capítulo 13| bad at home

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Ouço as crianças e o latido de seus cachorros enquanto bebo de cima do telhado de casa, este horário costuma ser movimentado, tudo parece misturado, principalmente quando se nota o tom de cor das nuvens, transformando tudo em algo triste e nostálgico — mas encantador.

Sempre me sinto assim, parece que estou desgastada demais para a idade e posição na qual me encontro. Será se estou vivendo errado?

O bairro que meus pais escolheram para começar uma vida juntos sempre foi muito tranquilo, principalmente no fim de tarde. Para o meu alívio, meu pai está no trabalho, sinto o ambiente melhor quando estou sozinha.

Deixo a bebida de lado, cruzo as pernas e pego minha pasta de amendoim. Abro e como com uma colher diretamente do pote — meu pai provavelmente brigaria por conta disso, mas é aquele ditado: o que os olhos não vêem, o coração não sente.

Deixo o gostinho da pasta ficar por mais tempo em minha língua antes de engolir e suspirar. Isso é tão bom!

Ao comer meu doce, presto atenção nas pessoas que andam na rua e que eu consigo ver por conta do meu canto de visão. Observo-as.

Algumas eu conheço desde quando nasci, e outras, nunca nem vi na vida. É muito fácil supor o modo que elas vivem, algumas se expõe tanto que só falta elas colocarem uma plaquinha na testa para indicar.

Meus ouvidos focam numa criança correndo de um lado para o outro, fazendo com que um homem adulto que esta vestido de terno corra atrás dele também. Ambos sorriem e a criança solta gritinhinhos quando o homem o pega no colo e o levanta no alto.

Percebo que são pai e filho pela semelhança, e a forma como ambos falam. O pai parece ser bem lúdico enquanto brinca com a criança.

Essa é a idade na qual tudo parece um arco íris, e o único problema é ter que ir dormir cedo, e ter que parar de brincar.

[...]

Encaro a bebida pela metade e o pote de pasta de amendoim já acabou. O céu está escuro e pouco consigo ver as nuvens, ao fundo, ouço sirenes de uma ambulância.

Santa Mônica quase nunca para.

Pego o que trouxe para o telhado e pulo pela janela do meu quarto como de costume. Preciso tomar um banho e esconder a bebida.

Deixo o pote vazio de pasta de amendoim na lixeira da cozinha depois de ter deixado minha bebida dentro de uma mala em meu quarto — meu pai nunca irá descobrir assim.

Escolho uma playlist e toco o play antes de entrar no banheiro. Retiro meu shorts e depois a blusa, jogando-as no cesto de roupa suja.

Prendo meu cabelo em um coque e passo para debaixo do chuveiro. As primeiras gotas de água escorrem quentes por meu rosto, fazendo meus músculos relaxarem.

Fecho um pouco os olhos tentando não pensar na semana de provas que tenho pela frente.

Depois do banho coloco um pijama confortável e visto por cima um casaco com bolsos, guardo meu celular dentro desse bolso, conecto os fones de ouvido e desço as escadas. Preciso jantar.

A moça que trabalha aqui em casa já tinha posto a mesa para dois e eu me sentei e me servi.

Geralmente meu pai chega na hora certa para jantar, mas por um acaso, hoje ele atrasou.

Deixo o garfo e a faca cair da minha mão ao ser surpreendida com a porta de casa sendo batida com força. Jane, a empregada, passa para o hall da casa, preocupada. Antes que eu tenha uma reação e possa me levantar, ouço a voz de meu pai.

Péssimo dia para ele, pelo que parece.

Suspiro, vai sobrar para mim, tenho certeza.

— Não me esperou — meu pai ergue a sobrancelha ao me ver comendo.

A Força Do QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora