Capítulo 54

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1814 PALAVRAS

— Querida... você pode me contar tudo o que aconteceu no dia do nascimento dos nossos filhos? Perguntou Wynn, enquanto segurava sua esposa nos braços em sua cama.

— Wynn, meu querido, claro que posso te contar. Mas porque?

— Só gostaria de ouvir, meu amor..., mas gostaria que você detalhasse cada pedacinho daquele dia. Por favor.

— Aquela noite, eu passei nos seus braços, eu estava sentindo dores há dias, porque já estava dilatando. Mas você ficou a noite toda com a gente. Lembro de você conversando com as crianças e enxugando minhas lagrimas, quando meu emocional explodia. Eu senti seu amor, e ali em meio aos seus braços percebi que você seria o melhor pai do mundo. Quando amanheceu, estava chovendo fraco, eu fiquei na cama, e meu coração doeu vendo você ter de partir para o trabalho, eu sabia que você estava exausto após uma noite sem dormir ao nosso lado. Eu não me levantei para o café, porque estava indisposta; A copeira me falou que Grace também não estava se sentindo bem e na hora do almoço, me trouxeram uma sopa, do qual me lembro de comer tudo, eu estava morta de fome. Mais tarde, eu adormeci e quando acordei na parte da tarde, as dores estavam bem fortes e me incomodaram muito, foi até por isso, que não consegui ficar dormindo mais. Willian, havia chegado, segundo a copeira, ele almoçou em casa, havia voltado cedo, porque a previsão estava para uma tempestade naquele dia. Foi quando eu olhei para janela e vi o mundo d'água que caia. Parecia que as torneiras do céu estavam abertas. Eram relâmpagos e trovoes, que clareavam todo o céu. O engraçado que ainda era fim de tarde, mas a escuridão tomava conta do céu.

— As dores aumentavam muito, e acabei chamando a copeira que nos atendia, a moça avisou meu irmão e ele mandou chamar o médico.

— A casa estava um silêncio, nada se ouvia, além dos meus gemidos de dor; eu queria que você estivesse comigo, mas Willian me disse que você havia ligado, mas que você mandou me avisar que estava ocupado, em horário de trabalho e tinha obrigações a cumprir com o país, pois tinha muita gente sendo prejudicado pelas enchentes.

— Eu tive a impressão de ouvir gritos, gemidos, mas era algo diferente, eles pareciam abafados. Pouco tempo depois meu irmão entrou no quarto com a camisa dobrada até o cotovelo, meio sujo com sangue, cabelo desgrenhado e me perguntou se eu poderia aguentar um pouco, porque só haviam encontrado uma parteira, e todo o bairro estava alagado e ele não conseguiria levar ao hospital. Quando eu questionei o estado que ele estava todo desgrenhado, ele me disse que Grace estava em trabalho de parto, que estava ajudando por lá. E assim ela ia contando sem nem parar para respirar.

— A copeira foi mandada para meu quarto, ela deveria ficar o tempo todo comigo, foi a ordem de Willian.Ele às vezes chegava na porta e dizia, fique calma irmã, a parteira já vem. A parteira, quando entrou no quarto, me olhou e depois olhou para Wiliam. Eu estava com tanta dor que nada queria falar. Só queria acabar com aquilo.

— Willian ficou lá fora, mas mandou a copeira descer para arrumar caldos e água quente para os banhos, e veio uma senhora dizendo ser a governanta; falou ela ao pensar sobre o fato. Aquela mulher era mais velha do que eu já meio encurvada, tinha uma marca de uma cicatriz que ia do olho esquerdo até a boca, como se fosse um grande corte, eu nunca havia visto aquela mulher ali na casa; lembro dela gritando comigo, ela subia em cima da minha barriga e apertava muito. Nasceu Frankison, ele chorou e ela colocou em cima de mim, então eu vi eu era menino; elas o tiraram de mim e colocaram no berço, lembro dele chorando desesperado, mas a minha dor começou e era enorme, eu já não tinha forças, parecia que o ar me faltava, lembro também da minha visão ficando embaçada, ela me tocava e tentava virar a criança que segundo ela estava virada; era uma dor insuportável, gritei muito, eu te chamava, mas nada além daquela dor horrível.

O casamento  (  When Call The Heart)Onde histórias criam vida. Descubra agora