Encaro a tela do meu celular acender mais uma vez em cima da cômoda ao lado da minha cama.
Patrick.
Suspiro.
Não consigo falar com ele.
Não ainda.
Assim que a tela do celular se apaga, estico minha mão até ele e pego-o. Desbloqueio o celular e leio as mensagens de Patrick na barra de notificação.
Ele está preocupado e querendo saber o que aconteceu para eu ter sumido por horas.
Já é fim de tarde e felizmente, meu pai não está mais em casa.
Desde o almoço, tenho tentado não descontar o meu estresse e agonia em nada que vá ser prejudicial para mim, mas é extremamente difícil lidar com isso sozinha.
Mais uma mensagem de Patrick:
"Estou na porta da sua casa"
Ele não deveria estar aqui.
Deixo o celular de lado e levanto da cama imediatamente para encará-lo da janela da minha suíte.
Patrick está apoiado em sua moto, com os braços cruzados e o capacete pendurado ao seu lado. Sua postura é totalmente relaxada e tenho certeza que ele não irá sair daqui até que eu diga a ele que está tudo bem, mas não está tudo bem e eu não consigo mentir para ele.
Vou ter que descer.
Saio de cima da cama e percorro o caminho até a entrada da minha casa. Não consigo pensar em nada, minha mente parede um borrão e eu consigo enxergar apenas Patrick.
Quando me vê, Patrick parece sorrir, mas sua preocupação comigo é muito evidente.
Saio de casa e caminho a passos largos até ele. Não sabia que precisava vê-lo, até ver ele ali parado próximo ao gramado.
- Oi - ele diz abrindo seus braços para mim, sem desencostar da sua moto.
Passo minhas mãos de forma desajeitada em sua cintura e enterro minha cabeça em seu peito.
Acho que não quero falar nada.
Os braços de Patrick me rodeiam de uma maneira segura e confortável e ele apoia seu rosto ao lado do meu e não diz nada, deixando que eu alivie minha tensão em seu abraço.
Por vários minutos, Patrick me mantém segura em seus braços, sem dizer nada, apenas me reconfortando com seu toque carinhoso e acolhedor.
- Desculpa ter sumido - digo sem desapoiar meu rosto de seu peito.
- Só queria saber se você estava bem, não precisa pedir desculpa - ele sussurra próximo ao meu ouvido.
- Você não deveria ter vindo até aqui.
- Acho que deveria sim - Patrick diz soltando minha cintura e segurando meu rosto com as duas mãos, me fazendo encará-lo.
Seus olhos sob mim são atentos e gentis. Ele gosta mesmo de mim.
- As conversas com meu pai têm sido desgastantes, e estou de castigo - falo para ele. Não há porque esconder isso. É um pouco vergonhoso, mas é a verdade.
Patrick balança a cabeça, parecendo irritado.
- Eu sei, é patético, mas é isso. Uma hora as coisas vão se resolver... e eu não volto mais para o dormitório, tenho que retirar minhas coisas de lá amanhã.
- Vamos resolver isso, posso te ajudar com as suas coisas e depois podemos tomar sorvete.
- Não, não precisa. Vou dar um jeito, e amanhã é o seu aniversário! Não vamos pensar nos meus problemas amanhã, apenas em você - falo tocando seu rosto.
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A Força Do Querer
RomanceTudo estava sobre controle na vida de Kiara, ela tinha o apoio para fazer o que desejasse, sentia que a família era seu tudo, confiava nos pais. Era feliz, era ela. Sem vícios, sem amargura, sem medos e desconfiança. Patrick nem sempre pôde confiar...