capítulo 31| de volta pra casa

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|Kiara Johnson|

Sexta-feira

Passo pelo corredor com a maior naturalidade do mundo. Eu deveria estar na aula, mas não consigo me concentrar — igual a semana inteira.

É metade do dia e sinto que vou acabar burlando os restantes das aulas de hoje.

Desde o fim de semana/feriado com a família de Brooke, tenho me sentido diferente. Extremamente diferente.

Os dias foram incríveis — jamais me imaginei afirmando algo do tipo —, e tirando os acontecimentos do último dia, eu poderia dizer que foi o melhor fim de semana de minha vida.

Estava achando a família de Brooke tão perfeita, que nem pareciam reais, mas em meio as brincadeiras e implicâncias, mostraram que não são, e no fim de tudo, eles tem problemas igual à todos, o que rolou com o Bruce — pai de Patrick — deixou bastante claro, e agora tenho mais respeito por eles.

Ter ficado com Quinn e Sophie foi uma coisa que nunca fiz antes e eu estava completa e inteiramente apavorada. O que eu, sem experiência alguma com criança, poderia fazer para acalmar uma criança que estava presenciando um pai bêbado e que não entende o que está acontecendo?

Não poderia fazer nada além de abraça-la e não solta-la. Brooke que deu a ideia para que eu narrasse uma história enquanto ela e Bruna fariam uma atuação improvisada para mudar o foco de atenção de Quinn, Sophie só falou algo depois que acabamos a apresentação, ela ficou o tempo inteiro em silêncio.

E no fim, Patrick apareceu. Ele parecia abalado e bastante preocupado com as irmãs. Não sei o que faria no lugar dele, não acho que conseguiria lidar com aquela situação. Espero pelo menos que não seja uma situação que se repita com frequência.

Atravesso o gramado e chego na pista de corrida da universidade. O sol está fervendo e o pouco vento que atinge meu corpo é quente.

Suspiro.

Desde o fim daquele dia Patrick e eu não tivemos o mínimo de contato, e ele nem está vindo para a universidade. Brooke ainda parece preocupada e não falou muito sobre o que ocorreu, apenas perguntou se eu gostei de ter conhecido a livraria.

Sorrio.

Ter estado nos braços de Patrick e ter tido um tempinho a sós com ele me deixou mais leve, e na verdade, acho que foi algo a mais. Além dos amassos, o que mais gostei foi a nossa conversa sobre os livros, ele me apresentando o lugar que conhece bem.

É, eu gostei.

Mas, desde então, não temos nos falado. Talvez ele apenas já tenha se divertido o suficiente comigo — não que seja uma surpresa.

— São todos iguais — revirei os olhos, erguendo os olhos para as arquibancadas.

Sinto meu corpo parar por alguns segundos igual a minha respiração.

— Parece que viu um fantasma — Patrick comenta me observando.

Ele está sentado na arquibancada.

— Quase isso — confesso. Não esperava vê-lo, muito menos aqui numa hora dessas.

Patrick não diz mais nada e volta a se concentrar no caderno que traz consigo. Suas pernas estão cruzadas — é onde o caderno está apoiado.

Eu deveria levar isso como um sinal e me afastar, e não querer saber porquê ele está agindo assim. Quantas vezes não fui essa pessoa? Que afasta as outras bruscamente.

Fecho um pouco os olhos por conta do sol, e ignoro minha consciência que diz para que eu dê meia-volta e me afaste da arquibancada. Procuro as escadas e as subo na direção de Patrick.

A Força Do QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora