698 PALAVRAS
Lágrimas escorreram pelo seu rosto ao lembrar da crueldade daquele monstro alguns meses atrás; já havia passado mais de quatro meses, mas ela nunca esqueceria a barbaridade que aquele homem, a fez passar em suas mãos. Para falar a verdade, ele não poderia ser chamado de homem, porque nenhum animal seria pior que aquela fera selvagem. Ela ficou gravemente ferida. Seu corpo ficou dolorido e com hematomas por muito tempo. O corte em seus lábios por causa dos tapas e o olho roxo eram uma lembrança de tudo que aquele animal selvagem havia feito com ela. Suas partes íntimas pareciam ter sido cortadas, era uma dor terrível, que só foi agravada pela dor que seu coração sentia. Ela foi humilhada, magoada e abusada da maneira mais cruel que se possa imaginar. Ela havia perdido a coisa mais preciosa que tinha... sua pureza.
"Eu perdi... Não... fui roubada, minha pureza foi arrancada de mim e fui jogada fora como um pedaço de lixo ", pensou ela.
E como um problema leva a outro, um mês depois do abuso, ela descobriu que estava grávida. Quando ela descobriu... ela renegou a Deus, renegou a criança, pois ali estava o fruto e o filho de um monstro. Ela não queria aquele filho, não suportava olhar para ele e lembrar de tudo que havia passado nas mãos daquele animal. Até hoje, ela se lembra do olhar feroz dele quando ele a concebeu à força.
Até hoje, Malyn não entende...
"Como Deus foi tão cruel com ela a ponto de permitir que ela fosse estuprada."
"Por que ela? Por que trazer aquela criança ao mundo?"
Os pensamentos de Malyn estavam tão confusos que ela estava sentada naquela praça do parque em Calgary, onde meses atrás ela havia abandonado as irmãs com a avó e fugido para esta cidade, porque era a única maneira de esconder sua dor e sua gravidez. E não envergonhar a família, e foi ali com aquele jornal nas mãos, perdida num mundo só seu, que ela ouviu uma voz com tom preocupado falando:
— Mocinha, você está bem?
Ela parecia perdida, seus olhos refletiam dor, e ele sabia que ela precisava de ajuda...
— Senhorita?
Mas ela permaneceu em silêncio com os olhos grudados no jornal.
Ele olhou rapidamente para o jornal em suas mãos, já havia lido as manchetes antes e conhecia muito bem o homem da foto. A jovem estava pálida e continuava a olhar para o jornal, as mãos apertando as páginas com tanta força que amassou parte do papel. Ele decidiu chamá-la para mais perto e tocou seu braço.
Com os olhos arregalados de terror, ela olhou para mim e recuou. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, onde o pavor reinava e a palidez era total.
Falei e expliquei que só queria ajudá-la e com muita dificuldade, ela se acalmou e olhou para mim, pela primeira vez realmente me notando.
— Prazer em conhecê-lo... sou mountie aqui na cidade, estava patrulhando o parque quando te vi nesse estado...
— Eu... me desculpe... não quero incomodar você.
— Sou o mountie Edward Monclay, ao seu serviço.
Ele sacudiu a aba do chapéu em saudação. Ela olhou para ele, sem saber se confiava nele ou não. Mas quando ela viu uma luz em seus olhos amendoados, uma energia que lhe dava proteção, ela falou:
— Eu sou Malyn...
— Notei que você estava pálida e chorando muito... Alguém fez alguma coisa com você? Ou você está doente?
Ela sorriu, vendo o quão rápido ele falava e não respirou por um momento. Foi engraçado ver um mountie nervoso...
— Estou bem. Desculpe. Mas preciso ir para casa.
Malyn se levantou, e antes que pudesse dar o primeiro passo, seus olhos escureceram, suas pernas tremeram e ela se sentiu caindo em um vale de nuvens, e assim tudo se apagou...
Edward pegou a jovem nos braços antes que ela caísse no chão. Ele a ergueu com facilidade, pois ela não pesava mais que uma pena. Seu coração doeu ao vê-la inconsciente e seu sangue gelou quando a viu desmaiar. Ele a conhecia há apenas alguns minutos e não conseguia entender por que estava tão preocupado.
"Deus, ela tem que estar bem... Não deixe nada acontecer com essa jovem " Edward falou com Deus em voz baixa, enquanto carregava aquela mulher pelas ruas de Calgary...
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O casamento ( When Call The Heart)
FanfictionConheça Elizabeth. Uma mulher deslumbrante com seus cabelos ruivos e olhos azuis, mas com uma beleza interior ainda mais radiante. Meiga e simples, mesmo sendo uma das mulheres mais ricas do Canadá em 1910, Elizabeth é uma professora visionária, des...