capítulo 30| family

52 3 0
                                    

Com dificuldade e demora, consegui retirar as roupas de meu pai e levá-lo até o lavabo da suíte.

— Ainda vamos voltar hoje? — Perla pergunta parada na porta do lavabo.

— O que eu mais quero é sair daqui — respondo segurando meu pai debaixo do chuveiro.

O odor de álcool estava não só impregnado em suas roupas, mas também na própria pele e que passa um pouco para mim.

— Certo, vou levar as malas para o carro. Onde está a chave?

— Pergunte para a Kiara.

— A amiga da Bru? — ela franze o senho.

— Isso.

Nosso pai está calado debaixo do chuveiro, ele passou vários minutos delirando e falando de algo que já aconteceu.

— Por que ela sabe da chave? — pergunta desconfiada.

— Estávamos juntos.

— Você e ela?

— Isso.

— Fazendo o que diabos? — a voz dela se altera, aumentando um pouco a gravidade.

— Perla. Por quê está gritando? Bru apenas pediu para que eu levasse Kiara na livraria.

— Você deveria estar conosco, não turistando com a novata.

— Não é momento para isso. Não tinha como eu prever que o nosso amado pai não aguentaria ficar três dias sem beber.

— Tudo bem, desculpa. Eu só não ... Vou atrás da chave — ela respira fundo e me da as costas, saindo do lavabo.

Giro a chave do chuveiro e o desligo, tento acordar meu pai e o seco antes de sairmos do box, para evitar que ele caia e me leve junto ao chão.

Coloco uma camisa de manga longa nele de sentim, e uma calça moletom para vesti-lo sem muita dificuldade. Antes que eu perceba, ele cai na cama.

O encaro.

Francamente, isso é ridículo.

Tento não pensar na raiva que sinto dele por simplesmente não conseguir controlar o tanto que bebe, ou em como odeio que ele seja o meu pai e das minhas irmãs — uma das únicas coisas boas que ele já soube fazer na vida.

— Patsy — tia Margareth aparece na porta da suíte de meu pai. — posso entrar?

— Você é sempre bem-vinda, tia Meggie — respondo me afastando um pouco do corpo de meu pai.

Tenho que liberar a minha raiva.

Sempre tivemos muito apoio da tia Margareth, é praticamente uma mãe para nós, já que a nossa, só Deus sabe onde está.

A culpa de tudo isso que está acontecendo é dela, ou pelo menos parte da culpa é dela.

— Perlita disse que vocês ainda vão hoje. Acha uma boa ideia? Não podemos ajudar de longe.

— Tenho. É melhor assim, quando as meninas forem para a escola amanhã vão poder se distrair.

Ela assente, fechando a porta e se aproximando de mim.

— Foi o máximo que ele conseguiu ficar sem beber — comento com desgosto encarando-o roncar na cama.

— Eu sei. Ele tem que procurar ajuda.

— Já tentei, a senhora sabe.

Ela assente mais uma vez.

— Nunca é fácil da primeira vez.

A Força Do QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora