Meu Demônio (Romance Gay)

25- Uma Sombra Sobre A Química

-Agora vão ficar de segredinho?- questiona Abigail indignada.

-Abigail, vai por mim, você não vai querer ouvir o que ele me propôs, é... Complicado.- digo travado.

-É putaria, não é? Safadinho!- diz acusatória.- Tá ficando vermelho, já vi que acertei. Se for aí mesmo que vou querer saber.

-Abigail, eu te prometo, quando estiver pronto eu te conto, mas agora eu não tenho coragem. Me desculpa.- me retrato, simplesmente não seria capaz de admitir o que havia feito, ainda mais na frente de Heitor, mesmo sendo ele o dono da proposta.

-Ah é? Na hora de aceitar foi rapidinho, ficou todo empolgado. Mas tudo bem, não se pode ganhar sempre. Até por que quem queria estar sentando nesse homem era eu e olha só você...- segue ela se lamentando.

-Se você parar de reclamar eu te manda uma foto minha de cueca quando minha mãe me devolver meu celular.- oferece Heitor, imediatamente Abigail fica muda.

-Quem está reclamando, gente? Não estou nem aqui, acabei de chegar. Do que estão conversando?- questiona se fazendo de desentendida.- Ai ai, acho que já vou indo antes que mudem de idéia. Até depois meninos.

-Até.- digo chocado pelo plano de Heitor ter funcionado, então a alguns passos da porta a garota se vira.

-E meu lindo, acho bom sua mãe te devolver o telefone logo, ou vou arrancar dela no tapa.

-Está bem, mas vou logo avisando, vai ser uma briga e tanto.- diz Heitor rindo.

-Eu gosto de desafios.- afirma, então se vira e sai da sala.

-Sua amiga é uma pessoa bem... Espirituosa.- observa Heitor quebrando o silêncio.- Tenho medo dela.

-Ela é legal, mas as vezes pode ser um pouco excêntrica. Tipo, ela queria nos ver...- começo distração, então percebo meu erro e paro.

-Queria o que?- pergunta curioso, lhe observo mudo.- Ora, vamos lá, agora eu quero saber.

-Está bem. - digo me rendendo depois de certa relutância.- A Abigail queria nos ver transando.

A última palavra da frase quase fica presa em minha língua.

-Ah, esse não seria um bom espetáculo, bem, não sou muito...- dessa vez quem trava é Heitor.

-Não é o quê?- indago, ele vira o rosto, ponho minha mão sobre a dele, não queria forçá-lo a nada, porém ainda gostaria de saber o que tinha a dizer.- Pode confiar em mim.

-Eu...- começa, mas então se retrai.- Eu sou virgem. Falo muito, sei disso, tenho muita vontade de fazer essas, essas coisas mas tenho experiência nenhuma, me desculpe por isso.

-Desculpar pelo quê? Estamos no mesmo barco, sou como você.- assumo, ele volta a me encarar.- E se quiser saber, adoraria descobrir esse mundo com você.

Os olhos de Heitor brilham e um sorriso singelo surge em seus lábios. Nossos dedos se cruzam, então ele puxa minha mão e rapidamente dá um beijo em seu dorso.

-Seria um prazer, ser teu parceiro.- finaliza ele.

Nesse momento a alarme do fim do recreio toca e nos soltamos, Heitor volta a sua carteira, e assim permanecemos nas aulas restantes, como dois quase desconhecidos, pelo menos era isso que o restante da turma poderia pensar.

Quando o dia letivo finalmente acaba seguimos lado a lado pelos corredores rumo a saída.

-Então, posso ir na sua casa hoje a tarde para estudarmos química?- questiona Heitor.

Sinto um tremor percorrer meu corpo me lembrando do que ele havia sussurrado em meu ouvido, pensando naquilo sua oferta de estudarmos parecia tão indecente.

-Pode sim.- digo suando frio.

-Perfeito então.- diz sorrindo.

-Você vai logo?- indago imaginando sua companhia no caminho de casa.

-Ah não, tenho que passar em casa antes, nem posso imaginar a bronca que levaria se não passar em casa pra avisar algo assim. Minha mãe iria fazer purê com o meu fígado. E como estou sem telefone ligar pra ela não é uma opção.

-Eu entendo.- chegamos ao portão da escola, aonde nos separaríamos, minha vontade era de poder beijá-lo, mesmo sabendo o quão proibido seria naquele momento.- Até mais tarde então.

-Até.- diz de uma forma estranha, parecia haver uma mistura de sentimentos envolvidos nela que eu não conseguia decifrar.

Minha volta para casa é apressada e solitária, quase saltitava enquanto caminhava imaginando só por imaginar que mais tarde veria Heitor novamente.

Quando chego encontro minha mãe finalizando o almoço.

-O papai está em casa?- questiono.

-Olá querido, não, ele está trabalhando ainda, por que a pergunta?- indaga ela.

-Bem, ele ontem me pediu pra fazer um amigo homem, queria avisar pra ele que um colega da minha sala vai vir aqui em casa hoje, vou ajudar ele com algumas matérias de química.- informo.

-Olha só, que ótimo. Fico muito feliz que tenha feito um amigo, seu pai também ficará. Ele que venha então. Será muito bem-vindo.- afirma contente.

-Certo, vou tomar um banho então e já desço pra almoçar.- aviso.

Dito isso disparo para o andar de cima. Estava tão animado cantava 'Love Me Harder' da Ariana Grande debaixo do banheiro, cantava bem? Não, mas cantava.

Acabando me seco e enrolado na toalha sigo para o quarto. Tranco a porta atrás de mim apanho o celular em minha mochila.

A primeira coisa que encontro é uma mensagem de Heitor.

"Minha mãe me devolveu o celular, vou almoçar, tomar um banho e já estou indo pra estudarmos um pouco"

Logo abaixo da mensagem havia uma foto de seu caderno de química, que estava repleto de questões meio feitas em uma letra forte e corrida.

Me questiono o motivo de tal foto, queria ele mostrar sua dificuldade? Mas depois de alguns instantes percebo que estava vendo.

Sobre a folha do caderno uma comprida e massiva sombra se camuflava, esperando para ser encontrada.

"Oh meu Deus! Esse é o seu..." Respondo chocado.

"É a sombra dele, mais tarde te mostro ele pessoalmente"

Heitor enlouquecia minha mente, lhe respondo com um "Kkkz tudo bem", mas a verdade é que estava ansioso por aquilo, até minha toalha sabia disso, havia sido derrubada por membro agora acordado e de pé, lhe encaro suspirando.

-É meu caro, acho que o Heitor não é o único com o tesão acumulado nessa história.- digo.- Não mesmo.