1443 PALAVRAS
Bill estava muito preocupado com os próximos dias, pois Tom iria trabalhar com Elizabeth na escola. Ele não queria que sua "filha adotiva" fosse magoada ou que tivesse medo de Tom ou até mesmo da escola, pois seria seu primeiro dia de aula na manhã seguinte depois do sequestro.
Resolvendo conversar com Charlote, ele expôs todos os seus conflitos, mas ela muito gentil pegando em suas mãos, garantiu que estaria lá na escola por Elizabeth. O que ela precisasse, ela mesmo ajudaria e nem mesmo seu filho iria magoar aquela menina ou colocá-la em risco. Ela, Charlote Thorton prometia, afinal ela se sentia como a mãe daquela jovem.
Tom que tudo ouvia, se sentiu constrangido, nunca em sua vida alguém teve medo de tê-lo por perto, ou medo que ele machucasse alguém. Hoje com a cabeça fresca, ele podia notar todo o mal que ele fez a Elizabeth e a seu irmão. Sua vingança e seu temperamento impulsivo, quase tiraram a vida daquela jovem. Essas ultimas noites, ele havia sido atormentado por pesadelos horríveis...ouvia os gritos de socorro de Elizabeth na escola, e ao passar em sua mente cenas de como ela adquiriu aqueles hematomas, sempre ouvindo os gritos de horror e seus olhos azuis esbugalhados de pavor, faziam sua alma arrepiar e ele acordava apavorado e suado. Ele tentou salvá-la várias vezes no sonho, mas ela sempre acabava numa poça de sangue.
Mas ele sabia de seu erro, como sabia da bondade de sua cunhada; realmente, agora ele entendia o porquê Jack, havia se apaixonado por ela, Elizabeth era linda por fora, parecia uma princesa com aqueles cabelos longos acobreados e aquela pele clara e lisa como cetim. Tom não sabia como ela conseguia ter uma pele daquela, vivendo em uma cidade onde o pó de carvão estava em todo ar. E aqueles olhos, eles hipnotizavam qualquer um. E será pela bondade que ela me demonstrou, que vou mudar minha vida, eu preciso mostrar a todos que não serei perigo para ela ou para outra pessoa nessa cidade, mostrarei minha gratidão sendo um homem melhor.
— Bill! Chamou Tom do batente da porta.
Eles notaram que ele havia escutado toda a conversa, mas ali havia preocupação com Elizabeth e somente isso.
— Você ouviu, não foi? Disse Bill.
— Sim ...disse Tom envergonhado olhando para o chão.
— Saiba Tom! Que eu sempre amei muito você e Jack, conheço vocês desde o dia de seus nascimentos, nunca esperei algo assim de você. E o que acabei de falar com sua mãe, eu não retiro nenhuma palavra.
Charlote olhava para os dois homens; se seu falecido marido estivesse vivo, ele teria aquela conversa com Tom. Mas hoje era Bill, quem o fazia, ele tinha um rosto severo de quem chamava atenção, ele estava agindo como um pai. Foi quando seus pensamentos foram interrompidos por Tom, que falava em tom de voz, calmo e tranquilo como a muitos anos Charlote não via.
— Eu prometo a vocês dois, que iriei mudar o meu pensamento e o meu comportamento. Eu sei o que fiz de errado, eu nunca me imaginei sendo um tipo de homem, que agredisse mulher e acabei ajudando e fazendo com que Elizabeth passasse por momentos de horrores nas mãos de Charles. Eu e minha vingança boba, por bens materiais por pouco não troquei minha dignidade pela vida daquela mulher. Ela é minha cunhada, eu nem mesmo posso chamá-la de irmã agora, porque não sou mais digno disso, talvez um dia eu possa me redimir e ser digno, mas eu prometo que vou ajudá-la na escola, vou trabalhar com todo o afinco como você mãe nunca viu, vou cuidar e protegê-la de quem quer que lhe ofereça algum perigo, e quem sabe um dia Jack e ela possam me considerar como da família novamente.
Bill, sentou na frente de Tom, e pegou em seus ombros, olhando dentro de seus olhos, ele notou que aquele menino estava arrependido e estava perdido em suas emoções, principalmente agora que ele havia percebido, que seu irmão não queria mais contato com ele. Mas Bill, também sabia, que quando erramos e levamos uma queda enorme, sempre aparece alguém para nos estender as mãos; E essa pessoa foi Elizabeth, ela o perdoou, ela estava dando uma oportunidade, uma segunda chance e todos precisavam ver a grandeza desse gesto e ele faria o mesmo, até porque queria que Tom estivesse em um bom caminho.
— Olha filho! Eu amo você como meu filho, e quero te ver no bom caminho. Mas saiba, que aquela jovem é minha filha adotiva, eu a amo de uma forma que você nem imagina e por ela daria a minha vida se fosse preciso.
— Bill, e prometo a você que se for necessário eu mesmo darei a minha vida para protegê-la ... eu prometo.
E assim Bill, puxou aquele menino que chorava arrependido para seus braços. Ele sempre amou esses meninos; Ele e Tomas sempre brincava que os dois homens eram seus pais e hoje era assim que ele se sentia. Charlote tinha os olhos cheios de lágrimas, ela via ali um verdadeiro pai com seu filho, o amor nos olhos de Bill para Tom era de puro e mais sincero amor.
Enquanto isso, na casa geminada, Jack segurava sua esposa em seus braços, aqueles lindos cabelos perfumados caiam sobre seu peito. Ele estava muito preocupado, não queria que ela tivesse contato com Tom, ele não era boa pessoa.
Elizabeth sentia o corpo de seu marido enrijecendo, seus músculos dos braços e pescoço estavam tensos desde cedo e só pioravam. Ela conhecia Jack e sabia de suas preocupações e então resolveu conversar com belo marido.
—Jack!
—Oi minha flor...E continuava a acariciar seus cabelos.
—Você está tão tenso...você está preocupado com Tom?
—Eu não ligo para ele; mas eu não quero você perto dele. Não vou permitir que ele te faça mal novamente; eu não confio nele.
—Jack, eu confio nele. Ele está arrependido. Você tinha de ver o espanto e a reação dele quando eu tirei o xale, dentro da delegacia, claro que foi o que eu havia planejado...mostrar a ele tudo que Charles havia feito, achei que iria mexer com as emoções dele, e foi o que aconteceu...ele chorou muito, desesperadamente.
—Espera ai...Elizabeth Thorton! Você foi à delegacia ver um preso? Gaguejou Jack...E não me falou nada.
Elizabeth percebeu que agora ele estava ainda mais tenso e com muita raiva, então começou a explica:
—Jack, ele é seu irmão. Eu não quero que vocês se separem, porque meu pai está armando e ferindo sua família. Eu não poderia ter um casamento feliz com você, sabendo que sou a causa de todo isso...e no fundo eu conheço um Tom, um jovem que você sempre me falou e é esse jovem que eu quero encontrar e chamar para a vida.
—Mas, ele pode te fazer mal. Jack ainda não concordava; ele estava com tanta raiva de Tom que não conseguia perdoar assim facilmente.
—Amor, olha para mim, por favor. E Elizabeth sorriu e piscou aqueles olhos azuis que tanto fascinava Jack. Ela sabia que era seu ponto fraco, então fez um olhar de cachorrinho perdido.
Jack olhou aquilo, era a coisa mais fofa do mundo; se Elizabeth soubesse o quão graciosa ficava, quando fazia aquele olhar de cachorrinho abandonado...
"Oh deus! Eu estou perdido com essa mulher".
E puxando para seus braços, Jack a abraçou bem apertado, beijando sua cabeça, tinha de mantê-la ali por um tempo, não poderia deixá-la ver seu rosto, ou ela iria descobrir o efeito que aquele olhar tinha sobre ele. Ela nunca poderia saber ou iria fazer dele gato e sapato em suas mãos. Elizabeth abraçou seu marido, seu rosto em seu peito, e podia ouvir as batidas de seu coração e aquela batida parecia uma bateria tão forte e rápida; ela sorriu de leve...
"aquele homem bobo, achava que ela não sabia o que ele estava fazendo agora?"
"Como esse homem era bobo...".
Ela ouviu seu coração batendo e lhe contando o quão afetado, ele ficava com aquele olhar de cachorrinho abandonado...
Elizabeth, aproveitou para falar com Jack que ela tinha um plano. Ela iria virar a vida de Tom de cabeça para baixo e fazer com que ele seguisse um bom caminho.
—Jack, ele não precisa gostar de mim ou de qualquer outra pessoa nessa cidade, mas ele tem de saber respeitar a cada um, e nunca colocar alguém em perigo. Eu só vou lembrá-lo de quem ele é, e quem é o seu pai, e como ele agiria...E sorriu...
Jack notou que sua esposa, iria aprontar com Tom, aquela cara safadinha de menina moleque, queria dizer que ela iria aprontar e muito. Jack balançou a cabeça; Ele começava a ter dó de Tom, talvez essa pena fosse pior do que ir para a cadeia...
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O casamento ( When Call The Heart)
FanfictionConheça Elizabeth. Uma mulher deslumbrante com seus cabelos ruivos e olhos azuis, mas com uma beleza interior ainda mais radiante. Meiga e simples, mesmo sendo uma das mulheres mais ricas do Canadá em 1910, Elizabeth é uma professora visionária, des...