24 - Acordo De Amizade

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Nosso professor de química Rogério, era sem dúvida o mais severo da escola e consequentemente o mais respeitado, estilo linha dura do tipo que você batalha para conseguir pontos e os perde se sair da linha, porém nem isso impedia as discretas trocas de olhares e sorrisos entre mim e Heitor.

Talvez a parte mais estranha naquilo tudo fosse estar gostando de alguém e este por sua vez estar sabendo disso, já havia observado e admirado alguns rapazes secretamente, mas nenhum que me fizesse suspirar como Heitor, ou mesmo me fazer assumir o que sentia.

Mas o fato de saber que aquele sentimento era correspondido... Era simplesmente surreal, levava tudo a outro nível. Geralmente quando o assunto era homossexualidade reciprocidade significava tudo.

Depois do fim da segunda aula do dia, de filosofia, a turma recebe o alarme do recreio como um grito de liberdade, todos saem apressados em direção ao pátio ou até a fila da merenda.

Tão sem pressa de sair quanto eu parecia estar Heitor que observa a sala se esvaziar para então se levantar e vir em minha direção sorrindo.

-Eu pensei que essas duas aulas não iriam acabar nunca.- diz se sentando na carteira com simpatia no olhar, por um instante penso que irá se aproximar para roubar um beijo mas em seguida se atém a por sua mão sobre a minha, aquele me faz corar.

-Também estava ansioso para que acabassem logo.- confesso.

-Principalmente a aula de química, eu sou péssimo com aquelas fórmulas.- reclama frustrado.

-Bem, posso te ajudar com a matéria se quiser, estou mais acostumado com o ritmo do Rogério.

-Isso seria ótimo, poderíamos nos ver depois da escola e...- começa, porém é interrompido por uma voz feminina que surge na porta.

-Que bonito, hein?!- diz acusatória, sobressaltado me viro e descubro ser Abigail, vendo minha reação ela sorri, corre até uma carteira próxima a nós e se joga.- Olá meus amores. Vamos, vamos, quero ver um beijo.

Heitor continua encarando a garota assustado.

-Oi, sobre o beijo, acho que não é uma boa idéia, principalmente aqui na escola, nem todo mundo tem a mente aberta como a sua e...- argumento.

-Ah, isso é verdade, minha mente é quase uma cratera de tão aberta. Diferente dos seus pais inclusive, que são dois cocos.- diz avaliando.- Falando nisso, eles ficaram muito bravos por que fui lá ontem?

-Meu pai ficou bastante.- afirmo.

-Ah, imagino mesmo.- diz ela contente, era claro que Abigail gostava de provocar meus pais desfilando nossa amizade em todas as ocasiões possíveis.- Bem, mas o importante é que o nosso plano deu certo, não é mesmo?

-Plano?- questiona Heitor.

-Pois é, a Abigail me ajudou a inventar uma desculpa pra marcas do meu pescoço.

-Ah, as marcas do...- diz incomodado, lembrando de quando agarrara meu pescoço.

-Essas mesmo, seu vampirinho danado.- diz batendo levemente no ombro de Heitor.- Tem que tomar mais cuidado aonde beija seu namorado. Agora, graças a mim os pais de Heitor sabem apenas de uma alergia a flores do festival, de nada.

O garoto encolhe os ombros envergonhado, os momentos em que perdia a cabeça faziam mal pra Heitor, percebo que precisava tirar aquele assunto de jogo.

-Ontem discuti com meu pai.- solto a frase, os olhos de Abigail se abrem ao máximo, junto com seu sorriso.

-Amado? Como assim? Milagres acontecem?- começa a me metralhar com perguntas.

-Ele disse que você não era uma boa companhia e que deveria parar de andar com você.

-Muito engraçadinho ele, hein? E o que você disse?- questiona curiosa.

-Então eu disse que não iria te largar por que era uma das poucas pessoas que me aceitava como eu era.- conto.

-Arrasou viado!- comemora.- E aí, e depois?

-Ele me pediu pra tentar arranjar pelo menos um outro amigo, um homem de preferência, pra não pensarem que estamos namorando.- explico.

-Pois bem, seu quer um amigo homem pra você?

-Calma, calma. Eu já arranjei um.- afirmo antes que ela comece um escândalo, então me viro para o garoto que nos observava. -Heitor, quer ser meu amigo?

-Amigo... - repete ele desanimado.- Eu pensei que seríamos mais do que iss... Oh! Agora eu entendi.

-E aí, aceita?- indago novamente.

-Aceito, mas com uma condição.- diz levantando o indicador.

-Hum, qual?- questiono, então Heitor faz sinal para que eu me aproxime, faço o que ele pede, então se aproxima e sussurra em meu ouvido, a proposta do garoto faz meu coração bater mais rápido, sentia o sangue queimar pelo meu corpo.- Aceito, com toda certeza eu aceito.




Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora