87- Um Café Com A Sogra

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Por fim puxo Heitor de volta para a cama aonde tomo seu corpo forte em um abraço, pouco depois o garoto se vira no colchão nos deixando de conchinha, provavelmente por não querer ser visto chorando, afago seu cabelo enquanto os soluços do homem lentamente se vão.

Mentalmente revisava as visões que presenciara, os chifres, os olhos em chamas, a forma com que ele matara aquele homem, nada era tão importante ou me impactara tanto quanto o final do sonho, era muito doloroso relembrar a forma com que Heitor aos poucos havia perdido sua vontade de viver, o brilho que desaparecia de seus olhos dia após dia. Mas então o mais estranho acontecera, eu. Ao meu ver era uma pessoa normal ou até mesmo abaixo da média, mas para Heitor aquilo parecia significar muito mais. Pensar nisso faz com que eu o abrace ainda mais forte.

Sempre lhe vira como alguém incrível, gentil, educado, lindo em cada detalhe de seu corpo e alma, agora sabia sem sombra de dúvidas que era recíproco.

-Nada de ruim vai acontecer com você de novo, eu não vou deixar.- aquela era uma grande promessa mas estava disposto a cumprí-la a qualquer custo. Ouvindo aquilo Heitor se vira na cama voltando a me encarar, acaricio sua bochecha aonde antes havia o corte e lhe dou um beijo curto e singelo que faz o garoto sorrir.

-Que bela escolha eu fiz, afinal.- comenta me roubando um outro beijo, mais longo e amoroso.

-Me mostrando tudo? -pergunto incerto. Heitor se contém por um instante mas logo se recompõe, sorrindo de forma amena.

-Também.- responde enigmático.- Bem acho melhor levantarmos, hoje será um grande dia.

Por fim nos levantamos e nos vestimos, bem, Heitor apenas veste uma camisa e ignora a calça, no banheiro escovamos os dentes e lavamos o rosto (Ha, pensaram que eu ia dizer "fizemos nossa higiene matinal"?), bem, lavar o rosto também era uma boa forma de disfarçar a cara de choro.

Juntos descemos as escadas para tomar tomar o café cujo aroma já tomava toma conta do ar. Na cozinha encontramos Cassandra sentada no balcão já servindo-se de uma torrada com geleia.

-Bom dia.- digo começando, suspeitava que Heitor poderia não estar muito afim de conversar depois do que havia passado.

-Bom dia, dorminhocos!- diz alegremente.- Gabriel, eu já preparei sua poção pra dores de... Você sabe.

-Ah, muito obrigado, mas não transamos essa noite então acho que vou passar.- digo encarando o copo de líquido verde e espesso, a mulher por sua vez tinha no rosto uma expressão surpresa.

-Isso é... Inacreditável! Você dois ficar mais de doze horas juntos e não transaram como coelhos, isso deve ser um recorde.

Cassandra naquela manhã esbanjava bom-humor, em seu rosto podia ver uma parte da mãe que vira antes das coisas desandarem, quando não havia medo ou cansaço, tinha vontade de abraçá-la e agradecer por ter cuidado de Heitor mas sabia que aquilo soaria bem estranho.

-Pois é, dormir com ele já é muito mais do que eu poderia pedir.- digo pondo minha mão sobre a do garoto, que retribui entrelaçando seus dedos aos meus.

-Bem, de qualquer forma hoje estarei indo na cidade resolver alguns assuntos e a casa estará vaga, então se quiserem aproveitar o sofá como me pediram...- sugere ela dando uma piscadela.

-Ah, então... É que...- começo sem jeito, não sabia se receberia bem uma negativa, talvez pensasse que estávamos esnobando sua boa vontade.

-Já transamos no sofá do Gabriel.- anuncia Heitor me livrando do peso de ser anunciador da notícia, contra as expectativas Cassandra ri, uma gargalhada farta e sincera.

-Vamos transaram no sofá do pastorzinho?- pergunta em meio às risadas.- Ai meu Deus, eu criei o meu filho muito bem.

-Isso é bom?- pergunto confuso.

-Meu querido, isso é ótimo! Eu não consigo imaginar coisa melhor do que ver aquele homenzinho desprezível e homofóbico voltando pra casa e sentando no sofazinho dele sem saber que o filho foi macetado bem ali. Eu queria ser uma mosca... Na verdade não, se fosse uma mosca seria um inseto e estaria no nível dele.

Encaro Heitor por um instante, o qual me observa de volta, não sabia se deveria admitir que parte do sexo tinha acontecido no quarto, por fim acho melhor deixar Cassandra viver sua vitória em paz.

-Se transar no sofá de alguém é tão comprometedor, por que deixou que fizéssemos no seu?- indaga Heitor curioso.

-Ah, eu saberia. E pode ter certeza de que no dia seguinte teria uma empresa de higienização nele, é engraçado porque ele não sabe e não suportaria, meu amor, eu gosto de vocês, mas nunca na minha vida eu colocaria a mão no seu colchão, e do jeito que vocês andam... Em alguns meses vou poder colocar fogo nele.- explica a mulher rapidamente, era claro que já tinha todo um plano em vista.

-Não é pra tanto, Gabriel engole boa parte do meu gozo.- solta Heitor comprometedor, cutuco-o na costela, fazendo-o rir.

-Também transamos no banho lá de casa.- deixo a frase fugir, não era uma informação que gostaria de admitir, mas precisava fugir daquele assunto, em retrospecto era bom vê-lo sorrindo, mas não às custas da minha sogra descobrindo o que fazia com o gozo de seu filho.

-Heitor!- diz a mãe indignada com a informação, agora ele sentiria o gosto de ser exposto.- Você não tem vergonha não? Transar no banho? E como fica a conta de luz, hein?

-Espera, o quê?- pergunto imaginando ter perdido algo, a preocupação de Cassandra era a conta de luz? Inacreditável.

-Escutem bem os dois, se eu descobrir que os dois estão desperdiçando energia fazendo safadezas no banho eu acabo com a raça de vocês, estamos entendidos? Eu sou uma mãe liberal mas não estou achando dinheiro na rua não.

Assentimos apressadamente às exigências dela, que se dá por satisfeita.

-Muito bem, e mais uma coisa, logo mais estarei saindo, posso deixar o almoço por conta de vocês?- indaga ela retirando seu copo da bancada.

-Sim, senhora.- confirma Heitor.

-Ótimo. E antes que eu me esqueça, o sofá está liberado, mas se um dia vocês ousarem transar na minha cama entrego os dois pro seu pai.- diz Cassandra apontando pra mim, algo me dizia que ela não estava brincando, assentimos apressadamente, o que parece deixá-la satisfeita.- Ótimo, tenham um bom dia.

E essa sutil ameaça Cassandra se vai, de uma coisa eu sabia, jamais ousaria transar em sua cama.

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora