23- Sr. Tesão Acumulado

6.2K 651 227
                                    

-Isso... Isso não é possível.- começo enquanto tento organizar meus pensamentos.- No meu sonho você estava sei lá, tão diferente.

-Ah, sobre isso me desculpe, por estar sonhando acabei sendo um pouco safado,- diz ele esfregando a nuca envergonhado.- A forma com que me comportei, o que eu disse, aquela apertada no volume, sinto muito, geralmente não sou assim.

-Não, tudo bem.- digo um pouco relutante comigo mesmo, não me importava com suas ações, a parte difícil ali estava sendo acreditar no que havia acontecido. Enquanto isso minha mente retrocede lembrando de tudo o que acontecera durante a noite anterior, até chegar em um ponto mais estranho do que todos os outros. - E aquela cauda?

O rosto de Heitor ruboriza quase que instantaneamente ao tocar no assunto, antes de finalmente me responder o assisto começar frases mudas sem direção, então suspira e se recompõe.

-Gabriel, juro pra você, eu não faço idéia do que foi aquilo. Também sei que vai parecer ridículo mas até procurei por ela quando acordei, acho que foi o susto.- confessa ele, e eu de maneira compreensiva começo a rir imaginando a situação.- Ei, isso não é legal da sua parte.

-Ok...- digo me controlando- Tá, parei. Bem, pelo menos agora eu sei qual é a coisa grande da mensagem que me mandou.

-Nem me lembre disso, minha mãe tomou meu celular, até agora não me devolveu.- diz chateado.

-Mas ela leu as mensagens?- indago, Heitor desvia o olhar e assente.- O que disse sobre elas?

-Então... Nas exatas palavras dela: Muito tesão acumulado, né meu filho?- conta ele, começo a esboçar um sorriso involuntário.- Não ria! Eu quase morri de vergonha, minha vontade foi de enfiar minha cabeça em um buraco.

-Tudo bem, mas voltando ao sonho, o que sua mãe disse sobre o assunto...- digo, ele puxa fôlego para falar.- senhor Tesão acumulado.

Eu sei que podia ser errado, mas não conseguia evitar. Heitor agarra o meu braço com força e fazendo com que meus olhos surpresos cruzem os seus.

-Eu vou te mostrar o tesão acumulado.- diz ele em tão de ameaça.- E fique você sabendo que não preciso de cauda pra mostrar o que é grande.

Seu olhar de advertência penetrava profundamente em minha mente como uma faca em carne fresca, me roubava todos os sentidos, ele ao se dar conta do estava fazendo me solta.

-Sinto muito, não queria fazer isso, te machuquei?- questiona preocupado, permaneço imóvel.

-Eu... Eu...- gaguejo tentando formar algo que tivesse significado.

-Minha reação foi inaceitável,- começa ele assustado.- Isso não vai se repetir, preciso sair disso.

Heitor abaixa a cabeça e se vira em direção aos portões da escola. 'Sair disso' havia dito ele, percebo ao que se referia, era sobre nós. Antes que saia do meu alcance agarro seu braço, o garoto vira sua cabeça revelando olhos que começavam a fraquejar, olhos que revelavam medo.

- Por favor, fica. A culpa não foi sua, foi minha. Eu te provoquei e ri do que devia ter tratado com seriedade, coisas que aconteceram contigo.- reconheço meus erros enquanto os olhos de Heitor me encaram, podia ver sua dúvida sobre o que deveria fazer, ele cede e solto seu braço.

-Mas eu te machuquei, seu braço...- afirma a forma com que havia me agarrado.

-Eu gosto.- admito cortando sua fala, fico vermelho em seguida enquanto Heitor observa boquiaberto, talvez tão surpreso quando eu, essa havia sido a primeira vez que assumira a alguém esse tipo de interesse meu.

Nesse instante o alarme da escola toca. Por alguns instantes havia me esquecido de que estava na escola. Olho ao meu redor e percebo que a única pessoa ali além de nós era um vigia no portão da escola que naquele momento estava distraído assistindo algo no celular.

-Vamos entrar?- convido Heitor, ele assente e juntos seguimos na direção das aulas.

Quando passamos pela sala de Abigail juntos a garota em sua carteira começa a aplaudir sozinha sem que ninguém entenda nada. Até mesmo Heitor ao meu lado parece confuso.

Finalmente chegamos ao nosso destino, a sala de química, então antes que eu entre Heitor sorrateiramente aperta minha bunda me fazendo sobressaltar assustado, ele me encarava maldoso, lhe dou um sorriso.

-Depois te chamam de senhor Tesão Acumulado e você reclama.- retruco e disparo pra dentro da sala, a salvo de qualquer retribuição ou vingança... Por hora.


Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora