46- Fogo Cruzado

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Durante a tarde ajudo minha mãe no preparo do jantar, descascando batatas e coisas do tipo, porém os temperos e cozimentos eram com ela, a mulher estava empenhada em se mostrar boa dona de casa, a cada preparo feito ela limpava tudo apressada para não deixar qualquer defeito a vista.

Ali perto dela, de tempos em tempos corria pela minha mente uma idéia maldita, talvez eu devesse contar sobre mim antes para ela, prepará-la ou algo do tipo, dentre os meus pais ela sempre me parecera a parte mais suscetível a aceitar um filho gay, porém em todas as vezes me atento, querendo ou não aquele seria um assunto difícil e não queria chegar talvez com um deles contra mim.

O tempo passa e próximos do fim subo para tomar um demorado banho e pensativo banho. Me visto bem para aquela noite, um suéter vinho e um calça jeans preta, diferente da última vez em que Heitor viera para minha casa, já arrumado desço para a sala e me sento no sofá, ligo a televisão mesmo sem ser capaz de prestar atenção no conteúdo, apenas pelo barulho que ela causava.

A noite já havia caído quando a campainha toca, apressado corro para a porta, assim que abro dou de cara com a mãe de Heitor com uma fôrma de pudim em suas mãos, atrás dela seu filho sorri ao me ver.

-Boa noite.- digo, nervoso, aquilo estava realmente acontecendo.

-Boa noite.- diz a mulher a minha frente.- Podemos entrar?

Apenas naquele momento percebo estar bloqueando o caminho, sem jeito abro passagem.

-Claro.- afirmo, sentia meu rosto corar, assisto Heitor adentrar, o garoto vestia uma calça jeans como a minha, uma camiseta branca e um blazer por cima, sou tirado de minha admiração quando ela me entrega o pudim.

-Poderia colocar isso na geladeira, por favor querido.- pede, assinto seguindo com ela para a cozinha, nesse momento minha mãe surge na porta e encara nossos convidados.

-Oh, já chegaram, sejam bem-vindos a nossa casa, eu e Heitor já nos conhecemos, mas a senhora é a primeira vez, muito prazer, Ester .- diz minha mãe estendendo o braço.

-Obrigada, Cassandra.- diz a mãe de Heitor retribuindo, percebo que aquela era a primeira vez que ouvia seu nome, minha mãe então se vira para mim.

-Um pudim? Ora, não precisava.- diz simpática.

-Bobagem.- diz ela como se fosse irrelevante.- É só um mimo pelo convite.

-Sabe, meu filho insistiu muito para que viessem essa noite aqui em casa.- afirma ela, olho para a cena incrédulo, eu nunca havia pedido por aquele jantar, mas logo percebo o motivo daquela mentira, minha mãe não queria assumir sua vontade de fiscalizar as pessoas com quem vinha convivendo, sem jeito me viro e sigo para a cozinha para guardar o pudim na geladeira.

Quando volto encontro minha mãe ainda metralhando com suas falas.

-O meu marido já deve estar chegando, ele tem trabalhado até tarde esses dias.- afirma ela, no passo em que estava não demoraria muito para começar a mostrar as fotos de quando era pequeno, estremeço com a idéia, porém antes que isso aconteça a campainha toca. - Ótimo, devem ser ele, Gabriel, atenda a porta, eu vou pôr a mesa.

Assinto e faço o que ela me pede, ao abrir a porta encontro meu pai com um olhar severo, lhe dou passagem e apressado apresento os convidados.

-Pai, esses são Heitor e a mãe dele.- falo indicando os dois.

Cassandra parece assustada ao conhecer o anfitrião, me encara séria, porém estende a mão para lhe cumprimentar mas ele a ignora para seguir encarando-a.

-Uma mulher de calças.- dispara meu pai com um certo desprezo na voz, lhe encaro, o que estava fazendo?

-Um homem de batina.- responde ela de volta, ácida, meu sangue gela, o que estava acontecendo ali?

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora