capítulo 95| bad conversation

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Bocejo e puxo o cobertor macio para cobrir meu corpo.

Não quero levantar. Não quero ter que encarar meu pai, apesar de ter consciência de que foi ele quem colocou esse cobertor quentinho em mim durante a madrugada.

- Você pode continuar fingindo que está dormindo ou pode se juntar a mim para um delicioso café da manhã preparado por Jane - ele responde.

Continuo de olhos fechados e não me mexo mais.

- Sei que você está acordada, Kiara. Você fazia essa mesma coisa quando tinha 7 anos e não queria ir para escola para poder brincar mais em casa com seus brinquedos.

Não quero lembrar disso. Aquele pai que me conhecia parecia não existir mais.

- Vamos levantar, por favor. Você pode faltar na faculdade, e ainda quero terminar aquela conversa.

Tudo que eu mais quero agora é ir para a faculdade.

- Você não tem um pingo de tato comigo, não é? - pergunto, irritada.

- Você não veio com um manual de instruções, filha.

- Vou em uns instantes, ainda estou irritada.

- Vai passar - meu pai diz, antes de sair da sala de estar e me deixar sozinha novamente.

Respiro fundo e empurro o cobertor para longe antes de me sentar no sofá. Estou um pouco dolorida por conta da posição e do sofá não ser muito apropriado para dormir.

Coço meus olhos e procuro por meu celular em seguida. Não faço ideia de que horas possam ser e tenho que pensar em algo para sair daqui, não quero ter essa conversa.

Seria tão mais simples se eu tivesse um poder ou capa de invisibilidade.

Levanto-me do sofá e pego minha bolsa, remexendo nela até que encontro meu celular. Preciso falar com Patrick e Brooke.

Aperto a tela duas vezes e nada do celular ligar.

Está descarregado, que perturbação.

Bufo irritada.

Pego minha bolsa e subo até a minha suíte para colocar o celular para pegar uma carga e aproveito para tomar um banho quente. Preciso relaxar meus músculos.

Após sair do banho, visto um conjunto simples de lingerie, um short jeans curto clarinho e uma camiseta moletom branca. Desço descalça até a cozinha onde costumamos fazer nossas refeições, meu pai está concentrado no celular.

- Bom dia, Jane - tento soar gentil assim que a vejo terminando de colocar a mesa do café da manhã para nós.

- Bom dia, K - ela sorri de forma amigável. Jane é sempre gentil comigo e nós sempre deixamos claro o carinho mútuo que temos uma pela outra.

Ela é o respiro dessa casa, o sol que ilumina os cômodos escuros e solitários deste lar instável e pouco amigável.

Começo a me servir e logo Jane me deixa a sós com meu pai, que deixa o celular de lado e parece prestes a dar toda a atenção dele para mim. Será que não é tarde demais para isso?

Não sei de que forma eu poderia voltar a confiar nele.

Que coisa complicada.

- Bom dia - ele fala como se fosse a primeira vez em que nós estamos nos encontrando nesta manhã.

- Bom dia - respondo de forma automática antes de colocar um pedaço de pão com queijo e pasta de amendoim na boca.

Não preciso responder ele se estiver com comida na boca.

A Força Do QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora