A Força Do Querer

capítulo 23| Jazz time

Ao pôr os pés no chão e observar a decoração do quintal, não havia como eu não me sentir deslumbrada.

As luzes azuis que o iluminam — o quintal não é nenhum pouco pequeno — deixam uma atmosfera sedutora no ar.

— Nossa família é obcecada por Jazz, ou qualquer coisa que envolva isso — Sophie explica sussurrando.

Apenas assinto, o gramado inteiro foi transformado em pista de dança — há um tipo de piso em cima dele para a grama não atrapalhar quem dança.

— A gente vai tirar as fotos, depois eu volto — Sophie diz antes de se juntar a família e se afastar de mim.

Aproveito para observar melhor em volta. Há músicos em um canto especial próximo ao palco, a melodia que sai pelo saxofone de um deles é tranquila, o que me faz pensar que estamos apenas no início da noite.

Caminho mais um pouco para perto de umas das mesas, e posso ver as comidas em formatos diversos — de instrumentos musicais, principalmente. Há canapés e coquetéis sendo servidos por garçons que circulam entre os convidados.

Me sento em uma mesa vazia e por mais que pareça, não consigo me sentir sozinha, mesmo com Brooke rodeada pela família a uns metros de mim, não me sinto tão deslocada quanto pensava. Quer dizer, é diferente, nunca estive numa posição assim nem mesmo na minha própria família quando minha mãe ainda estava viva.

Tudo que envolva os Pattersons aparentemente me leva a sensações completamente divergentes das quais estou acomodada, o que é apavorante. Por enquanto, vou tentar segurar essa pilha toda que estou sentindo.

— Posso sentar aqui? — Zara pergunta apontando para a cadeira vazia.

— Claro — respondo deixando o celular em cima da mesa. — você está linda.

— Muito obrigada, Kiara! — ela sorri. — A Bru está um pouquinho irritada com isso.

Sorrio.

Zara está usando um vestido tomara que caia rosa florido e bem rodado que vai até os joelhos.

— Não sei porquê, sem querer ofender e nem nada, mas acho que ela está bem mais linda — digo com sinceridade.

— Você é uma ótima amiga Kiara, e isso é muito bom — ela apoia alguns dedos no rosto, olhando-me com atenção.

— E, é? Por quê? — pergunto virando meu corpo na direção dela para observa-la melhor.

— Nossa família é assim, você deve ter percebido, somos obcecados um pelo outro. Bem cuidadosos e atentos, sabe?

Assinto com a cabeça, e ergo a sobrancelha.

Ela também está julgando se sou ou não uma ótima amizade para Brooke? É isso?

Eu também não diria que eu sou a melhor amiga do mundo. Muito menos que mereço a amizade da B.

— Não quero que isso soe como uma ameaça, porque não é. Mas a B é uma das garotas mais especiais que a gente tem na família, então, meio que a gente tá de olho em você por esses dias.

— Isso realmente não parece confortável, todos de olho em mim.

Será se eu sair correndo agora eles esquecem da minha existência? Ou eles podem fingir que não me viram correndo que nem o papa léguas pelo quintal deles?

— Aí, meu Deus, eu parecia muito assustadora? Era pra ser só um pouquinho, juro — ela ri, nervosa. — para que você fique mais aliviada, eu gosto de você.

Com certeza não é a melhor coisa do mundo ser meio que intimidada dessa forma, mas tenho certeza de que Zara não fez isso de propósito, e até entendo a preocupação dela — eu também ficaria preocupada!