Meu Demônio (Romance Gay)

17- Saberes de Mãe -Parte II

-Amigos... Hum, sei.- diz em um tom desconfiado.

-Sim, mãe. - afirma Heitor, sua voz porém não conseguia se garanti no que dizia. A mulher levanta o dedo indicador em sua direção indicando para que ele se cale, em seguida ela fecha os olhos e quando os abre foca em mim.

-Então... Gabriel, acho melhor de dirigir a você por que sei que se meu filho mentir mais uma  vez para mim irei deixá-lo de castigo por muito, muito tempo. Você não mentiria para a mãe do seu "amigo", não é mesmo?- questiona ela, a forma com que a mulher impunha sua voz era ainda mais poderosa do que a de Heitor, sabia pressionar, me fazia suar frio. E o pior, eu não sabia o que esperar dela se soubesse da minha relação com seu filho.

-Não, senhora.- respondo.

-Muito bem, então me diga, você gosta do meu filho?- começa, mesmo sem garantias sobre qual sentido se tratava, sabia que a resposta era a mesma.

-Sim, senhora.- confirmo, logo após ouvir minha resposta ela se aproxima mais um passo, desvio o olhar mesmo tentando me manter firme.

-Certo, então... Gabriel,- ela faz uma pausa de alguns segundos que se estendem como horas.- Você ama o meu filho?

Ao ouvir aquela pergunta sinto meu estômago despencar dentro de mim, meu olhos deslizam até Heitor que encarava a cena, não estaria apenas me assumindo para sua mãe, mas também para ele, sem escapatória fito o chão.

-Sim, eu amo ele.- deixo as palavras saírem finalmente, sem saber o que viria a seguir.

Ninguém diz nada, a única coisa que sinto é o abraço da mulher que antes de interrogava.

-Isso é fabuloso!- exclama, quando finalmente me solta vejo o sorriso em seu rosto, continuo estático sem saber como reagir.

Até aquela momento a mulher vinha sendo tão rígida, de forma alguma conseguia esperar tal reação dela, no início sentia que ela poderia inclusive brigar comigo ou pior, contar aos meus pais sobre tudo.

-Mãe.- chama Heitor, adentrando na cena tirando o seu foco de mim.- Como você soube da gente? Como soube de mim?

-Eu não sabia de vocês,- diz com desdém- Só quis saber com quem meu filho estava andando, ou melhor dizendo, com quem estava andando ao ponto de sair de casa sem nem ao menos dar alguma explicação. E sobre você? Faça-me o favor, eu sei ver o histórico de navegação de um celular.

-Você o quê?- questiona numa mistura de surpresa, raiva e vergonha. - Mãe, isso não se faz... Meus Deus!

Heitor cobre o rosto envergonhado, aparentemente haviam muitas coisas em seu histórico, coisas que me deixam um tanto quanto curioso.

-Não precisa ficar assim, nem briguei com você, só estava fazendo meu papel de mãe.- diz certa de si. Naquele ponto já não sabia se Heitor se sentia assim por sua mãe saber que ele era gay ou por ela ter visto que ele assistia pornografia.

-Privacidade mãe, já ouviu falar?- questiona, estava claro que o garoto se controlava para não se exaltar em público.- E ainda não me respondeu como soube que nós...

-Que se amam?- questiona despachada.- Isso é muito simples.

-Não parece nem um pouco simples pra mim.- retruca ele cruzando os braços.

-Ora, faça-me o favor.- em seguida ela aponta para a bochecha de Heitor.- Tem coisas que só o amor cura.

O garoto a minha frente parece ter um grande momento de revelação, momento este que eu havia ficado de fora, tudo o que conseguia era observar e tentar entender a dinâmica dos dois a minha frente.

Heitor me encara, havia algo diferente em seu olhar, um brilho incomum.

-Já contou pra ele?- questiona sua mãe.

-O quê?- indaga distraído.

-Ele já sabe sobre você?- insiste a mulher sem especificar-se sobre o assunto.

-Hum, não.- Começa, uma cara de desagrado toma conta dela.-  Eu vim aqui hoje pra contar, mas ainda não consegui.

-Sendo assim melhor, conte logo.- diz, em seguida me encara.- Se ele realmente te ama vai entender. Eu não vou mais me prolongar, estou indo embora, e você filho, diga tudo e depois volte para casa, teremos uma longa conversa quando chegar.

Com isso a mulher se despede e se vai, nos deixando a sós, Heitor me encara sério.

-Precisamos ir para um lugar mais reservado, a conversa vai ser longa.