-Então, o que fazemos agora?- questiono, porém alguns segundos depois percebo o erro que havia cometido.
Abigail havia acabado de falar sobre usarmos preservativos e logo em seguida pergunto o que ele quer favor? Por favor, isso havia soado como um convite para transar até para mim.
-Não, espere. Eu não falando para... Você sabe, eu só quero dizer... - enquanto tento me explicar as palavras fogem e se embaralham em minha mente, sinto meu rosto queimar.
-Bem,- começa ele esfregando a cabeça sem jeito.- Eu não sou muito bom nessas coisas e acontece que, não estou muito acostumado com contato corporal, mas se você deixasse, gostaria muito de te abraçar agora.
-Me abraçar?- questiono curioso. Suas bochechas agora livres do curativo estava vermelhas, Heitor havia escondido suas mãos dentro dos bolsos da calça, quando o encaro seu olhar foge.
-É, pode parecer estranho mas eu meio que queria fazer isso se não for problema pra você.- diz, sua voz grave e poderosa quase sumia em meio a timidez. Era curioso ver o garoto que a pouco havia me beijado, agora tão retraído por algo tão simples como um abraço.
-É claro, por que não?- digo me aproximando até estar a alguns centímetros dele.
Podia ser o primeiro a lhe tocar, já havia tido de abraçar tantas pessoas na igreja, até mesmo muitas que nem ao menos gostava, abraçar Heitor não seria nenhum sacrifício, porém sentia que aquele era um passo que ele queria fazer.
Seus braços se erguem e gentilmente me envolvem, o corpo massivo de Heitor ao meu redor era como uma muralha, seu toque era quente e aconchegante, mesmo com tão pouco convívio me sentia seguro ali.
Meus braços correm por sua cintura completando o círculo de afeto.
-Abraçar é bom.- diz ele depois de alguns instantes de silêncio, podia sentir uma mistura de felicidade e encanto em sua voz.
-É, acho que sim.- digo sem jeito.
-Me desculpe por isso, é que, eu não estou acostumado com contato humano, sempre foi complicado pra mim, e quando me perguntou o que queria fazer achei que seria uma boa. - diz começando a se desvencilhar.- O momento ideal e a pessoa certa.
-A pessoa certa?- questiono um pouco assustado.- Uau, não me entenda mal, mas por mais que deseje que isso entre nós dê certo acho que dois beijos é ser um pouco precipitado demais.
Por mais cuidadoso que tivesse tentado ser com as palavras, sabia que havia feito um péssimo trabalho quando encaro o rosto pálido de Heitor.
-Desculpa, eu não quis dizer que não gosto de você nem nada do tipo, é só que...- começo tentando me explicar.
-Não precisa se desculpar, eu ainda estou te devendo te devendo algumas explicações, acho que elas vão te ajudar a entender minha forma de falar, a me entender.
-Está bem, pode começar.- digo atento, não entendia muito bem sobre o que se tratava mas começava a ser tomado pela curiosidade, Heitor suspira.
-Bem, eu... Eu não sou...- começa mas é interrompido pelo telefone que começa a tocar.- Mas que inferno! Será que eu nunca vou conseguir acabar isso.
Heitor praguejando apanha o telefone em seu bolso mas ao ver do que se trata pára, seu rosto fica pálido como se tivesse visto uma assombração.
-O que foi? Quem é?- questiono preocupado, sem me responder ele atende a ligação.
-Heitor Cartelli, aonde o senhor está?- questiona uma voz feminina e exaltada do outro lado da linha, tão alta que era possível ouví-la a distância.
-Mãe, eu...- inicia o grande homem a minha frente, falando de forma minúscula.
-Mãe é o escambau! Está tentando me matar, hein? Quer? Por que é isso que está fazendo.
-Desculpa.- pede o garoto.
-Não me venha com pedidos de desculpas, você ficou fora ontem até altas horas da noite, e hoje, HOJE saiu de casa sem nem pedir permissão. Esqueceu como é perigoso pra você ficar sozinho por aí?!- questiona a mulher ao menino que encarava o chão.
-Eu não estou sozinho, estou aqui na praça com um... amigo da escola.- diz me encarando depois de pensar alguns instantes.
-Amigo?-questiona ela, mesmo pelo telefone podia sentir a desconfiança em sua voz.
-Isso.- confirma ele tenso. Logo em seguida uma frase é sussurada e a ligação acaba, o Heitor que costumava ver como um leão feroz havia se reduzido a um gato medroso, que começava a suar frio, imóvel.
-O que foi? O que aconteceu?- questiono preocupado.
-A minha mãe, ela... Ela...- Heitor engasga com suas palavras.
-O que tem ela? Fale logo.- peço.
-Ela está vindo pra cá... E quer te conhecer.- diz finalmente, e naquele momento era eu quem começa a suar frio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Demônio (Romance Gay)
RomantiekGabriel prometeu a si mesmo nunca se apaixonar, o que as pessoas diriam se descobrissem que o filho do pastor é gay? Apenas a idéia de prejudicar seu pai o fazia estremecer. O tímido rapaz passa seus dias focado, deixando sua vida de lado enquanto...