Acordo abalado com o sonho que havia tido, minhas mãos tremiam, a imagem de Heitor de despedaçando ressoava em minha mente, mesmo sabendo que tudo não passara de um sonho aquilo tudo doía muito por que no fundo sabia que Heitor realmente não estava bem.
Apanho meu celular buscando notícias do garoto mas descubro que ainda não havia me respondido, ainda era cedo porém me levanto e sigo para a cozinha.
Ponho a chaleira do fogo e espero a água ferver, não queria ter contato com meus pais depois da noite anterior. Preparo o café e lhe tomo apressado em silêncio.
Em seguida subo para o meu quarto e termino de me arrumar, quando estou saindo minha mãe abre a porta de seu quarto e ao me ver lança um olhar surpreso.
-Querido, já está acordado?- indaga, meu rosto se fecha, a mulher agia como se nada tivesse acontecido, a única coisa diferente era o fato de já estar acordado, me viro e parto rumo a escola.
Minha caminhada é solitária e apressada, haviam poucas pessoas na rua, tão pouco também era o interesse que tinha por elas, tudo o que queria era chegar ao meu destino e encontrar Heitor.
Alguns minutos depois finalmente estou no pátio do colégio, ali me ajeito contra o mura e espero.
Os minutos vão se passando e os alunos chegando, porém nem sinal de Heitor, suspiro preocupado, nesse momento avisto Abigail subindo o ladeira da escola, ao me ver ela abre um sorriso e corre em minha direção.
-Bom dia, meu anjo!- cumprimentando ela radiante.- E aí, arrebentou a porta do armário no jantar de ontem?
Lhe encaro sem saber por onde começar, porém meu rosto lhe dá um recado antes que possa organizar minha fala.
-Ah não. O que aconteceu, Gabriel? Deu alguma coisa errada?- questiona preocupada, sinto meus olhos se enchendo de água.- Ai meu Deus.
Abigail me abraça com força.
-Deu tudo errado.- digo finalmente desabando.
-Não fica assim, vamos dar um jeito. Então, contou pro seu pai sobre você?- indaga ela tentando entender a situação.
-Não, não deu tempo, meu pai começou a criticar a mãe do Heitor por ser mãe solteira, dizendo que ela não iria saber como tratar um filho e ele poderia ser gay e...
-Mas de onde ele tirou isso?- indaga Abigail indignada.
-Mas aí eles começaram a discutir e meu pai disse que preferia ter um filho morto do que um filho gay, então a...- continuo mas sou interrompido.
-Espera um minutinho aí, o seu pai disse o quê?- indaga furiosa, desfazendo nosso abraço pra me encarar.
-Por favor, não me faz repetir.- lhe peço tentando contar as lágrimas.
-Você me segura, ou melhor, não me segura não, eu vou cair no braço com o seu pai, pensando bem não, vou chegar na voadora naquele velho maldito.- diz a garota bolando planos.
-Abigail, não faça as coisas piores do que já estão.- digo, não queria perder o contato com minha amiga também.
-Não precisa se preocupar, eu vou dar um jeito, o desgraçado nem vai saber o que atingiu ele. Mas e o Heitor, aonde está?- questiona, ouvir seu nome me deixa cabisbaixo.
-A mãe dele saiu lá de casa prometendo que não nos veríamos mais.- murmuro.
-Mas também, depois do que seu pai disse, eu não deixaria meu filho perto de alguém assim,- diz Abigail, assinto, sabia que ela estava certa.- Mas isso não vem ao caso. Vou te falar uma coisa, se vocês se não puderem se ver mais e você perder o garoto que ama pode escrever aí, eu vou chamar um caminhão cheio de macho pra ACABAR com o courinho que seu pai chama de cú.
Esboço um leve sorriso, Abigail era uma das poucas capazes de fazer aquilo em meio a tanta tristeza.
-Essa foi boa, queria estar melhor pra rir das suas piadas.- digo sem jeito.
-Eu não estou contando piada nenhuma.- responde a garota séria, lhe encaro, Abigail não parecia estar mentindo.
O sinal toca, começo a enxugar minhas lágrimas e me ajeitar.
-Vamos entrar?- digo a minha amiga, ela me encara incrédula.
-De jeito nenhum! Você não está em condições de estudar, vamos dar o fora daqui.- afirma ela agarrando meu braço.
-Matar aula?- questiono aturdido, nunca havia feito isso.
-Você escolhe, ou vem pro Tio Torra e desabafa comigo ou eu vou sair daqui sozinha e mato seu pai.
Relutante me deixo levar e seguimos ladeira abaixo.
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Meu Demônio (Romance Gay)
RomanceGabriel prometeu a si mesmo nunca se apaixonar, o que as pessoas diriam se descobrissem que o filho do pastor é gay? Apenas a idéia de prejudicar seu pai o fazia estremecer. O tímido rapaz passa seus dias focado, deixando sua vida de lado enquanto...