31- Raiva

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Observo a mãe de Heitor paralizado, não sabia como reagir ou mesmo o que ela esperava de mim. Aquela nem de longe parecia a mulher simpática que nos dera o tempo para que tivéssemos nosso momento de intimidade.

-Eu... Eu não sei o que a senhora quer que eu diga, meu nome é Gabriel, eu estudo com seu filho, tenho dezoito anos, meus pais são...- começo a derramar um sequência de informações mas ele me interrompe.

-Vai bancar o desentendido? Já tentaram atingir o meu filho de muitas formas, mas tentar dar uma de namorado apaixonado, isso já é demais!- diz ela exaltada.

-Senhora. Minhas intenções com seu filho são as melhores possíveis. Eu am...- tento explicar meu sentimento mas sou cortado novamente.

-Ama ele? Por favor... Por alguns instantes eu até cheguei a pensar na possibilidade mas depois voltei a seguir a lógica. Fui tola, me deslumbrei demais quando te vi a primeira vez, foi a forma com que curou a forma a ferida do meu filho.

-Mas você disse que o amor curava, eu pensei...- ela faz sinal para que eu me cale, a mulher não me dava chance de defesa e nem ouvia o que eu dizia, me sentia frustrado e triste por que no fim eu sabia o que sentia por Heitor e nada daquilo fazia diferença pra ela. Minha garganta começa a se fechar e os olhos ficam inundados.

-Estava enganada, nem eu fui capaz de curá-lo, o que um garoto como você tem pra oferecer? Aí ontem o Heitor aparece me contando que compartilharam um sonho, eu não sei que tipo de magia que está usando mas é hora de parar, não podia falar isso na frente do meu filho, mas agora que estamos a sós, eu quero que você pegue suas coisas e nunca mais apareça...

-Já chega!- a voz grave e exaltada de Heitor, me viro e lhe encontro na entrada da cozinha, me viro para encará-lo, nesse ponto as lágrimas já caíam dos meus olhos.

-Filho, o quanto você ouviu da nossa conversa?- indaga assustada, porém logo se recompõe.- Sinto muito por isso, mas eu tinha que intervir.

-Ouvi mais do que deveria por que essa conversa nem deveria ter existido. Quem é você e que direito acha que tem de falar assim com o meu namorado?!

-Eu sou sua mãe e todo o direito de proteger você, meu filho.- insiste em se impor, ela se levanta para se mostrar superior.

-Você não está me protegendo, está atacando o Gabriel sem ele ter feito nada.

-Como nada? Você acha normal que coisas como as que me contou aconteçam, hein? Pessoas invadindo seu sonho e, ele curou sua ferida com amor? Por favor, amor não se constrói em poucos dias. Você só está vivo por que eu te protejo e...

-Já chega!- repete Heitor novamente, sua voz troveja pelo recinto. Seus olhos negros queimam em um tom vermelho infernal. Sua mãe recua dois passos, muda.- O Gabriel é a primeira pessoa que realmente demostrou interesse em mim, um interesse que vai muito além do corpo. Ele viu o que eu escondia debaixo do curativo e não enxergou como um defeito, diferente de você!

-Mas eu queria te proteger, e ele...

-Eu não me importo com a sua proteção, ele me faz feliz, tudo o que eu vim fazendo até conhecer o Gabriel foi ficar por detrás dessa sua proteção. Se eu me machucar ou morrer por isso, eu não me importo, eu só quero poder ser feliz.

A mãe de Heitor agora parecia minúscula diante da presença do próprio filho.

-Mas se eu não permiti foi por que...- inicia um argumento.

-Vai querer falar de permissão? Depois do que você acabou de fazer com o Gabriel não é mais escolha sua permitir ou não, eu tiro de você esse direito. Agora, - Heitor se volta a mim.- Pode voltar para o meu quarto, vou levar o almoço lá pra gente.

Ainda aturdido com o que acabara de acontecer me levanto e sigo na direção das escadas, a mulher da espaço para que eu passe.

Subo obedecendo Heitor, chegando em seu quarto me sento em seu colchão, podia não estar ouvindo nada mas sabia que a conversa entre os dois não havia acabado.

Se passam alguns minutos, aproximadamente dez até Heitor finalmente surgir na porta.

Em uma das mãos trazia uma travessa de comidas várias, arroz, batatas, salada e o dito assado de antes, na outra segurava dois pratos e talheres para nós.

Ele deposita tudo sobre a cama e em seguida senta-se de frente para mim.

-Então,- sorri ele simpático, quem o via agora mal podia imaginar o quão furioso estava a alguns minutos atrás.- Vamos comer?

Meu Demônio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora