18- Marcas e Histórias

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Oi gente, mil desculpas por ter demorado tanto em publicar, eu tenho estado meio triste, (coração emocionalmente doente) vou tentar não decepcionar novamente.

*****

Com a promessa de uma longa história saímos da praça de volta à minha casa, mesmo antes de começarmos já sentia algo em meu estômago: fome.

Já havia acontecido tanta coisa e tido tantos encontros, se continuasse assim meu café da manhã seria o almoço.

Ao chegarmos tranco a porta por detrás de mim e sigo na direção da cozinha, Heitor apenas me segue tenso e em silêncio, me sento a mesa e indico para que ele faça o mesmo.

Logo em seguida apanho meu copo e a garrafa de café.

-Ei, eu disse que precisamos conversar sobre algo sério e você vai tomar café?- questiono um pouco assustado, suspiro antes de lhe responder.

-Não parece a conduta correta, não é mesmo? Mas saiba que só nessa mesma manhã eu recebi uma visita surpresa sua, fui pego com você aqui em casa pela minha melhor amiga e ainda admiti pra sua mãe que te amava, na sua frente, sem saber qual seria a reação dela. E ainda por cima nas duas primeiras eu estava de pijama. Sabe como me senti idiota nessa situação toda?- questiono.

Heitor abaixa o olhar, porém dentro de seu arrependimento havia algo mais, uma certa dúvida.

-Me desculpa, é que... Eu estou um pouco nervoso, é um assunto complicado pra mim.- diz o garoto se explicando, lhe escuto enquanto espalho a margarina sobre um pão.

-Certo, então vamos fazer assim, você me conta enquanto como, naturalmente, acho que se ficar te encarando isso só vai piorar tudo. Mas pode ter certeza de que estarei ouvindo tudo, com total seriedade.

Seus olhos me encaram atentos, avaliando a proposta, por fim ele suspira em sinal de rendição. Dou finalmente a primeira mordida em meu pão.

-Sobre ontem a noite, o que você viu... - Ele faz uma pausa, tentando organizar suas palavras.- O corte no meu rosto.

-O que tem? Eu achei bem bonito.- digo.

-Hum, pelo amor de Deus, não achou nada estranho?!- questiona aflito, por mais estranho que parecesse sentia que ele queria que enxergasse algum tipo de defeito naquilo.

-Bem, tinha um brilho diferente saindo dele, é alguma condição genética, doença ou algo assim?- questiono.

-Eu... Hum, vamos em partes, esse é o motivo pelo qual não participo de atividades como esportes ou coisas do tipo, se me machucar ou me cortar... A ferida não se fecha.- explica.

Observo Heitor boquiaberto, todo aquele tempo imaginando que ele não participava de esportes por conta do vestiário e no fim o motivo era completamente outro.

-Você é diabético.- Ligo as peças finalmente.

-O quê? Não!- Diz um tanto indignado.- É sério que você, tipo, essa é a sua conclusão sobre tudo isso que te falei? Que sou diabético?

Dou de ombros, não sabia que outra opção poderia computar.

-Acho melhor ser direto então, pelo visto não vou conseguir abrir esse caminho aos poucos. Gabriel, eu não sou totalmente humano.- afirma sério, então se cala e me observa, aguardando.

-Hum... Hum...- digo erguendo as sobrancelhas tentando encontrar uma forma de reagir a sua declaração, porém falho e acabo caindo na gargalhada.

O rosto de Heitor se fecha indignado, seu olhar me metralha.

-Ei, isso não foi legal da sua parte.- diz finalmente.

-Está bem.- digo esfregando os olhos enquanto tento controlar a risada.- Já parei, mas digamos que isso seja verdade, qual é a sua parte não-humana?

Ainda não conseguia acreditar no que havia acabado de ouvir, porém estava curioso pra saber o que viria a seguir.

-E por favor, não seja meio alien.- Peço rapidamente. Heitor me olha com um certo estranhamento.- Seria bem decepcionante.

O garoto a minha frente ajeita o cabelo um tanto quanto desconfortável.

-Eu... Eu não sei.-diz.

-Como assim não sabe? Acho que esse é o mínimo a se saber nesse caso, não?- Faço uma observação.

-Parece justo, mas acontece que minha mãe nunca me contou exatamente, e nunca conheci meu pai, isso complica bastante.- diz esfregando seu pescoço, embaraçado.

Permaneço em silêncio alguns instantes, acabando meu café.

-Está bem. Isso tudo é bem legal, mas só tem uma coisa que quero saber.- digo e o observo congelar diante dos meus olhos.

-Diga.- diz e em seguida engole em seco.

-Vamos... - paro alguns segundos escolhendo minhas palavras, não tinha exatamente um relacionamento ou algo do tipo.- continuar nos vendo?

-Sim, é claro!- diz imediato.- Se você quiser, é claro.

-Eu quero muito, digo, eu... Ficaria feliz com isso.- falo tentando não soar tão desesperado quanto da primeira vez.

-Então, acho que estamos resolvidos. O que fazemos agora?- questiona, mas antes que acabe um som rápido vem da direção de Heitor, uma notificação de mensagem. Ele apanha o telefone e segundos depois seus lábios de contorcem incomodados.

-O que houve?- questiono.

-Acho que não faremos nada, minha mãe me mandou uma recado, preciso ir pra casa, e também estou de castigo.

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora