capítulo 9| a perfeição esconde cicatrizes

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Confesso que a sensação de andar de moto é interessante. Não consigo sentir totalmente o vento atingir meu rosto por conta do capacete que me protege.

Mas não me protege contra a adrenalina e pavor que sinto quando Patrick faz as ultrapassagens. Ele com certeza deve ter certeza e segurança do que está fazendo, então tento não me manter totalmente aterrorizada e focar nas sensações boas. Ainda assim, considero um veículo que eu não usaria com frequência — ou nunca.

Em pouquíssimos minutos Patrick havia entrado no meu bairro e parado em frente a minha casa.

Quando ele estaciona a moto e apoia o pé no chão, ainda sinto uma certa adrenalina percorrer meu corpo e quando ela se estabiliza, solto meus braços da cintura de Patrick e me preparo para pular fora da moto dele.

— Viu só? Entregue sã e salva — ele não perde a oportunidade de falar assim que fico de frente para ele, com as mãos na cintura.

— Com certeza não graças a você — respondo desabotoando o capacete.

— Confessa que adorou andar na minha motinha, como você mesma costuma dizer — os lábios dele se erguem discretamente, formando un sorriso.

— Eu não adorei. Odiei. Detestei — revirei os olhos, apoiando minhas mãos no capacete e erguendo-o para cima, livrando minha cabeça dele.

Jamais daria a Patrick Patterson o sabor de saber que eu gostei de andar na moto dele. Jamais faria isso. Ele já tem o ego maior do que a cabeça, por que eu o aumentaria mais ainda?

E só de pensar na possibilidade de que tipo de pessoas já andaram com ele nessa moto, me dá náuseas. Sinceramente, não queria ser uma dessas garotas que andavam na moto de Patrick.

— Dizendo assim... — ele pega o capacete de minhas mãos e coloca na cabeça dele.

— Obrigada pela carona — agradeço passando na frente da moto para ir para a calçada de minha casa.

— De nada — ele diz ao terminar de abotoar o capacete e segurar o guidão da moto. — boa noite.

— Boa noite — lhe dou às costas e caminho a passos largos até a porta de minha casa.

Ao apertar a campainha, me viro para encarar Patrick que continua me observando, esperando que eu entre em casa.

Tento não pensar no que o meu pai vai pensar ao perceber que eu cheguei de moto em casa, na moto de um cara que ele nem conhece.

Assim que ouço a fechadura sendo aberta, entro de uma vez, não dando chance para meu pai olhar pela fresta da porta.

— Dá próxima vez, eu levo as chaves — digo fechando a porta rapidamente. Ouço o moto da moto de Patrick se afastar de minha casa.

Meu pai franze o senho.

— Veio com quem?

— Com uma amiga do curso. Brooke.

— De quê? — ele pergunta voltando novamente na direção do porta, abrindo-a.

— De táxi. Claro — minto, apertando a bolsa contra mim.

— Humm — ele observa a rua.

Faço o mesmo que ele, e suspiro aliviado ao ver um táxi passando um pouco mais a frente e nenhum sinal de Patrick e sua moto.

— Se divertiu? — meu pai pergunta fechando a porta.

— Um pouco. Só estou cansada. Vou subir, tá?

Meu pai assente e eu aproveito para correr para o meu quarto. Essa foi por pouco. O que ele faria se me visse andando na garupa de um cara por aí?

A Força Do QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora