Alguns dias depois
Desde que meu pai conheceu Patrick e nós finalmente tivemos o almoço que ele tanto queria para conhecer de fato o meu namorado, a situação parece ter sido amenizada. O "ar" em nossa casa está mais tranquilo, e ele bastante satisfeito comigo.
Tenho conseguido mais liberdade para encontrar e sair com Patrick, as únicas críticas que recebo agora é: "não estrague tudo. Ele é um bom rapaz", e isso parece completamente bizarro saindo dos lábios de meu pai.
Porém, não tenho reclamado, ele não implica com Patrick ou eu passar tempo demais com Patrick e as irmãs. Ele está feliz com isso também, na verdade. Talvez ele quisesse se livrar de mim, enfim, é algo novo e tenho tentado pensar nisso de forma racional quando penso.
Tenho focado na minha terapia e em pesquisar sobre Psicologia e como funciona essa profissão, meu psicólogo recomendou que eu falasse com pessoas da área. Como ele é especializado em Orientação Profissional, nós fizemos alguns testes vocacionais e estamos montando algumas estratégias para que eu conheça melhor a profissão e crie um esboço do que eu pretendo ser, como eu me imagino e se vale a pena para mim.
Mas, eu sei que o mais difícil será contar ao meu pai. O sonho dele é que eu me forme na mesma profissão que ele e a minha mãe, e desde que ela veio a óbito, ele vem me moldando para isso.
É hora de mudar. E eu mudei.
O almoço com os Pattersons, eu e meu pai foi completamente animado. Definitivamente, não era aquilo que meu pai esperava ou imaginava de quem eles eram e isso ficou muito evidente. Eu estava extremamente apreensiva, estava com medo de odiarem meu pai ou ele julgar demais a família nada convencional do meu namorado, no fim das contas, todos conquistaram meu pai e eu não acho que tenha sido fingimento.
Quinn foi a primeira a chamar sua atenção, ela quebrou o clima mais sério do almoço e fez com que todos nós estivéssemos confortáveis, meu pai adorou ela, ela o respondia de uma maneira que ele não esperava que uma criança responderia e em vários momentos meu pai chegou a comparar Quinn à mim.
Todos os Pattersons de alguma forma chamaram a atenção de meu pai, que os analisou atentamente enquanto se deixava levar pelas conversas menos formais das quais ele está acostumado. Imagino que ele estava esperando uma família muito mais "formal". Mesmo os Pattersons possuindo uma educação fora do comum, a sua simpatia e jeito amoroso sempre ultrapassam qualquer formalidade, e isso é formidável.
Com meu pai feliz e sem muitas reclamações para cima de mim, tenho tido mais tempo para refletir e tomar coragem para mudar de curso, sei que ele não vai ficar feliz, mas quem tem que estar feliz sou eu, então terei que tomar essa decisão sozinha e consciente das consequências que irei enfrentar, não poderia voltar atrás.
- Eu acho que tem algo errado - a voz de Sophie me trás de volta a realidade e eu viro um pouco meu rosto para encará-la assim que o semáforo fica vermelho.
- O quê, Sôph? - pergunto, confusa.
Estou levando Sophie para a casa de uma das amigas dela. Patrick estava ocupado com Quinn na aula de natação dela, e Perla não sabe dirigir e há muito tempo o pai deles não pega no carro, então eu fui a mais indicada a levá-la.
- Com Perlita. Ela ainda está estranha. E agora ela nem sai mais.
- Algo mais? - pergunto. - não tenho notado mais nada desde aquele dia.
- Perlita faz teatro, não lembra? Tenho para mim que ela está escondendo algo muito sério. Ela se fecha tanto às vezes! Cabeça-dura.
- Acho que ser cabeça-dura é de família - falo voltando minha atenção para o trânsito.
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A Força Do Querer
RomanceTudo estava sobre controle na vida de Kiara, ela tinha o apoio para fazer o que desejasse, sentia que a família era seu tudo, confiava nos pais. Era feliz, era ela. Sem vícios, sem amargura, sem medos e desconfiança. Patrick nem sempre pôde confiar...