78- Olhos Vermelhos

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-O meu pai vai ficar uma fera quando ver essas fotos.- afirmo sem qualquer dúvida, conhecia o homem com quem estava lidando e o quanto aquilo iria ferir seu ego.

-Sim, ele vai. Mas esse era o combinado, ele queria fotos da minha mãe na cozinha e é isso vai ter. Eu sei que não é algo viável, mas eu adoraria estar lá pra ver a reação dele.

-Bem, acho que não vai ser pior do que se ela estivesse pelada. Eu estava com medo disso, por que não seria só sobre ele, poderia atingir o casamento dos meus pais, e a nossa relação iria por água abaixo.- desabafo, mesmo não sendo as fotos que o pastor esperava sabia que conseguiria contornar qualquer que fosse a reação dele, Heitor então dá um leve soco em meu ombro tentando me animar.

-Ah cara, não fique assim, hoje é um grande dia, e se qualquer coisa acontecer é só me ligar que eu venho correndo te salvar.- promete ele, dou um leve sorriso tentando ignorar as borboletas em meu estômago que se agitavam.

O garoto então em uma atitude inesperada agarra minha mão e passa a me puxar na direção da escola, sentia uma mistura de medo e adrenalina correndo em minhas veias, querendo ou não estávamos em um lugar público de mãos dadas... Em plena luz do dia.

-Ei, o que está fazendo?-questiono enquanto meu tímido sorriso cresce.

-Você está muito nervoso, sei o que fazer pra te fazer relaxar.- diz com um tom de voz malicioso.

-Mas estamos na escola, e se nos virem?- protesto sentindo meu coração se acelerando.

-Pelo amor de Deus Gabriel, olhe a hora, não tem ninguém aqui ainda.- rebate ele, de fato o pátio estava vazio, com isso me deixo levar pelo garoto.

Assim que adentramos no prédio os passos de Heitor se tornam um pouco mais lentos claramente evitando chamar qualquer atenção indesejada, curvamos para a direita na direção dos banheiros.

A cada passo meu coração palpitava mais forte imaginando o que estava prestes a acontecer, minha boca parecia seca e minha mente confusa, porém àquele ponto me deixava levar pela empolgação.

Em uma curva apertada adentramos nos banheiros e quando finalmente estamos atrás da parede Heitor me puxa para um beijo sorrateiro.

Em minha mente um turbilhão de sentimentos se misturavam, a adrenalina do proibido, a paixão de Heitor me segurava em seus braços, a vontade de continuar ali e o receio do que poderia acontecer.

-Está melhor agora?- indaga o garoto em um tom malicioso.

-Sim, mui...- encaro Heitor porém nesse momento meu coração pára, meu estômago que antes parecia repleto de borboletas despenca dentro de mim, junto todas as forças que tinha para anunciar a terceira figura ali.-Jonas.

Heitor imediatamente me solta e se vira para o garoto que nos encarava com uma feição de nojo e superioridade. No fundo havia mais ali um sentimento oculto que começava a aflorar, ele fôra posto para nos vigiar e finalmente conseguira sucesso.

-Seu pai vai adorar saber disso.- afirma se vangloriando, tão prepotente quanto se pode ser.

Jonas se vira na direção da porta, porém sua chantagem que me deixara imóvel parece surtir um efeito diferente em Heitor que imediatamente lança seu braço na direção do espião, era quase impossível alcançá-lo porém algo ali não está certo, a métrica de seu corpo se deforma, seus dedos afiados agarram o pescoço de Jonas lhe arrastando de volta ao banheiro, o desespero que agora surgira em seus olhos era nítido, ele que antes sentia estar no controle da situação agora não passava de uma presa. Heitor o lança pelo chão do banheiro.

O garoto cai batendo as costas no chão de azulejos brancos, desnorteado ele tenta se levantar mas ao ver Heitor seguindo em sua direção se desespera e segue se arrastando para longe dele, porém não é o suficiente. Heitor pisa sobre seu peito lhe fazendo arfar.

-Não, me desculpa, eu não queria...- começa Jonas porém para assim que Heitor agarra seu pescoço mais uma vez.

-Sim, você queria, seu grande verme homofóbico. Desde o primeiro respiro que deu ao lado do Gabriel tudo o que você queria era entregar a cabeça dele e a minha pro pai dele.- Jonas então arregala os olhos e me encara, era óbvio que ele havia sido desmacarado.- Você é um merda!

-Eu... - começa Jonas tentando se defender, porém logo em seguida ele pára, seus olhos ganham um tom de vermelho que eu já conhecia, mesmo sem ver sabia que os olhos de Heitor também estavam assim, ele era o causador de tudo aquilo.

-Você não viu nada do que aconteceu aqui, não sabe de nada, você nem ao menos conhece a mim ou ao Gabriel. Nunca mais volte a cruzar o nosso caminho ou irei fazer do restante da sua vida miserável um tormento sem fim, estamos entendidos?- vocifera Heitor sua ameaça, Jonas assente, então o garoto larga seu pescoço e o solta no chão, seus olhos voltam a cor normal.

Alguns instantes depois Jonas olha ao redor confuso e se levanta massageando o pescoço, então seus olhos aturdidos se viram em nossa direção.

-Hum... Oi, vocês estudam aqui também?- indaga, Heitor se vira na minha direção com as sobrancelhas erguidas.- Bem, eu estava... Hum... Na verdade nem sei o que estava fazendo ao certo, isso é bem constrangedor, não é? Enfim, vejo vocês por aí

E com isso Jonas se vai, Heitor finalmente se aproxima receoso.

-Então, eu sei o que viu e...- ele tenta se explicar mas logo desiste.- Me desculpa, eu não queria ter feito isso, mas o seu pai...

Porém antes que ele continue apenas lhe abraço, por mais estranho e perigoso que pudesse ter sido sabia que aquela era a única forma, sentia Heitor prendendo a respiração tenso.

-Obrigado.- digo, finalmente lhe fazendo respirar aliviado.

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora