capítulo 116| 💜✨

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Visto uma camiseta larga cor creme e prendo meu cabelo em um coque antes de sair da suíte de Patrick.

Depois que saímos do do Rancho, vim para a casa de Patrick. Dormi aqui e vou passar o restante do domingo com eles, já faz algumas semanas desde a decisão do juiz a respeito da guarda deles, mas é muito perceptível o quando toda a situação foi estressante e mexeu com o psicológico de cada um, assim como a dinâmica da casa.

Patrick me disse que Ada ainda está na cidade, e que ela aparece de vez em quando, mas não fica na casa como se fosse dela. Dependendo de como ela vai agir, eles têm o direito de pedir uma medida de proteção contra ela - mas não acho que isso vá acontecer.

Na sala de estar, Quinn brinca com umas bonecas e um carrinho que cabe algumas delas, o barulho do desenho que passa na TV quase se mistura a voz dela que narra o que as bonecas estão fazendo.

- Bom dia, Kah - Sophie me cumprimenta com o sorriso. Ela ainda está de pijama e seu Kindle está em suas mãos.

- Bom dia, Sôph - respondo bocejando. - Aonde estão os outros? - pergunto me sentando ao lado dela.

- Papai e Patrick foram comprar algo, mas não demoram. Perla está lá fora, fazendo sabe se lá Deus o que sozinha - Sophie diz em tom de julgamento.

- E você está aqui tomando café da manhã. Por que não está com ela então?

- Sim, e lendo, com a sua companhia agora - ela coloca o kindle em cima da mesa. - Porque é o jeito de Perla, acho que tem algo incomodando ela e as opções são: 1) está tentando lidar com seus próprios sentimentos; 2) está tentando achar um jeito de controlar os sentimentos e poder fingir que está tudo bem pra gente; 3) ela fez algo e deu errado.

Acompanho Sophie durante o café da manhã e depois ajudo ela a recolher a louça suja enquanto conversamos.

- Vou jogar alguma coisa enquanto espero que Quinn não quebre nada na sala de estar. Vai vir comigo?

Nego com a cabeça.

- Vou pegar um sol. Tô precisando de vitamina - comento antes de sair pela porta da cozinha e observar Perla sentada na beira da piscina, balançando as pernas na água, e ao lado dela está a Garrinhas.

Ela está usando um biquíni azul simples e seu cabelo está preso em um rabo de cabelo.

- Não sabia que a gente colocava um biquíni só pra olhar pra piscina - comento, chamando sua atenção.

- Isso se chama bronzeamento natural - ela me responde, ainda olhando fixamente para a água à sua frente.

- Bom, só seria chamado de bronzeamento natural se você estivesse deitada naquelas espreguiçadeiras, não aqui sentada olhando pra água. O que foi?

- Você está andando demais com Patsy, Kiara. Está ficando igualzinha à ele.

- Entendi. Então, qual o problema? - pergunto novamente.

Perla ri.

- Vocês são iguais mesmo - ela comenta.

Sento ao seu lado e coloco meus pés dentro da piscina também, sentindo a água morna em volta das minhas pernas nuas.

- Só estou respirando agora depois de tudo o que aconteceu com a volta da minha mãe. É estranho estar longe daquele caos, estou tentando me acostumar com a calmaria, e tenho medo de que ela retorne do nada novamente. E puff, tudo saia dos eixos novamente.

Encaro a preocupação e tristeza no rosto de Perla. O fato de não estar no controle de tudo a deixa perturbada e com essa inquietação terrível.

- Foram semanas turbelentas mesmo. Mas agora você pode sair tranquilamente com as suas amigas, quais são os nomes delas mesmo? Mary e.. qual o nome da outra? Linda?

Sei que as únicas amigas próximas de Perla são as duas garotas na qual ela passou o ano novo junto. A última vez que vi elas foi em janeiro, mas até onde sei, as três são bem próximas e Perla adora elas.

- Lindsay - Perla responde baixo.

- Isso, então, por que vocês não dão uma volta? Vai ser bom pra você. Sei que estava sendo difícil pra você sair por causa de Ada, mas agora não tem problema você sair.

- Eu sei.

- Disse algo errado? - pergunto preocupada, observando uma lágrima solitária escorrer na bochecha de Perla.

- Estou cansada, só isso, você não disse nada de errado, Kah - Perla responde, tentando controlar seu tom de voz. Tentando estar no controle.

- Tem certeza que é só isso? - pergunto, desconfiada.

- Tenho. Comecei a participar do grupo de teatro da escola, sabia? - Perla muda de assunto.

- Quando vai ser a primeira peça?

- Junho. Antes das férias de verão. O ensaios vão começar agora, esse mês.

- Empolgada?

- Um pouco. Vai ser legal. O pessoal do grupo de teatro é divertido e criativo.

Afirmo com a cabeça.

- E a gente vai poder ir te assistir?

- Claro. Serão meus convidados de honra.

- Ótimo então. Vou marcar no meu calendário.

- Kah, você pode ir comigo amanhã no veterinário? Preciso levar Garrinhas lá, masss, o meu veterinário se mudou e agora tenho que ir em uma nova que ele me recomendou, Patrick vai estar ocupado com nosso pai e Quinn e como eu não dirijo...

- Claro. Depois da faculdade eu posso ir com você. Quem é a nova veterinária?

- Helena Cardoso Cavalcanti - Perla diz balançando a água de frente ao seu corpo. - ela é nova na cidade, mas muito bem recomendada pelo veterinário antigo.

- Certo então, pra cuidar da Garrinhas ela tem que ser boa mesmo.

- Então, você vai me fazer companhia aqui? - Perla pergunta entrando cuidadosamente na piscina.

- Estou pegando um pouco de vitamina, estou ótima aqui desse lado da força - respondo. Não estou de biquíni e nem um pouco afim de entrar na água.

Perla balança a cabeça e mergulha.

O domingo na casa dos Pattersons salvou o restante da minha semana. Meu pai ainda não aceita muito bem a troca de curso, reclama o tempo inteiro sobre isso e diz que eu deveria pensar melhor. Já apresentei diversos argumentos para ele, tanto prós quando contras, e mesmo assim, ele insiste que ELE está certo e que estou tomando uma decisão muito importante de cabeça quente.

Cabeça quente? Há tempos eu penso sobre isso. De qualquer forma, é a minha vida e não é "do nada" que estou tomando essa decisão, e vou me respeitar o suficiente para fazer algo que quedo, é o meu futuro. Minha opinião importa mais do que qualquer outra.

Não brigamos de forma desrespeitosa um com outro, pelo menos isso temos feito bem. A semana na faculdade foi extremamente desgastante e estar em casa não melhorava em nada o meu humor.

Ao menos na sexta-feira eu tive uma boa notícia. As minhas sessões de terapia que eram toda sexta-feira, vão passar a ser de 15 em 15 dias, significa que estou evoluindo. O que me deixa muito feliz, de muito mais longe eu já vim. Fazer terapia tem me ajudado bastante no meu processo de manutenção do meu bem-estar, tem se manifestado nas minha relações, no meu dia a dia, dos principais até os acontecimentos mais básicos de minha vida. Quanto mais autonomia eu consigo, melhor eu me sinto, e isso é único e é algo que depende só de mim, do meu comprometimento comigo mesma.

Foto/Reprodução: Pinterest.

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