12- Surreal Realidade

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O beijo de Heitor... Meu primeiro beijo, meu coração disparado mandava um recado em código morse para o meu corpo e era uma carta de rendição, envolto por Heitor eu não queria lutar ou fugir.

Seu grande corpo se curvavam para me alcançar, eu não sabia ao certo o que pensar, estava beijando o cara que a poucos minutos atrás estava a ponto de me estrangular, e o fogo que queimava em sua ferida ainda era um mistério, mas a única coisa que sabia era que quando Heitor começou a me soltar o puxei de volta.

Sinto algo cutucando minha cintura, vendo que os dois braços me envolviam faço as contas e me afasto assustado, rápido demais.

-Acho melhor você ir.- peço.

-Mas... Eu preciso te explicar algumas coisas, e preciso de respostas. Como foi que curou meu corte?

-Eu... Eu não sei, nem sei o que há com a sua ferida, ela brilha. E como descobriu que sou gay?- questiono.

-Eu não descobri, só quis te beijar.- diz me roubando mais um rápido beijo.- E sobre a ferida, longa história.

-Então você me conta depois, eu realmente preciso que vá embora agora, meus pais podem chegar a qualquer momento, por favor.

-Está bem.- diz pegando minha mão.- Mas eu te imploro, não tire conclusões precipitadas e acredite em mim e no que vou te contar, por mais estranho que pareça.

-Certo, mas agora eu preciso de um tempo pra digerir tudo isso.- digo encarando seu rosto, era até estranho vê-lo seu o habitual curativo. Heitor dá um breve pigarro.

-Ok. Então eu vou embora.- diz se despedindo, então me beija mais uma vez.- Tchau.

-Tchau, até a segunda.- falo, então o assisto sair dali e partir pelo corredor.

Quando ouço a porta se fechar no andar de baixo desabo, minhas costas deslizam pela parede de azulejos do banheiro.

Sentado no chão esfrego meus olhos com força tentando descobrir se aquilo havia realmente acontecido, porém assim que os abro tudo está exatamente igual, o banheiro bagunçado por Heitor permanecia da mesma forma. Mas por mais que fosse real e quisesse ficar ali apenas relembrando os últimos momentos precisava cuidar de algumas coisas.

Respiro fundo e me levanto, sigo para o armário e começo a guardar tudo em seu devido lugar, alguns minutos depois estou encarando meu trabalho, tentando encontrar algo que pudesse entregar o acontecido, sem encontrar nada vou para o meu quarto.

Me jogo sobre a cama, era difícil imaginar na idéia de dormir quando havia tanto pra se pensar. Por mais fascinante que fosse a luz que emanava do corte de Heitor não sabia do que se tratava, talvez fosse uma doença rara, essa idéia me faz estremecer.

E ainda tinha a forma com que ele havia me tratado antes de seu corte desaparecer, quando apertava meu pescoço me sentira como um coelho nas patas de um lobo furioso.

No embalo da noite, entre um bocejo e outro adormeço. Em três semanas aquela fôra a primeira que não havia sonhado com Heitor, mesmo que sua reação tivesse me assustado eu sabia meu sentimento por ele não havia mudado, o único motivo para tal mudança era que não precisava mais sonhar com ele pois o tinha para mim, era real.

Me levanto na manhã seguinte com um sorriso no rosto, apanho meu celular no criado mudo, o relógio marcava sete horas e doze minutos, muito cedo para uma manhã de domingo? Com certeza! Mas eu não me importava, precisava daquele dia pra mim, pra pensar em como as coisas seriam na segunda-feira.

Por mais animado que estivesse com o que havia acontecido não conseguia deixar de me questionar: E agora? Como Heitor reagiria quando me visse novamente? Talvez ele tivesse reagido daquela forma por impulso e tudo aquilo não fosse tão real quanto imaginava. Com tudo o que sentia naquele momento a ideia de que pudesse ser ignorado por Heitor quando nos víssemos novamente foi algo doloroso.

Nunca havia beijado ninguém e talvez fosse esse o problema no fim das contas, não sabia como me comportar depois, já tinha visto isso Abigail nessa situação mas para ela na maioria das vezes era um lance de uma noite, casualidade.

Sabia que isso não dependia apenas de mim, mas tudo em mim pedia por mais, mais do que um beijo, mais do que uma casualidade.

Relutante e perdido em meus pensamentos me arrasto da cama para o banheiro, chegando lá paro na porta por alguns instantes enquanto meus olhos deslizam pelo cômodo, enquanto minha mente remonta as poucas lembranças captadas em todo o caos que havia sido a noite anterior.

Sigo para a pia, lavo meu rosto e encaro o espelho descobrindo algo desesperador.

-Ah não, não não! Mas que droga.- digo passando a mão sobre as recém descobertas marcas avermelhadas em meu pescoço. A mão de Heitor me apertando havia deixado um lembrete de sua passagem, e mesmo sabendo de sua origem sabia que seria o único, mais ninguém acreditaria em qualquer coisa além dos tradicionais "chupões" no pescoço, além do mais, não podia falar que Heitor havia apertado meu pescoço, aquilo seria tão ruim quanto ou até mesmo pior, pois resultaria em perguntas muito difíceis de se responder.

Enfim, além de tudo o que já tinha, agora precisava pensar em uma desculpa para aquelas marcas.

Depois de pronto desço para a cozinha, mais uma vez estava sozinho em casa, por mais que aquele seminário me beneficiasse não conseguia deixar de me sentir culpado, meus pais haviam me dado um voto de confiança para ficar sozinho e ir a desejada festa e o que havia feito? Trazido um garoto e me agarrado com ele no banheiro. Eu era um filho horrível.

Encho meu copo de café e fico lhe encarando com a mente distante, voltando a mim apenas com o som da campainha. Será que meus pais haviam esquecido algo e voltado para buscar? Ando apressado até a porta, o botão é apertado de novo, quem quer que fosse estava com pressa, talvez fosse Abigail.

-Estou indo.- aviso.

Abro a porta sem demora e dou de cara com um mais do que inesperado, assustado apenas consigo balbuciar seu nome.

-He...Hei... Heitor?

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora