?

Capitão: Tava querendo que você viesse aqui na penha pra nós bater um papo.

Jogador: Claro, po. Pista ta salgada, mas nós coloca o bonde na rua.

Capitão: Se arrisca não, Jogador. O papo é reto, tô querendo me aposentar.

Jogador: Que isso, padrin, ta garotão ainda - ri

Capitão: Tô sem pique pra correria já — ele suspira — mas a parada é que chegou no meu ouvido que meu sub ta de trairagem

Jogador: Maomé? Puta que pariu — aumento o tom ficando sentado no sofá — E qual a ideia?

Capitão: Preciso mandar a Lorena praí, proteger ela e arrumar a bagunça que esse filha da puta tá fazendo.

Jogador: Suave, Padrin — Passo a mão no rosto — Eu broto aí pra te dar uma ajuda e ela fica aqui com o Sábio.

Capitão: Relaxa, daqui eu e BW damos conta — eu troco o celular de ouvido — Daí eu quero proteção pra Princesa e que ela esteja pronta pra assumir se der alguma merda.

Jogador: Ela é foda, po — suspiro lembrando da mira que essa mina tinha desde novinha — Acho melhor eu ir praí, Capitão.

Capitão: Jogador, só faz o que tô te pedindo, em nome da irmandade que eu tinha com teu pai — ele fala com a voz pesada — Aqui tá dominado, vou desligar que ela tá chegando, não quero que ela saiba de nada.

Jogador: Tamo junto, Capitão, qualquer coisa só acionar

Capitão: Valeu, Jogador.

LIGAÇÃO OFF

Capitão e meu pai, o falecido Nanal, entraram para essa vida juntos, os dois eram sozinhos no mundo e criaram uma parceria foda na caminhada. Eles faziam questão pra caralho de honrar essa amizade, tanto que quando minha mãe morreu, Capitão segurou a nossa onda e não deixou a cabeça do meu velho pifar.

Eu, Sábio e Lorena fomos treinados desde cedo pra cuidar da herança que nossos pais iam deixar no movimento. Desde novão eu ouço que só existem dois destinos pra essa vida que a gente leva, caixão ou grade.

Pra minha mãe era Deus no céu e Lorena na terra. Tem muito tempo que ela não brota por aqui, se afastou pra caralho quando minha mãe morreu. Ela posta um story ou outro no instagram, mas nada que mostre muito como ela tá hoje em dia.

Levanto do sofá, pego a glock que tá em cima da mesinha, coloco na cintura, passo a bandoleira com meu fuzil pra trás e jogo minha camisa branca no ombro.

Saio da salinha e vejo pikachu zoando os moleques da endola. Quando ele me nota abre um sorrisão.

— Olha o gostosão aí! — ele olha pra mim com cara de deboche e os moleques riem

Papo reto, eu e Pikachu crescemos juntos, ele é o melhor gerente que já passou por esse morro e é só essa consideração que me impede de dar um tiro na cara desse filho da puta.

Parece que nasceu com o Bozo enfiado no cu.

Ele vem na minha direção e passa o braço no meu pescoço

— E aí, meu mano? — Olha pra mim — Fiquei sabendo que uma ruiva saiu do teu barraco hoje de manhã.

— Tu é fofoqueiro pra caralho, Pikachu — franzo a testa pra ele.

— Nada, só quero saber como tá a gestão do meu irmão mano — ele ri batendo no meu peito.

— Tá afim de me dá também, caralho?

— Ih, qual foi? Tá me estranhando? — ele faz cara dr puto enquanto os moleques riem.

— Então não fode, pikachu — Tiro o braço dele — Até quem eu tô comendo tu tá querendo saber, bora lá na tia Jô almoçar.

Saímos dali em direção ao restaurante.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora