Meu cérebro oficialmente havia se tornado purê, tinha usado toda minha coragem e esperança no plano de Abigail e agora lá estava eu, em uma sala vazia sem nem ao menos saber o que fazer.
Aparentemente tudo o que havia deixado em Heitor era uma impressão que nem sabia se era boa, talvez ele tivesse saído dali me achando um garoto chato e estranho, como retorno tudo o que havia recebido era um talvez ao meu convite.
Com a capacidade mental de um zumbi volto para o quadra, entorpecido em pensamentos confusos, não há qualquer sinal de Heitor por lá, sigo para as arquibancadas, abandonado no terceiro degrau está o livro de Heitor.
O pego e dou uma rápida folheada, na contracapa há um aviso marcado com sua letra, " Este livro pertence a Heitor Cartelli, caso o encontre entrar em contato" e logo abaixo estava seu número de telefone.
Passo a mão por cima de sua letra marcada de forma forte, precisava lhe entregar seu livro quando o visse novamente, provavelmente na segunda-feira.
Alguns minutos antes do fim da aula o professor dispensa os alunos para que os alunos tomem uma ducha antes do recreio. Eu apenas espero no refeitório pelo sinal, sentado em uma das mesas com o livro em mãos e sem nada pra fazer além de encará-lo, ele ainda tinha cheiro de novo, o marcador ainda guardava sua posição na página quarenta e dois.
Quando a sirene soa uma multidão de adolescentes vinda de todas as partes inunda o ambiente ao meu redor, entrando na fila da merenda ou simplesmente sentando nas mesas.
Uma dessas pessoas é Abigail que vinha em minha direção apressada, quase atropelando quem entrava em seu caminho, sabia que teria de prestar contas a ela.
-Gabriel! Eu vi a movimentação pela janela.- diz ela tomando seu lugar no lado oposto a mesa.- E aí, como foi?
Olho ao nosso redor preocupado, alguns alunos tinham a atenção em nós, pelo jeito nem um pouco discreto de Abigail não podia culpá-los.
-Será que podemos ir pra um local mais reservado?- peço.
-Eita! Geralmente iria te mandar largar de ser fresco e falar de uma vez,- começa ela- mas parece que dessa vez vai valer a pena, vamos para a biblioteca.
Saímos dali rumo a uma porta lateral, um tanto quanto esquecida pela maioria dos alunos, olho para trás procurando por alguém nos seguindo, mas não havia ninguém, pelo visto quem havia ouvido Abigail não estava tão interessado assim, não valia a pena ouvir a menos que a fofoca acontecesse ali mesmo na mesa.
Adentramos no grande cômodo repleto de estantes, a única pessoa ali além de nós era Liliane, a bibliotecária que estava entretida em um livro, com nossa presença ela levanta o olhar, mas logo em seguida volta a sua leitura.
Seguimos para o fundo da sala e nos sentamos em uma das mesas de leitura.
-Agora estamos a sós, sou toda ouvidos, pode começar a me contar tudo, e não se esqueça de nenhum detalhe.
-Está bem.- digo e suspiro, passo os próximos minutos narrando o acontecido da melhor forma possível, deixando de fora apenas o que não me sentia preparado, por algum motivo não conseguia lhe explicar a forma bruta com que Heitor havia avançado sobre mim pouco antes de ir embora, talvez fosse por me sentir culpado, tudo o que ele havia feito era reagir ao meu ataque.
Ainda assim sentia algo queimar dentro de mim quando lembrava daquele momento, contra a parede e Heitor sobre mim, eu estava sobre seu controle.
-Terra para Gabriel, responda Gabriel. - diz estalando os dedos, volto a mim, estava mais uma vez viajando em pensamentos, me recomponho, paro de morder o lábio inferior e pigarreio.
-... Então, eu convidei o Heitor pra ir a festa das flores.
-É assim, não é?- diz Abigail com um tom magoado e irônico.- Quando é pra sair comigo na festa diz "Preciso ver se posso", mas não pode ver o bofe que já está convidando ele.
-Não é assim, na verdade eu nem sei o que deu em mim, estava nervoso, foi uma coisa de impulso.- explico, ela me observa com olhos estreitos e desconfiados, então abre um sorriso.
-Eu sei, tudo bem. Mas e aí, o que ele disse?- questiona curiosa.
-Bem, ele só disse que não gosta muito de festas mas talvez aparecesse por lá, o problema é que eu não sei se vou.
-É claro que vai!- exclama autoritária.- Não estou nem aí pro que seus pais vão responder ou inventar, se tem uma chance mesmo que pequena do seu crush estar você vai sim!
Assim que ela diz isso o sinal bate anunciando o fim do recreio e volto para a minha sala.
As duas aulas seguintes passam rápido, porém mal presto atenção em nada, tudo em que conseguia pensar era como conseguiria permissão para ir a festa naquele fim de semana.
Depois do fim das aulas sigo para casa a pé, talvez um pouco mais devagar do que o normal, no fundo achava que andando uma idéia brilhante brotaria, porém nada vêm.
Finalmente depois de alguns minutos de caminhada chego em casa, um tanto quanto frustrado comigo mesmo. Antes de abrir a porta respiro fundo, não sabia como faria, mas assim que entrasse teria que conseguir aquela permissão para ir a festa.
*****
Olá pessoinhas, tudo bem? Espero que estejam gostando da história, se for o caso não se esqueçam de votar e comentar, me divirto muito com os comentários do vocês, ou se tiverem uma sugestão ou Feedback para que eu possa melhorar a história, ficarei feliz em recebê-lo, beijos e até a próxima!!!
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Meu Demônio (Romance Gay)
RomanceGabriel prometeu a si mesmo nunca se apaixonar, o que as pessoas diriam se descobrissem que o filho do pastor é gay? Apenas a idéia de prejudicar seu pai o fazia estremecer. O tímido rapaz passa seus dias focado, deixando sua vida de lado enquanto...