NOTA DO AUTOR
Bem, sei que já enrolei demais com meus sumiços, mas tenho algumas explicações que devo a vocês. Nos últimos tempos tenho trabalho muito, inclusive pensava que esse fosse o grande motivos das minhas ausências, porém não. Por muito tempo (provavelmente desde sempre), me senti extremamente amador e desmerecedor de me chamar autor, sempre tive exemplos muito grandiosos, entre eles a absolutamente maravilhosa Suzanne Collins, autora de Jogos Vorazes, por conta dessas comparações me colocava numa situação de inferioridade absoluta, a síndrome do impostor me deixava cego e num lugar de incapacidade, porém recentemente voltando a ler vi outros livros e me reconheci num patamar de igualdade, coisa que era quase inimaginável antes disso, foi um processo de evolução bem longo até que esse momento chegasse. Passei por outras duas contas no Wattpad, uma delas se chama jaymeswill, aonde publiquei meu primeiro romance autoral, Por Que Eu?(Romance Gay), e em outra muito antiga, aonde escrevia fanfics de Jogos Vorazes, essa que perdi acesso e havia removido as obras. Desde o início fiquei muito feliz com cada leitura, meu primeiro livro teve 3k em leituras e eu não poderia imaginar receber tanto carinho, hoje me sinto feliz em dividir essa conquista com cada um de vocês, a cada dia luto para vencer a síndrome do impostor e melhorar como escritor. Escrevi o final desse livro tendo como meta finalizá-lo até o dia do meu aniversário, algo que consegui, por isso queria deixar aqui meu presente de aniversário pra vocês, obrigado por existirem na minha vida!
Com carinho, Renato Littig (John Baylee)
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Conversar com advogado do Diabo havia sido algo conflitante, suas palavras soaram como ameaças, o que provavelmente seria verdade se seu patrão resolvesse descontar sua raiva em alguém, mas de qualquer forma ficar sozinho ali era ainda pior, não sabia como as coisas estavam discorrendo dentro da casa, Cassandra costumava ter uma personalidade forte mas estava lidando com Heitor e sua intransigência com a ideia de partir pareciam impenetrável contra qualquer argumento.
Em contraparte não sabia até que ponto a preocupação de Cassandra era válida, não havia passado tanto tempo com Heitor como sua mãe para entender o nível de perigo que ela enxergava, ao que sabia a última pessoa a ver Heitor ferido e exposto além de nós havia sido morta por Heitor.
De qualquer forma me lembrava das visões de garoto, dos dois se mudando com frequência depois de todo o ocorrido, a polícia provavelmente não teria deixado um crime suspeito como aquele de lado, estariam eles fugindo da investigação ou de algo mais? Algo me dizia que o pai de Heitor era poderoso e influente o suficiente pra evitar esse tipo de problema menor.
Independente das causas que fizessem-os fugir, algo ainda martelava minha mente, estaria Cassandra exagerando ao tentar fugir? O atentado acontecido em São Paulo mesmo sendo horrível ainda parecia distante para nos atingir tão diretamente e em tão pouco tempo. Os minutos passavam e cada vez mais desejava estar lá dentro em meio a discussão, por mais voraz e acalorada que as coisas pudessem estar sentia que estava pior esperando no jardim, sozinho e em silêncio sentia minha mente fugir, conspirar e teorizar sobre as coisas porta adentro, cansado e tenso decido me sentar no gramado.
Havia se passado quase uma hora desde o começo do conversa, porém ali sentado pareciam ter se passado dias, quando Heitor finalmente abre a porta estou em um círculo de grama arrancada, a qual puxara tentando distrair a mente. Levanto apressado sacudindo as folhas em meu colo, o garoto se aproxima com um olhar pesaroso e carregado de lágrimas que visivelmente tentava controlar, vê-lo daquela forma era tão doloroso que antes de pensar abro os braços para lhe acolher em um abraço, ali finalmente o homenzarrão fraqueja e o choro corre, por alguns minutos não digo nada, apenas acolho os soluços que lhe fogem a garganta, seu corpo emanava um calor febril.
-Vai ficar tudo bem.- digo finalmente enquanto acaricio sua cabeça sobre meu ombro. -Não vai acontecer nada de ruim com você, eu não vou deixar.
Seu corpo se desata dos meus braços para que nossos olhos se encontrem, em meio ao choro tento entender o sentimento indecifrável de seu rosto, oculto entre as lágrimas.
-Mas e você? E se te fizerem algum mal? Acho que ela falou a verdade, se ficar aqui posso acabar te machucando, eu não tenho medo por mim, mas e se...- dispara ele cabisbaixo, com ambas as mãos seguro seu rosto, fazendo o me encarar.
-Ei, escuta aqui.- digo forçando contato visual.- Não vai acontecer nada, não sei o que a Cassandra te disse, mas ela está errada. E se as coisas derem errado podemos fugir, mas não antes de lutar.
-Mas se lutar não for uma opção? Talvez seja melhor aceitar ou recuar...- A fala de Heitor era trêmula, como se o medo de Cassandra estivesse se espalhando por seu corpo, não sabia o que ela havia dito mas sentia o poder de suas palavras.
-Lutar sempre é uma opção... Sempre, por você eu faria qualquer coisa, jogaria sujo, faria acordos... Tudo, mas não me deixe sem ao menos tentar.- imploro, minhas palavras parecem ecoar dentro do garoto, no completo silêncio ouvia as batidas de seus coração diminuírem, finalmente ele parece se acalmar com a fuga de um suspiro, por fim lhe puxo para mais um abraço apertado.
Finalmente mais tranquilo, Heitor me questiona sobre o restante de nossa manhã, poderíamos voltar para a escola mas aquela opção me pareceu ridícula, seus olhos chorosos não passariam despercebidos e provavelmente gerariam perguntas indesejadas, perguntas essas que ele claramente não precisava encarar a essa altura do campeonato. Por fim decido lhe dar um descanso mais do que merecido, assim me sento de volta no gramado, fazendo sinal para que ele deite a cabeça em meu colo, a ideia faz um sorriso tímido brotar em seus lábios.
O sol subia trazendo um calor gostoso e preguiçoso, sensações que faziam bem a Heitor, o garoto depois de alguns momentos apenas decide se aconchegar de olhos fechados enquanto acaricio seus cabelos, diferente dele, minha mente segue agitada, não sabia tudo o que havia acontecido dentro daquela casa, mas algo estava claro, Cassandra me usara como arma contra seu filho. "Se continuar aqui vai acabar machucando o Gabriel", seriam essas as palavras usadas por ela? Sabia que ela estava do nosso lado até certo ponto mas não conseguia deixar de me sentir traído, porém meu foco frequentemente se voltava a outro assunto, Heitor, a ideia de ter alguém disposto a lhe fazer mal era inaceitável, imaginar algo do tipo fazia meu corpo tremer de repulsa, era quase como se pudesse produzir um veneno contra seus agressores.
Com as sobrancelhas franzidas observo o menino em meu colo, tão centrado em meus pensamentos que não percebo quando ele finalmente abre os olhos.
-No que está pensando?- pergunta curioso, abro um sorriso desajeitado tentando ocultar meus pensamentos.
-Seu pai tem um advogado.- minto sem pensar muito, tentando parecer realmente honesto, não queria preocupá-lo.
-Pelo visto sim.- diz um tanto desinteressado, por um instante me pergunto se ele teria engolido minha resposta, porém não volta a questionar.
Pouco tempo depois se levanta para se sentar ao meu lado, aonde busca algo dentro da sua camisa.
-Então, eu sei que você não pôde usar seu anel por conta das coisas acontecendo na sua casa, mas pensei em algo que seria legal, sei lá.- diz ele sem jeito, revelando a corrente de ouro que havia em seu pescoço, presa a ela estavam dois círculos dourados, nossos anéis.- Bem, achei que seria uma boa ideia te levar comigo assim temos nossa promessa unida, mesmo que em segredo.
Observo o homem incrédulo, a gentileza e o cuidado de sua atitude eram incríveis, com um pouco de dificuldade enfio o dedo dentro de uma das alianças, pousando a mão sobre seu peito, ali sinto seu coração, um largo sorriso se forma em meus lábios.
-Está perto daquilo que é mais importante pra mim.- afirmo, me aproximando para um terno e amoroso beijo. Ali sinto que estive certo desde o começo, haviam coisas pelas quais sempre se valia a pena lutar.
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Meu Demônio (Romance Gay)
RomanceGabriel prometeu a si mesmo nunca se apaixonar, o que as pessoas diriam se descobrissem que o filho do pastor é gay? Apenas a idéia de prejudicar seu pai o fazia estremecer. O tímido rapaz passa seus dias focado, deixando sua vida de lado enquanto...