36- Trabalhos Manuais

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-Você me assustou, seu miserável.- diz Abigail quando nos soltamos do abraço.- Nunca mais faça isso, ou vou colocar o meu presente no seu rabo a seco.

Sorrio, ela talvez fosse a única pessoa além de Heitor que poderia me dar algo assim sem parecer ofensivo ou invasivo. Mas aquilo levantava uma questão.

-Agora preciso descobrir aonde guardar essas coisas, no meu quarto com certeza isso não vai poder ficar.- digo sem jeito.

-Pode deixar comigo, eu sei aonde colocar isso.- diz Heitor com um sorriso travesso, lhe encaro mas ele não fala mais nada, então pisca o olho para mim. Percebo o que queria dizer, meu rosto queima instantaneamente.

-Seu bobo! Não estou falando de onde enfiar ele, preciso de um lugar pra guardá-lo.- digo um pouco constrangido, Heitor ria alto pela minha reação.

-Está bem, mas agora falando sério.- diz o garoto se recompondo e apanhando o embrulho de minhas mãos.- Pode deixar isso lá em casa, assim ninguém indesejável encontra e usamos juntos.

-Isso, eu vou buscar a pipoca e depois apareço lá pra assistir.- diz Abigail esfregando as mãos, nós a encaramos.- Ok, parei.

-Acho que é hora de seguirmos pra casa, quanto antes você mais cedo pode vir pra... Nos vermos de novo.- diz Heitor.

Nos despedimos e nos separamos, o garoto segue seu curso morro acima e nós morro abaixo. Quando estamos distantes Abigail averigua nossa retaguarda e então põe a mão no bolso em busca de algo e se volta para mim.

-Gabriel, tenho um último presente pra te dar.- anuncia ela, naquele momento fico tenso, ali no meio da rua seria mais complicado receber algo como um vibrador ou coisa do tipo, porém quando estendo mão ela me entrega uma pequena embalagem.

-Chicletes de menta...- observo a rótulo.

-Extra forte.- completa ela levantando o dedo enquanto pontua aquele detalhe.

-Cara, eu não acredito que estou com mau hálito.- digo pondo a mão sobre a boca e para senti-lo, não estava tão ruim.

-Não é isso seu bobo, é pra você mascar antes de ir pra cama com o Heitor.- diz ela sorrindo.

-Agora entendi.- digo contente comigo mesmo.- Isso é pra fazer meu beijo ficar refrescante, valeu pela dica.

-É, beijo... Claro.- diz ela distante, então sorri, me pergunto o motivo de sua reação mas apenas sigo meu caminho. No mesmo ponto de sempre nos separamos e tomo meu rumo.

Assim que passo pela porta de casa sinto o aroma da comida da minha mãe, está vem me receber sorrindo.

-O almoço está pronto, vamos comer.- convida ela, assinto seguindo na direção da cozinha. O cheiro no ar não mentia, minha mãe havia caprichado naquele almoço, já podia imaginar meu pai perguntando o motivo de tanta dedicação, pensar nisso me traz uma interrogação.

-O papai não vai vir pro almoço? Já faz um tempo que não vejo ele inclusive.- comento, agora que havia percebido era algo realmente estranho, ele costumava ser bem presente em casa.

-Seu pai está muito ocupado esses dias, é o... -Minha mãe parece se conter antes de seguir, então muda de direção.- Ele está tendo muito trabalho esses dias, também está vendo a possibilidade de assumir uma filial de nossa igreja na cidade vizinha.

-Hum, vocês não comentaram nada comigo. - Observo o rosto da minha mãe se tornar pálido, envergonhado, possivelmente por perceber que estavam me deixado de fora de suas decisões.

-Eu... Eu...- começa a mulher sem jeito.

-Tudo bem, só não me deixem perdido assim.- digo tentando demonstrar que não estava chateado.

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora