Quinta-feira
A linha azul que traço com a caneta não sai tão reta quanto eu gostaria, então minha mão automaticamente começa a fazer círculos aleatórios. Nunca fui boa em desenhar.
Tento não pegar meu celular que está dentro de minha bolsa, a aula de direito constitucional não prendeu minha atenção hoje. Não sei aonde estou com a cabeça, mas com certeza não é nessa aula.
Levanto o olhar e ouço o professor encerrar a aula. Guardo minhas coisas sem muita pressa e saio da sala em seguida. Era a última do dia.
Apoio a mochila em meu ombro e desvio o caminho que estava fazendo. Estava planejando ir direto para o dormitório, mas por algum motivo, acabo pegando o caminho na direção da biblioteca.
Tenho passado bastante dos meus dias lendo na biblioteca, procurando algo para ler ou simplesmente para ficar em silêncio enquanto estudo ou faço minhas listas de atividade do curso.
Passo pela bibliotecária que já me conhece e ela acena para mim. Há no máximo umas três pessoas por aqui — o que eu acho bom, já que vim procurando ficar sozinha e distante dos outros universitários.
Passo por algumas seções de livros até chegar nos de psicologia. Ok, que não é da minha área, mas não há nada demais em dar uma olhadinha só, não vai me matar.
Folheei alguns livros e peguei um thriller¹ antes de procurar um canto mais afastado e me sentar no chão, longe da vista dos outros e em paz. Retirei os fones de ouvido que estavam dentro de minha mochila e os conectei em meu celular.
[...]
— Conheço coisa melhor.
Levanto minha cabeça e encaro Patrick de pé na minha frente. Consigo, ele carrega um sketchbook e dois livros.
— Te perguntei? — pergunto retirando um dos fones de meu ouvido.
— Não precisa estar sempre armada — ele se agacha de frente para mim e me olha nos olhos. — só ia recomendar misery: louca obsessão.
— Eu gosto de C.J Tudor — coloco o dedo entre o livro para não perder a página.
— Mas não supera o King — ele encara rapidamente o livro que eu estava lendo antes de ele me atrapalhar.
— Não pedi a sua opinião — deixo o livro de lado e aproximo meu rosto do seu, tentando intimida-lo.
Patrick sorri de lado, fazendo o mesmo.
— Quando começar a... ler, não vai conseguir parar — Patrick deixa o tom de voz mais baixo, passando uma outra mensagem com o olhar.
— Não vou ler só porque você disse. Não pedi a sua opinião — me mantenho firme, me esforçando para não levar a conversa para um outro sentido.
— Tem certeza de que não vai dar uma chance à ele? — os olhos claros dele me encaram com intensidade e eu não faço ideia do que se passa em sua mente.
Sinto minha garganta fechar e uma espécie de tremor atravessa meu corpo, tentando alarmar minha mente que isso não daria certo. Desde que havia encontrado Patrick pela primeira vez, sabia que algo nele mexia comigo, me trazendo um sentimento intenso de, provavelmente, fúria. Mas não posso negar, o desgraçado é lindo e misterioso do jeito que o diabo gosta.
— À ele quem? — pergunto com a voz beirando a rouquidão.
Patrick faz um movimento discreto com os ombros e avança com destreza para próximo à minha orelha que não estava tão longe assim dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Força Do Querer
RomanceTudo estava sobre controle na vida de Kiara, ela tinha o apoio para fazer o que desejasse, sentia que a família era seu tudo, confiava nos pais. Era feliz, era ela. Sem vícios, sem amargura, sem medos e desconfiança. Patrick nem sempre pôde confiar...