Nunca havia me preocupado muito com meu modo de vestir, geralmente tinha o clássico estilo careta de sempre e isso bastava, mas naquele dia específico estava diferente, queria parecer legal para Heitor.
Ele já tinha me visto naquela manhã, fato, porém estava de uniforme e da última vez que estivera aqui me pegara de pijama.
Mas isso tudo me levava a um ponto central: como se vestia uma pessoa descolada? Eu não tinha coturnos como ou jaquetas de couro.
Tudo o que provava fazia com que me sentisse pronto para uma reunião de família no natal. Depois de alguns minutos a frustração toma conta de mim. Decido pôr um moleton cinza, se não conseguia parecer descolado iria ao menos estar confortável. Antes que possa escolher uma camisa a campainha toca, o desespero toma conta de mim, estremeço só de pensar na possibilidade da minha mãe atendendo Heitor.
Apanho a primeira camisa que vejo pela frente e saio correndo pela casa enquanto me visto.
-Mãe, pode deixar que eu atendo.- aviso já descendo as escadas. Ela que já seguia na direção da entrada dá meia volta, um pouco ofegante abro a porta.
Heitor surge diante de mim, seus cabelo ondulados estavam sutilmente postos para trás. Vestia uma regata preta que deixava seus fortes braços de fora e uma calça folgada de estampa camuflada, exatamente o tipo de coisa que eu deveria estar vestindo, porém tinha minhas dúvidas de que aquele estilo me cairia bem.
-Vai me convidar pra entrar?- questiona ele sorrindo, me tirando do transe de admiração que tinha sobre ele.
-Ah, claro. Sinta-se em casa.- digo educado. Ele adentra na casa como se aquela fosse a primeira vez, observando tudo ao seu redor.
-Olá senhora.- diz ele para mim mãe que acabara de surgir vinda da cozinha, então vai em sua direção para lhe cumprimentá-la com um aperto de mão.- Imagino que deva ser a mãe do Gabriel, é um prazer.
Apenas assisto aquela cena, quem ouvia o garoto sendo tão ncordial nem imaginava as coisas que mandara em suas mensagens. No fim ele não estava admirando a casa e sim inspecionando se estávamos sozinhos.
-Você deve ser o amigo do meu filho.- diz educada.
-Sim, me chamo Heitor.- se apresenta com um sorriso indiscreto, em sua mente provavelmente não estava apenas conhecendo a mãe de seu amigo, mas sim a de seu namorado.
-Então, vamos para o meu quarto?- digo já começando a sentir o incômodo da situação, não sabia quanto tempo iria demorar até que os comentários desnecessários de mãe começassem a surgir.
-Vocês querem estudar no quarto? Eu não gosto nem um pouco dessa idéia.- afirma minha mãe, sinto meu sangue gelar, o que havia de errado naquilo, além disso tinha planos sobre o que faria naquela tarde.
-Qual o problema?- indago tentando não demonstrar minha preocupação.
-Eu sei o que vocês vão fazer no quarto.- diz acusatória, aquele era o fim, minha alma estava prestes a desistir de mim e ir embora para nunca mais, até mesmo Heitor se demonstrava tenso.- Eu conheço os adolescentes de hoje em dia, acham que vão estudar e logo estarão só mexendo no celular e jogando conversa fora. Vocês não me enganam.
Minha alma relutante volta ao meu corpo ainda aturdido, tudo não passara de um alarme falso.
-Então, aonde vamos estudar? No escritório?- indago tentando conseguir um lugar ao menos pouco movimentado.
-Vocês podem estudar na sala de jantar, tem uma mesa e um bom espaço pra colocarem seus materiais. Eu vou preparar um lanchinho pra vocês.- diz ela, sabia que aquela era sua palavra final, relutante aceito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Demônio (Romance Gay)
RomansGabriel prometeu a si mesmo nunca se apaixonar, o que as pessoas diriam se descobrissem que o filho do pastor é gay? Apenas a idéia de prejudicar seu pai o fazia estremecer. O tímido rapaz passa seus dias focado, deixando sua vida de lado enquanto...