1376 PALAVRAS
Tom chegou muito cedo na escola, quando Elizabeth apareceu faltava ainda uma hora para o início das aulas; ela ficou admirada por ver Tom ali, e mais ainda por ver que ele já havia cortado todo o estoque de lenha para o inverno, e acendido o fogão. A sala já estava toda limpa e Elizabeth só pode elogiar e agradecer.
— Você chegou muito cedo, Tom! Não precisava madrugar assim.
— Eu queria adiantar todo serviço, além disso, eu não consegui dormir bem essa noite. Tom falou olhando para baixo.
— Tom, e espero não estar pegando pesado com você? Eu sei que não está acostumado com esse tipo de serviço, realmente eu espero não ter passado do limite e te deixado esgotado.
Tom viu nos olhos dela, toda a sinceridade e receio que passou por ali. Aquela mulher estava preocupada se ele estava ou não cansado, ao invés de se preocupar com suas feridas e em castigá-lo.
— Não Elizabeth; não fiquei assim por cansaço. E você não fez nada de errado. Você só está me ajudando a achar meu caminho de volta.
Ela viu que Tom estava com algum problema, ele tinha isso escrito em sua face, e por isso foi logo perguntando.
— Olha! Eu sei que não começamos bem; mas eu sinto que você está com algum problema. Se quiser conversar, sou boa ouvinte.
— Eu não consegui dormir bem, porque eu ouvi uma história ontem e acabei ficando perdido. Eu não tenho Jack mais e acabei ficando sozinho.
— O que você ouviu Tom Thorton? Ela falou seria olhando em seus olhos e com as mãos na cintura.
Tom conhecia aquela cara, sua mãe era assim quando não aceitava uma mentira ou quando estava brava com eles... Ele que não iria se arriscar, e preferiu contar tudo.
— Ontem à noite, Bill conversando com minha mãe... E assim ele contou toda a história de seu pai, de Hargraves, da tentativa de estupro de sua mãe nas mãos de Hargraves, de Bill se declarando para sua mãe... E chorava, chorava muito enquanto falava.
Elizabeth só ouvia; algumas vezes ela deu um leve apertão na mão dele, queria com aquele gesto sutil mostrar que estava ali para lhe dar força. Segurou suas lagrimas a todo custo, não queria demonstrar fraqueza para Tom, mas saber de todo sofrimento que sua soga havia enfrentado, lhe dava mais motivo para lutar contra seus problemas, nenhuma mulher precisava passar por uma dor daquela, e Charlote passou duas vezes, primeiro cunhado e depois o parceiro de seu falecido marido, dois homens que deveriam ter respeitado e protegido aquela mulher. Ela tinha uma história parecida com a sua. Saber tudo que Charles fez e aquilo que ele não conseguiu fazer, mas por muito pouco, era chocante, mas saber que ele era seu ex amigo, aquele que ela conhecia desde sempre, uma pessoa que esteve presente em sua vida, durante todo o tempo. Ela sabia o que Charlote deveria ter sentido, além de medo, humilhação, ela deve ter se decepcionado de mais, ao ver um homem em quem confiava lhe fazer mal.
— Tom, você sabe me dizer se Jack sabe dessa história?
— Não. Acho que ele não sabe de nada. Meu irmão tem cabeça quente, quando se diz respeito as pessoas que ele ama. Se ele soubesse dessa história do Hargraves, ele teria matado aquele patife com as próprias mãos. Quanto ao Bill... Eu fiquei muito surpreso, acho que só o próprio Bill sabia desse amor e guardou dentro dele, por todo esse tempo. E nem sei o que Jack pensaria sobre isso.
— Tom vou te perguntar algo e quero uma resposta sincera; O que você acha do amor de Bill por sua mãe? Como você se sente com isso?
— Eu... para te falar a verdade, nunca imaginei minha mãe com outro homem, que não fosse meu pai.
— Por quê? Ela não merece ser feliz?
— Claro que ela merece ser feliz. Mas outro homem? E o meu pai? Ela não pode esquecê-lo.
— Tom, escuta o que eu vou te falar. A vida é muita curta, para a gente colocar esse tipo de regras. Poucas pessoas têm o amor que seus pais tiveram, um amor puro e verdadeiro, daqueles que vão até que a morte os separe. Mas veja tom, outro homem na vida de sua mãe, não quer dizer que ela está esquecendo seu pai, isso nunca irá acontecer, pois ela tem você e Jack, e sempre que olhar para vocês, pode ter certeza que ela vai lembrar o quão parecido com o pai, vocês são. Se algum dia ela encontrar outra pessoa... um segundo amor, é obra de Deus, que está lhe dando outra oportunidade de ser feliz.
— Eu... não tinha pensado nisso.
— Bill é um grande homem, Tom. Um pai para mim, como sei que foi um pai para você e Jack por toda a vida. Um homem que prefere esconder seu amor, para não confundir os sentimentos de vocês, este homem deve amar muito sua mãe e vocês dois. E é Charlote que deve decidir o que fazer da sua vida, mas veja você e Jack, devem abrir os olhos e o coração e apoiá-la, quando ele precisar.
— Você pode me fazer um favor, Elizabeth? Tom perguntou baixinho.
— Sim...
— Jack precisa saber; mas eu não tenho como falar com ele, além disso, eu não saberia como contar isso a ele, sem que uma bomba explodisse na hora; porque sei que esses dois assuntos vão mexer com meu irmão. Talvez você consiga falar com ele com jeitinho...
— Ok. Pode deixar que cuidarei de Jack.
Ela se levantou, pegou o sino de vaca e tocou na porta da escola. E em questão de minutos a sala já estava lotada de crianças.
Naquela manhã...
Frankison havia levantado cedo e saído para rondas com Jack. Precisava de ar livre, pois sua cabeça estava pensando demais. Essas férias eram para descansar, mas seu cérebro estava a mil por hora e lhe deixando louco.
— Frankison! Está acontecendo alguma coisa? Você está com algum problema? Jack foi logo perguntando.
Jack havia notado desde que saíram da delegacia, que ele estava com algum problema. Frankison tinha as mesmas manias de Elizabeth, quando estava nervosa. Ele tinha mexido naquela mecha de cabelo umas cinquenta vezes. Colocava para trás, para o lado, mexia de novo, e ele mesmo com cabelo curto de policial, ainda mantinha aquela mechinha teimosa; era um cabelo rebelde, ria Jack.
— Eu não consigo dormir bem há dois dias ou mais...
— Ainda cansado da viagem? Ou é por causa do sequestro de Elizabeth?
— Acho que um pouco de tudo isso, Jack. Você nem imagina o pavor que senti ao saber que ela estava nas mãos de Charles.
— Nós sentimos Frankison. Todos nós.
— Mas não é esse o problema Jack... E parando seu cavalo, ele olhou nos olhos de Jack.
"Era impressionante, como parecia estar vendo Elizabeth ali naquele semblante. "
— Qual o problema? Jack já percebia o que era...
— Você não percebeu como somos parecidos? Sua esposa e eu... é como olhar em um espelho. E ainda temos as mesmas manias, parece que sabemos o que o outro pensa antes de falar.
— Frankison, eu sei que você está confuso como eu, Bill e até seu pai, todos estamos muito confusos com isso.
— Nós vamos descobrir isso juntos. Mas realmente eu concordo com você, que é tudo muito estranho.
— Eu preciso descobri a verdade Jack, pois está me consumindo. Agora que vi Elizabeth, ela não sai do meu pensamento; e desculpa a franqueza, mas o amor que tenho por ela, não é o mesmo tipo de amor que você tem. Eu amo aquela menina, como se fosse minha irmã desde que nasci. Antes... todos falavam, que eu estava colocando-a no lugar de minha falecida Irmã, mas, na verdade, eu a amei desde sempre, desde que nascemos. Você não imagina como sofri, quando nos separaram durante esses anos todos, e agora eu a encontro e ela é...
— Igual a você; eu e todos da cidade ficamos muito surpresos, quando vimos o quanto vocês se parecem. É inacreditável.
— Não fale nada para ela, Jack. Nós não sabemos se pode ter algo nessa história ou se é só uma brincadeira do destino.
— Combinado. Não vamos dar mais motivos para que ela se preocupe antes da hora. Ela já passou por muita coisa esses dias.
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O casamento ( When Call The Heart)
FanfictionConheça Elizabeth. Uma mulher deslumbrante com seus cabelos ruivos e olhos azuis, mas com uma beleza interior ainda mais radiante. Meiga e simples, mesmo sendo uma das mulheres mais ricas do Canadá em 1910, Elizabeth é uma professora visionária, des...