Estou em uma cozinha, parecia um pouco com a da minha mãe, mas no fim todas se pareciam em algum ponto, porém havia algo aqui e ali de estranho, lembretes de que aquele era um lugar diferente que nunca tinha estado, caminho pelo cômodo, tinha a sensação de que não deveria estar ali, mas não tinha pra onde ou porquê fugir.
O cômodo era pequeno e bem organizado, uma das poucas coisas fora de ordem era um desenho sobre a mesa, na papel colorido havia uma figura iniciante de um super-herói que voava pelos céus.
O silêncio termina quando na porta de entrada surge uma voz infantil e sorridente.
-Mamãe, mamãe!- chama cheio de entusiasmo.
-Já estou indo!- responde uma voz estranhamente familiar, no corredor surge uma figura pequenina de cabelos escuros e olhos grandes.
Meu coração pára quando reconheço ali um pequenino e sorridente Heitor, devia ter sete anos, mas não haviam dúvidas de que era ele, sem perder tempo corro atrás dele bem a tempo de assistir uma Cassandra jovem e amorosa recebendo-o em um abraço.
-Olá meu amor, como foi a escola, hein?- pergunta ela, fazendo o menino feliz disparar informações aos quatro ventos, falando de colegas e atividades com todo entusiasmo que cabia numa criança de seu tamanho.- Vamos almoçar e você me conta tudo, está bem?
O pequeno Heitor assente e corre de volta para a cozinha, logo depois de se sentar uma pergunta surge no ar.
-Mãe, quem é o papai?- pergunta para a mulher que fazia seu prato, ao ouvir isso imediatamente congela, em seu rosto há uma versão mais parecida com a qual conhecera pessoalmente, sem perceber a reação ele continua.- A tia falou que essa semana é dia dos pais e vamos fazer uma tarefa especial, eu disse que não sabia e... Disseram que eu não tinha um papai porque ele não me quis quando eu nasci, aí foi embora.
Os olhos do pequeno se enchem de lágrimas, Cassandra rapidamente vai ao seu encontro, lhe abraçando.
-Meu querido, isso não é verdade, seu pai te quis mais do que tudo, nunca foi tão feliz como no dia que contei a ele sobre você. Porém não havia como ele ficar com a gente, era melhor tê-lo longe. Mas confie em mim, ele está olhando por você em algum lugar.- diz ela, o que faz o menino refletir por um instante.
-Mas mamãe, o que eu faço na atividade então?- pergunta confuso.
-Você coloca o meu nome, vou ser seu papai e sua mamãe e vou te proteger de tudo.- diz ela forçando um sorriso, inocente Heitor sorri também.
Rapidamente o cenário se desfaz em um clarão e quando abro os olhos novamente estou em um lugar diferente, um quarto que claramente pertencia a alguém jovem, Heitor talvez? Havia uma cama de solteiro e uma estante com uma televisão de tubo rodeada de livros e histórias em quadrinho.
Antes que eu possa captar outros detalhes a porta se abre e por ela entram uma dupla de garotos que pareciam ter por volta de treze ou catorze anos, um deles era magro e tinha cabelos loiros, ambos usavam bermudas de atletismo e regata. O outro era um Heitor pré-adolescente, que era mais encorpado, claramente não tinha engressado na fase de crescer e emagrecer da adolescência como o outro.
-O meu pai disse que depois do almoço podemos tomar banho de piscina.- afirma o primeiro ligando seu videogame, um Playstation 2.
-Ah, legal! -diz ele com a voz irregular de quem um dia teria a voz grave mas não tinha feito a transição completamente.- Aproveitar que está quente...
-Sim, muito quente.- concorda o outro tirando sua camisa para depois lançar um olhar suspeito na direção de Heitor, o qual encarava o chão fixamente ainda que vez ou outra fugisse para o colega sem camisa, desconfortável e ansioso sua versão jovem engolia em seco. -Bem, não vá ficar chateado, ok?
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Meu Demônio (Romance Gay)
RomansaGabriel prometeu a si mesmo nunca se apaixonar, o que as pessoas diriam se descobrissem que o filho do pastor é gay? Apenas a idéia de prejudicar seu pai o fazia estremecer. O tímido rapaz passa seus dias focado, deixando sua vida de lado enquanto...