85- Do Presente Pro Passado

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Depois do banho penso em voltar ao quarto pra vestir alguma coisa porém Heitor parece ter planos diferentes, me abraçando por trás e guiando-nos rumo a cozinha. Ao chegarmos sou liberto por ele, que se senta sobre a mesa.

-Amor, quer que eu ajude em algo? Posso fazer o que pedir.- diz prestativo.

-Não precisa, você já faz os lanches quando estamos na sua casa.- digo me virando em sua direção, porém logo percebo que aquela era uma péssima ideia, vê-lo a vontade, nu era um convite a uma ereção, precisava ir com com mas "Caralho, como ele era lindo!", volto a encarar o balcão pensando em coisas broxantes como seios femininos e mulheres evangélicas que não raspam o bigode, felizmente funciona.

-Quando estivermos morando juntos vou comprar um daqueles aventais "Beije o cozinheiro" pra você.- diz sonhador. -Acho que vou comprar um pra mim também pensando melhor, mas no terá "Mame o cozinheiro".

-Amor, mas como eu iria te mamar se você estaria usando avental?- questiono o garoto que fica sem reação, por fim nos entreolhamos e rimos.

-Ok, ok, cozinho primeiro e você dá uma mamada de sobremesa.- reflete em tom de barganha.

-Acho que estamos chegando um algo.- digo aceitando sua oferta.

Nos minutos seguintes passo uma garrafa de café e preparo sanduíches, Heitor tinha mais fome do que eu, logo come alguns a mais, por fim limpa a boca e pigarreia.

-Sabe de uma coisa, acho que podiamos ir lá pra casa, talvez assistir a um filme e dormirmos por lá, amanhã vamos ter um dia longo e...- por um instante Heitor se cala, como se tivesse deixado algo escapar mas logo se recompõe, os planos do homem não eram segredo pra ninguém.- Bem, você só tem uma cama de solteiro e eu não tenho o menor interesse em dormir na cama dos seus pais, só de pensar em dormir sentindo o cheiro seu pai...

Ele estremece com a ideia, minha reação não é muito diferente. Depois de comermos nos vestimos, no quarto seus olhos atentos me seguem enquanto arrumo a mochila, parecia haver algo novo nele ultimamente, um ar sonhador.

-Não esqueça de pegar uma roupa boa pro caso de sairmos, sei lá.- sugere aleatoriamente.

-Mas que novidade, você se importa com roupas? Geralmente quando vê uma já está pensando em tirar.- brinco enquanto busco uma calça jeans preta.

-Ah, eu disse pra pegar, não pretendo deixá-la por muito tempo.- retruca com certo desconforto. Apanho uma camisa social branca e um blazer preto, o que faz o garoto assentir em aprovação.- Você vai ficar lindo usando isso.

Seu comentário me faz sorrir, por fim pego um par de sapatos sociais na saída de casa e partimos, era engraçado pensar  que minha definição de vestir-se bem era quase uma roupa de entrevista de emprego enquanto Heitor sempre parecia pronto para enfrentar os jogos vorazes e vencer sem perder a sensualidade.

Andamos pelas ruas enquanto conversamos e sorrimos, percebo que aquela era uma das poucas vezes que estávamos lado a lado pela cidade, sem pressa ou medo. Estávamos próximos da subida que levava a casa de Heitor quando a conversa toma outro rumo.

-O que seus pais foram fazer em São Paulo mesmo?- indaga de forma distraída.

-Não tenho certeza, meu pai me disse que era um seminário, mas acho que não foi cem por cento honesto, sei lá, ele agiu de um jeito estranho.- confesso desconfortável, havia algo naquilo tudo que me incomodava. Heitor pelo contrário esboça um sorriso.- O que foi?

-Não é nada.- diz balançando a cabeça tentando conter a risada.- Bem, é só que... A parada gay de São Paulo acontece nesse fim de semana e parece muito engraçado que seu pai tenha inventado um motivo pra ir passear por lá justamente nesses dias.

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora