capítulo 72|

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Patrick e eu fizemos todo o trajeto até a minha casa conversando. Contei a ele como foi o meu dia com Sophie pelo meu ponto de vista e evitei falar um ponto em particular da nossa conversa: namoro.

Quando chegamos em minha casa, Patrick me ajudou a levar as pranchas e remos até a garagem da minha casa onde elas costumam ficar.

— Obrigada pela ajuda — agradeço passando meus braços em volta do pescoço de Patrick e lhe dando um selinho demorado em seus lábios.

— Estou sempre à sua disposição.

Me despedi de Patrick e entrei em minha casa. Agora preciso encarar meu pai. Ele sabia que eu ia sair, e tudo bem por ele desde que eu tivesse hora para voltar.

Tento não parecer tão culpada assim que atravesso o hall de entrada e encaro meu pai com um copo de whisky na mão, sentado em uma poltrona próximo a lareira, na mesinha ao lado há um livro.

Suspiro e fico parada, encarando-o de longe. Não sei se ele vai explodir comigo, acho que realmente tenho testado sua paciência.

— Eu te pedi uma única coisa, Kiara — ele começa, ainda sem me olhar, vidrado no âmbar da bebida. — uma ÚNICA coisa.

Não consigo encontrar desculpas convincentes o suficiente para que ele não brigue mais comigo. É impossível, eu sabia que nós tínhamos esse compromisso à noite.

— Perdi a hora.

— E não podia olhar as minhas mensagens?

— Não ouvi o celular — minto.

Ele dá um longo suspiro e toma um gole de sua bebida.

— Eu não...

— Não minta. E agora tenho certeza que você não se importa com nada que eu faço para manter o nosso padrão de vida. Era apenas um jantar — ele diz controlando seu tom de voz.

A sua frieza me faz sentir um arrepio na espinha.

— Espero que você reflita suas ações. Não pedi que você fizesse um grande esforço. Era apenas a sua presença ali. Só isso, poderia até ficar calada o tempo inteiro se quisesse — ele suspira. — mas não vou discutir isso com você agora.

— Pai...

— De verdade, Kiara. De verdade, mesmo! Espero que tenha valido a pena para você ter sumido quando eu precisava de você — diz rígido, voltando a sua atenção a sua bebida.

Suspiro.

Me sinto péssima.

— Pode subir.

— Boa noite, pai — viro de costas e subo às escadas direto para o meu quarto.

Poucas vezes vejo meu pai beber, definitivamente ele deve estar querendo me esganar e está bebendo para ignorar isso.

Não dou uma dentro, quando penso que as coisas estão melhorando entre nós... eu simplesmente estrago tudo.

— Boa Kiara, parabéns — jogo minhas coisas no chão e caminho até o banheiro.

Encolho minhas pernas e coloco minha cabeça entre elas.

O que vai ser de mim?

Respiro fundo, tentando segurar o choro.

O bairro está estranhamente silencioso e o vento que atinge meus braços nus são frios e solitários.

A Força Do QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora