capítulo 02| uma nova amiga

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Segunda-feira

Observo o professor de introdução ao direito falar suas últimas palavras, gesticulando após escrever no quadro.

Faço a caneta bater no caderno aberto enquanto conto os segundos para o almoço. Talvez, eu esteja ansiosa demais, é o primeiro dia, tenho que acabar gostando disso. Vai ser pra uma vida inteira.

A sala de aula é circular, e voltada para o espaço do professor. Há um mural próximo as longas janelas.

Quando o professor diz a palavra final, meu corpo age no automático, guardando meu caderno e o livro dentro da bolsa. Coloco-a no ombro e começo a descer, vejo Brooke conversar com o professor.

Saio da sala tentando não tropeçar nos outros alunos, já sei onde fica o refeitório e o restaurante, talvez logo eu não me perca mais.

— Kiara! — ouço a voz dela atrás de mim. — Quase não consegui te alcançar. — coloca a mão no meu ombro, se posicionando ao meu lado.

— A gente marcou alguma coisa? — pergunto, olhando-a de lado.

Ela para, provavelmente por conta do meu tom de voz. Talvez eu tenha sido um pouco babaca.

— Hã, não, desculpa... Eu pensei que...

— Brooke, você é uma garota legal, a gente divide o dormitório... mas é só isso — falo, interrompendo-a.

Ela assente.

— A gente se vê por aí — Brooke se afasta, se juntando a Stephany mais na frente.

Talvez eu tenha sido um pouquinho grossa, ou sei lá. Por que estou me importando com isso? Nem conheço ela, só sei o nome e que faz o mesmo curso que eu.

Aperto a bolsa nos ombros e viro o corredor, tenho que chegar logo no refeitório, estou morrendo de fome. Depois do almoço terei aula até às 4h50.

Quando chego no refeitório, enfrento uma fila até pegar e pagar minha comida, vejo Brooke com algumas garotas e passo por ela, seguindo para fora do refeitório. Vejo uma árvore e sento embaixo da mesma, ajeito a bandeja com meu almoço no chão.

Sinto algo tremer no bolso da minha calça até perceber que é meu celular. Me levanto um pouco e o retiro do bolso, ao encarar a tela vejo que é meu pai que está me ligando.

Respiro fundo antes de atender:

— Alô?

Brinco com os dedos na grama verde do começo de setembro.

— Como está indo? Está gostando? — meu pai pergunta, ansioso e provavelmente sorrindo.

Sorrio, triste.

Encaro o campus na minha frente, alguns alunos andando, conversando ou até mesmo correndo. A luz do sol faz com que eu feche um pouco os olhos.

— Até agora? Bem. Não tem muito o que dizer, é só o primeiro dia e, ainda não tive todas as aulas — confesso.

Ele ri do outro lado da linha.

— Estou orgulhoso de você, fadinha.

Quantas vezes ele já disse isso? Umas mil. É torturante.

— Eu sei — respiro fundo. — Tenho que desligar agora.

Pego o garfo e enrolo no macarrão, deixando a grama de lado.

— Está tudo bem, fadinha?

— Sim, só ansiosa para a próxima aula — minto. É melhor assim.

— Ok, vou deixá-la aproveitando a faculdade, mas não demais, viu? Juízo — ele orienta antes de desligar o telefonema.

A Força Do QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora