14- Flagra / Contra A Parede

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-Mas que bonito, hein? Como tem coragem de fazer uma coisa dessas?!- questiona exaltada.

-Abigail.- digo respirando aliviado.- Eu pensei que fosse... Deixa pra lá, o que está fazendo aqui?

A garota vestia em sua preta e em top florido, seus braços se cruzavam combinando com sua cara amarrada.

-O que estou fazendo aqui? Sou eu quem faz as perguntas.- diz exaltada dando ênfase no "eu".- Depois de sair da barraca de flores procurei por você e não te achei em lugar nenhum. Tem ideia do quanto eu fiquei preocupada?

-Me desculpe, mas aconteceu que...- começo a me explicar.

-Não me venha com desculpinhas, isso não se faz com uma dama, ainda mais com uma que estava tentando de ajudar a conquistar o cara que você disse que está apaixonado.

Do interior da casa uma risada pode soa, sendo ocultada logo depois. Meu rosto começa a queimar, não queria que Heitor tivesse ouvido aquilo. Abigail me encaro com olhos semicerrados, acusadora.

-De quem é essa risada?- questiona.

-Não... não foi ninguém, foi meu pai, isso, foi ele.- minto, por mais que tivesse sido Abigail quem tivesse me ajudado com Heitor, não me sentia confortável falando sobre o ocorrido, dois beijos não pareciam garantia de nada.

- Gabriel, você é um péssimo mentiroso, sabia disso?- diz, então adentra na casa em busca do verdadeiro dono da risada.

-Abigail, por favor, eu não posso trazer meninas aqui pra casa.- peço enquanto a sigo.

-Você não me trouxe, eu vim sozinha caso não tenha percebido.- retruca.

Abigail se curva na direção da escada e pára, de forma que eu consigo acompanhá-la. Escondido no canto da parede, com as bochechas ruborizadas pela vergonha está Heitor, encarando o teto, com rápidas espiadas em nós até finalmente reunir coragem e focar na dupla a sua frente.

-Desculpa Gabriel, eu devia ter ido me esconder no seu quarto, mas vi que não era sua mãe e achei que...- se interrompe cabisbaixo.

-Como assim produção?!- questiona confusa, apontando para Heitor e para mim enquanto tentava entender o que estava acontecendo.- Será que dá pra alguém me explicar que droga está acontecendo aqui?

Suspiro tentando encontrar uma forma de começar minha retratação.

-A culpa não foi dele.- De repente começa Heitor saindo de sua posição contra a parede.- Foi minha, peço perdão se acabei roubando sua companhia, acontece que sou reservado quando se tratam de sentimentos e fiquei receoso em me aproximar enquanto estava com ele. Por isso esperei que Gabriel estivesse sozinho, não esperava que se sentiria tão mal, sinto muito.- Heitor se explica.

-Então você ficou seguindo a gente esperando o momento certo de atacar? - Questiona Abigail.

-Espera, o que?- indago.

-Não foi bem assim...- começa Heitor tentando se retratar.

-Isso é tão sexy!- exclama Abigail fogosa.

-Hã?- indago confuso.

-O quê?- Heitor não parece muito diferente de mim.

-Senhor, se alguém fizesse isso comigo... Ai meus fetiches.- diz a garota se abanando.- Minhas pernas se abririam automaticamente.

-Abigail?- questiono pasmo.

- Decência​, decência, fetiches à parte.- argumenta ela me encarando.

Heitor ouve tudo aquilo incrédulo e atento.

-Não sei nem o que dizer.-digo, toda aquela situação estava me incapacitando, vinha fazendo planos e as coisas simplesmente fugiam do controle.

Não contava com a visita de Heitor, muito menos que Abigail o encontrasse ali.

-Gabriel, só não vou ficar chateada com você por dois motivos. Primeiro, pouco tempo depois de você ir embora eu também fui para um encontro mais reservado com o garoto da barraca de flores, e segundo, dá pra ver no seu pescocinho que essa noite foi boa até dizer que chega.

Passo a mão sobre as marcas arroxeadas em minha pele, Heitor fica congelado ao perceber as consequências de seu aperto.

-Deviam tomar mais cuidado em como e aonde se beijam, seus danadinhos. - adverte ela.

-Não, não são...- Começo a tentar me explicar mas logo um pensamento me pára, por mais que a verdade não envolvesse nenhum beijo em meu pescoço percebo que seria muito pior explicar a Abigail que tudo aquilo fôra causado pela mão de Heitor, o melhor a se fazer era permanecer calado.

-Ei, gente!- exclama batendo palmas,- Relaxem, eu não estou brigando com vocês, é só um conselho. Além do mais acho que já estou me esticando demais por aqui. Hora de deixar vocês a sós, fui!

Dito isso ela se vira e segue na direção da porta.

-Tchau.- me despeço, então Abigail se uma última vez antes de partir, seus olhos eram puro fogo, combinando com um sorriso travesso em seus lábios.

-E não se esqueçam de usar camisinha!- grita e sai correndo.

-Abigail!- repreendo ela, mais já era tarde, a garota já havia partido.

Seu comentário me deixa tão envergonhado que acabo demorando alguns antes de conseguir encarar Heitor novamente, com o flagra de Abigail havia perdido completamente o rumo da minha conversa anterior.

-Então,- digo segurando meu braço, um tanto sem jeito.- O que fazemos agora?

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora