63- O Substituto

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Oi, antes de começar o capítulo eu queria falar um pouquinho com vocês. Então... Me desculpem se fiquei fora por muito tempo, como avisei no último capítulo acabei perdendo um ente querido e senti a necessidade de tirar esse tempo pra me curar, não queria que a forma com me sentia afetasse negativamente na minha escrita, enfim, é isso, espero que gostem do capítulo de hoje, estou um pouco enferrujado mas logo volto ao normal, é uma parte da história que de certa forma tem muito de mim, obrigado pela atenção!

*****

Meu corpo e minha mente criavam um conflito como nunca sentira antes, minha carne ainda sentia resquícios do toque de Heitor, enquanto isso o lado oposto me afundava em um lago de insegurança e preocupação. Parecia tão errado sentir qualquer um dos dois mediante o outro.

Heitor me encarava atentamente, quieto, visivelmente ao seu modo tinha tanto para pensar quanto eu. O garoto em parte parecia um cachorro que acabara de receber um afago de seu dono, mas que agora já mantinha recuado, ele sabia que aquele momento devia estar sendo difícil pra mim, e estava, o que estava oferecendo mais do que argumentos, era tempo

Balanço a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, me aproximo de Heitor, apanho sua mão e sorrio.

-Vamos?- digo finalmente, ele assente e assim seguimos pelo corredor até as escadas, ali soltamos as mãos e descemos até o primeiro andar.

Diferente de quando havíamos chegado haviam algumas pessoas perdidas por entre as prateleiras de livros, eram poucas, mas estavam ali.

Enquanto isso na entrada, por detrás da um balcão estava Bernardo com um olhar debochado de sobrancelhas arqueadas, do lado oposto Abigail conversava com ele. Ao perceber nossa chegada o rapaz faz um sinal sutil para informar  a amiga, que prontamente se vira.

A garota vem em nossa direção deixando o outro na recepção nos encarando de braços cruzados, enquanto isso assisto os dois como dupla, não sabia dizer de quem havia partido a maldita idéia de ficar por detrás da porta nos assistindo, e talvez aquilo nem importasse, teria sido obrigação dela recusar se a proposta fosse de Bernardo.

-Biel, por favor, me perdoa.- diz Abigail segurando meus ombros, Heitor dá um passo para trás se abstendo.- Eu sei que errei, mas foi só um deslize bobo, não foi minha intenção te constranger.

Enquanto fala encaro seus olhos, em seguida volto a focar em Bernardo. Me custava acreditar que a pessoa com quem havia dividido tanto pudesse ter me decepcionado de tal forma.

Um deslize bobo? A garota parecia não entender a gravidade dos seus erros, mesmo com seu histórico em tratar as coisas com irrelevância aquilo me surpreende. Porém algo mais parece diferente, Abigail nunca havia me chamado de Biel, ou abreviado meu nome de qualquer outra forma, aquela não era uma coisa nossa.

Queria me manter calmo mas algo dentro de mim elimina essa possibilidade, ela havia achado uma amizade melhor do que eu, alguém que não lhe diminua pensando no que seria melhor, apenas apoiava suas idéias, tinha sido substituído.

Reúno os pedaços que restavam do meu orgulho e lhe encaro uma última vez Abigail.

-Acho que não precisa do perdão do seu velho amigo, você já tem com quem brincar, alguém melhor do que eu.- digo magoado, me voltando em seguida para Heitor.- Vamos embora.

-Não é bem assim...- começa a garota, porém lhe interrompo com um sinal.

-Eu já ouvi o suficiente e vi mais do queria, só não mais do que vocês viram, não tenho nada pra fazer aqui.- afirmo e com isso sigo na direção da saída.

Não sabia para onde ir depois daquilo, podíamos ir até o Tio Torra ou mesmo para a minha casa, com tudo o que havia acontecido imaginava que não havia clima para mais nada.

Desço os últimos degraus quando ouço a sutilmente afeminada voz de Bernardo me chamando, dou meia volta para lhe encarar.

-Ei, escute aqui querida, você acha mesmo que vai destratar a minha amiga e vai sair assim?- indaga desgostoso. Um demônio se retorcia dentro de mim, destruindo toda a razão e a paciência, era ciúme o que sentia. Bernardo havia dito aquilo que eu já havia suspeitava, Abigail era sua.

-Sabe de uma coisa? Quer a Abigail pra você? Fica com ela então, enfia no cú.- começo irritado, nesse momento Abigail surge se protegendo atrás da porta.- Eu podia dizer que conheço ela a muito mais tempo, mas acho que não conheço mais, antes de você ela sabia respeitar limites e não ia na onda de qualquer um.

O garoto ensaia uma nova fala, porém se contém quando a mão de Abigail segura seu ombro. E assim nossa discussão acaba, os dois voltam para dentro da biblioteca e eu sigo com Heitor pela cidade.

Minhas mãos tremiam de ódio, junto com a respiração ruidosa que saía dos meus pulmões em brasa.

-Então,- começa Heitor sem jeito.- Aonde quer ir?

-Eu... Eu não sei.- digo frustrado, sinto um aperto em minha garganta, meus olhos passam a se encher de água, lhes cubro com as mãos esfregando com força, começava a me sentir culpado por possivelmente acabar com aquela amizade, Abigail havia feito algo grave ou era eu quem estava sendo infantil?

Sem se ligar com o movimento da rua Heitor se aproxima e põe sua mão sobre meu ombro.

-Ei, vai ficar tudo bem, não precisa ficar assim.- diz ele atencioso, seco meus olhos assentindo com a cabeça, o garoto então sorri simpático.- Eu sei do que o meu amorzinho está precisando.

-Do quê?- indago curioso e desconfiado, ele então estende a mão apertando meu nariz com seu dedo.

-Açúcar, vamos, vou te levar em um que vai te botar pra cima.

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora