Capítulo 107

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1113 PALAVRAS

Elizabeth trancou a porta da escola, ainda sorrindo pela despedida carinhosa com seu marido. O sol poente tingia o céu de tons quentes, mas a atmosfera mudou abruptamente, quando ela trancou a porta. Um arrepio súbito percorreu sua espinha, como se algo no ar tivesse se transformado.

Uma voz horripilante ecoou pela sala vazia, fazendo com que Elizabeth se encolhesse. Um calafrio percorreu sua espinha quando a voz, áspera e cheia de malícia, sussurrou:

— Eu cheguei, Elizabeth. E agora, você será minha.

O coração dela disparou, e uma sombra de pavor obscureceu sua felicidade recente. Elizabeth tentou localizar a fonte da voz, mas a penumbra que se espalhava pela sala, tornava tudo indistinto. Ela começou a caminhar apressadamente tentando chegar até a janela, mas o som de passos pesados atrás dela a fez congelar.

— Quem está aí? Elizabeth balbuciou, sua voz vacilante.

Uma risada sinistra cortou o silêncio.

— Você me conhece a vida toda, e vai fingir que não sabe quem eu sou... Você não pode escapar, Elizabeth. Eu sempre encontro aqueles que tentam.

— Pai... Sua voz falhou. Suas pernas tremiam como maria mole. Sua testa suava e suas mãos estavam frias.

O terror se instalou na mente, enquanto uma sombra, vestida de negro, feições que ela sempre temeu, aparecia naquele canto da sala. Ele exalava uma presença ameaçadora.

Antes que Elizabeth pudesse reagir, uma mão fria e cruel, agarrou seu cabelo, puxando-a para trás com violência. Seu grito ecoou pela sala vazia, onde ninguém poderia ouvir. O homem sinistro aproximou-se ainda mais encostando seu corpo ao dela, revelando um sorriso malévolo.

— Você pertence a mim agora, Elizabeth, ele murmurou em seu ouvido, enquanto passava sua língua naquele local, fazendo com que ela se arrepiasse de medo. Os olhos dele brilharam com uma malevolência sombria.

Ela fechou os olhos com força, tentando bloquear a visão aterrorizante diante dela. Sentiu seu corpo sendo lançado contra o peito dele, seu coração batendo descontroladamente. Cada respiração se transformou em um suspiro tenso, enquanto o medo se apoderava de sua mente.

— Pai, por favor, me deixe. Elizabeth falava enquanto lagrimas transbordavam de seus olhos.

Willian, era cínico, tinha um riso debochado, ele estava tendo muito prazer em vê-la com pavor e sofrendo.

— Eu não sou seu pai, menina tola. Nunca fui. Só te roubei de minha irmã, quando você nasceu, porque não queria falatórios e fofocas no alto sociedade sobre minha família.

— Pai...

— Eu já disse não sou seu pai. Mas serei seu homem daqui a pouco. E ria.

Willian era velho, mas era muito forte, Elizabeth tentava se soltar, mas ele lhe apertava a cintura cada vez mais forte, com uma garra de ferro. Ela estava desesperada, aquele homem não era seu pai e ele não estava se importando com ela.

Ela com pavor começou a gritar o mais alto que conseguia, quando sentiu uma das mãos em seus seios. Ele ria e apalpava seu corpo com uma mão, enquanto a outra a prendia pela cintura, bem junto ao corpo dele.

Grossas lagrimas escorriam em seu rosto. Ela sentiu seu cabelo sendo puxado para trás, um grito de dor ecoou na sala. Ele a jogou longe, onde os dois lutavam, enquanto ela tentava fugir e ele tentava lhe segurar, enquanto suas mãos rasgavam suas roupas...

.... Um botão.

... Dois botões.

.... Uma sequência de botões caiu ao chão, a parte da frente de sua blusa branca, estava totalmente aberta, onde já se via o espartilho, que abrigava aqueles pequenos seios. Ela estava apavorada.

Willian respirou fundo, com aquela visão, era muito mais macia e mais bonita do que ele havia imaginado a vida toda.

Willian, era impiedoso, violento, seu corpo pesava sobre Elizabeth, após um violento tapa no rosto, ele era um animal furioso, e com gestos bruscos, enquanto pegava em todo corpo dela, rasgou mais uma parte de sua blusa.

O desespero envolveu Elizabeth, como um manto sombrio, mas sua coragem ainda pulsava dentro dela.

Enquanto ele avançava, pronto para cometer um ato mais terrível, Elizabeth, movida pelo instinto de sobrevivência, reuniu suas últimas forças, e com um grito sufocado, ela ergue a cabeça e desferiu uma cabeçada precisa no rosto de Willian.

Um som agudo de impacto cortou o ar, e o sangue jorrou do nariz dele, pintando o chão em gotas escarlates.

O gemido de dor escapou dos lábios de Willian, interrompendo momentaneamente sua agressão.

Elizabeth, apesar da adrenalina pulsando em suas veias, se arrastou para longe dele, a respiração entrecortada. Seu peito arfava, não apenas pela luta física, mas pela batalha emocional que tratava contra o horror que se desdobrava diante dela.

Enquanto isso... em algum lugar distante, em meio as estradas que levavam a Hope Valle, Frankison, sentiu um arrepio percorrer sua espinha, como se uma sombra tenebrosa tivesse estendido suas garras até ele. Um aperto angustiante em seu coração, despertando uma sensação de inquietude que o consumia.

Instintivamente, ele procurou por seu amigo mais próximo, Edward, cujos olhos refletiam a mesma preocupação dele.

Edward, sabia que algo estava errado com Frankison. Quando eles eram crianças, Edward por muitas vezes viu aquele olhar, mas eles eram pequenos, e de nada entendiam. Mas hoje homem e mountie dentro dele, o faziam perceber que Frankison, tinha algo errado e era relacionado com sua irmã gêmea.

Frankison tinha o rosto pálido e o pescoço vermelho, sua mão agitava a mexa de seu cabelo inconsciente do seu ato, sua respiração estava ofegante e parecia de alguém lutando. Não era preciso dizer uma palavra, a conexão entre os dois irmãos gêmeos, transcendia a distância física.

Frankison compartilhou com Edward, a inquietude que o envolvia como se suas almas estivessem interligadas por um laço invisível.

— Algo está errado com Elizabeth, sussurrou Frankison... sua voz tremula de apreensão.

Edward e os outros o olhavam surpresos.

— Eu posso sentir. Precisamos nos apressar.

Edward, ciente da ligação especial entre eles, assentiu gravemente.

Juntos, todos eles embarcaram em uma corrida contra o tempo, guiados pelo instinto e pela força da fraternidade. O coração de Frankison martelava em seu peito, uma batida desesperada que ecoava o perigo que pairava sobre sua irmã.

Eles se apressavam pelas estradas sombrias, a ansiedade aumentava a cada passo dos cavalos. Frankison compartilhava com Edward memorias de infância e os momentos que moldaram a ligação inquebrável entre ele e sua irmã. A conversa fluía como forma de aliviar a tensão de todos, mas a preocupação aumentava a cada lembrança, alimentando a determinação em seus olhos.

O silêncio prenunciava a grande tempestade, e Frankison sentiu que algo o aguardava, prometendo desvendar os segredos sombrios do passado.

Enquanto eles se lançavam na encruzilhada do perigo das estradas, alguém em uma sala gritava com a tensão de um confronto eminente. Willian, com um olhar predador e raivoso, enfrentava aquela frágil menina... A sombra da incerteza pairava no ar, enquanto o destino dos dois se entrelaçavam em um momento crucial...

O casamento  (  When Call The Heart)Onde histórias criam vida. Descubra agora