Aquelas poucas palavras são suficientes para que Heitor recupere os sentidos e se coloque entre nós.
-Ei ei ei, que história é essa? Ninguém aqui vai morrer não, por que está falando essas coisas?- indaga o garoto com um olhar alucinado.
-Heitor, por favor. Não faça as coisas serem ainda mais difíceis.- digo enquanto o choro piorava, tentar controlá-lo só fazia que aflorasse ainda mais. Em um cenário ideal o garoto acataria minha decisão sem questionar, porém o oposto óbvio acontece.
-Não! Você não pode morrer, eu te proíbo! De onde tirou isso?- questiona quase esbravejando, as lágrimas começavam a surgir em seus olhos, Lúcifer encarava a cena com um olhar vazio.
-Eu tentei te dizer, não conseguiria te salvar só sendo eu mesmo, estava preso e fraco, então acabei fazendo um pacto em troca de poder, mas ele tinha um preço, assim que eu te salvasse...-tento explicar, porém nesse momento engasgo, continuar era doloroso demais pra mim, logo, é Heitor quem termina.
-... Você morreria.- diz, percebendo a dura verdade. -Por que fez essa droga de acordo? Era pra mim ter morrido, não você! Mostrei que era um demônio e disse que estava te manipulando pra que saísse a salvo, com quem fez esse pacto?
Antes mesmo que terminasse a frase o garoto já percebera de quem estávamos falando, Heitor se vira na direção do pai, logo suas primeiras palavras com ele são:
-Desfaça o pacto, agora! Eu sofri uma vida inteira por ser seu filho e agora você quer tirar a melhor coisa que já tive, desfaça isso!- o Diabo apenas encara seu filho em silêncio por um longo tempo.- Não estou pedindo, estou mandando! O que está esperando?
-O garoto trocou a vida por poder, esse é o trato.- diz o homem dando de ombros.- As regras eram bem específicas inclusive, assim que ele te salvasse, deveria morrer.
O deboche do pai não deixa o filho satisfeito, imediatamente tomando sua forma vermelha e demoníaca enquanto agarra o pescoço do outro.
-Volte atrás, quebre as regras, faça o que for necessário.- sua voz chorosa e descontrolada é um som doloroso de se ouvir, me aproximar e ponho a mão em suas costas, não queria vê-lo assim, triste.
-Heitor.- chamo tentando consolá-lo.
-Gabriel, você não entende.- antes que perceba o Diabo vira fumaça e reaparece de volta no chão, aonde suspira e massageia o pescoço.
-Enfim Gabriel, fizemos um acordo em troca de poder, pelo menos use-o uma última vez.- diz Lúcifer fazendo sinal para que eu me apresse, suas reações eram um tanto alucinadas e sem sentido.
-Eu... Eu não tenho mais poderes, eles foram embora quando Damares colocou a faca no pescoço do Heitor.- respondo como se ele não soubesse.
-Então como você salvou o meu filho? Sem poderes, o que aconteceu com a faca?- aonde diabos ele queria chegar, ele estava ali quando tudo aconteceu.
-A faça se desintegrou, mas não fui eu.- digo, naquele ponto da conversa ele tinha uma personalidade quase didática.
-Então quem salvou o Heitor?- questiona uma última vez, nesse momento tudo faz sentido.
-Você salvou.- a realidade me atinge com força, o Diabo tinha tudo planejado, só precisava de alguém que eliminasse a platéia, provavelmente não podia interferir tão diretamente, apenas diante de algumas coisas pessoas, como fôra com o sacrifício de Cassandra, Lúcifer assiste sorridente enquanto junto as peças.
-Nunca confie no Diabo, ele é traiçoeiro.- diz finalmente, Heitor segue em sua aparência combativa como se estivesse pronto para encarar seu pai no soco.
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Meu Demônio (Romance Gay)
RomanceGabriel prometeu a si mesmo nunca se apaixonar, o que as pessoas diriam se descobrissem que o filho do pastor é gay? Apenas a idéia de prejudicar seu pai o fazia estremecer. O tímido rapaz passa seus dias focado, deixando sua vida de lado enquanto...