capítulo 120| a última página

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Ano Novo

Respiro fundo e abro meus olhos novamente.

A única coisa que vejo é o mar quebrando suas ondas na areia da praia, e então me concentro apenas em ouvir o barulho que isso causa enquanto sinto a água gelada tocar meus pés.

Acho que eu não poderia ter sido mais feliz do que fui nesse último ano, com essas pessoas que estão comigo agora.

O barulho das vozes que vem das pessoas na casa da tia de Patrick quase some de vez dos meus ouvidos, abafadas e quase totalmente silenciadas.

Estou muito feliz e grata por estar aqui. Mais uma vez estou aqui, por mais um ano comemorando a passagem do ano com os Patterson. Eles me acolheram com tanto amor e carinho desde que passei um feriado com eles ano passado. Como podem existir pessoas assim? Tão boas?

Em muitos momentos deste último ano me questionei se eu realmente merecia tudo isso, se eu merecia estar com essas pessoas, se eu merecia a segunda chance que eu tive para fazer amizades tão incríveis e vínculos duradouros. Sempre cheguei a conclusão de que não mereço, mas sei que isso faz parte da vida e se eu os tenho, posso muito bem ser feliz ao lado deles tentando dar o meu melhor para a manutenção desse vínculo, desse amor desenvolvido entre nós. Não preciso me afastar, nunca precisei me afastar como minha cabeça me fazia acreditar que deveria.

De certa forma eu sempre me auto flagelei em minha vida, me torturei e me aprisionei com meus próprios pensamentos. Nem sempre consegui compreender o porquê de tanto me perseguir, de buscar uma liberdade que só estava me aprisionando cada vez mais e me afastava ainda mais do que eu gostaria de ser, de quem eu queria me tornar.

Ainda estou em um processo constante de evolução, mas espero não me perder de mim durante esse processo, e nem perder aqueles que me tiraram do fundo do poço no qual eu me encontrava.

Caminho um pouco mais para trás, tentando não deixar que a água salgada do mar molhe o meu vestido. Olho mais uma vez para o mar, a água reflete perfeitamente a luz da lua.

Espero realmente ser tão forte quanto dizem que sou.

Em vários momentos dos meus dias eu relembro como tudo começou, as primeiras semanas com Brooke e Patrick, eles insistiram tanto em mim, confiarem tanto e eu não estraguei a confiança que eles tinham depositado em mim. Mesmo em tantos momentos que eu tentei me afastar, eles estavam lá por mim.

- No quê tanto você pensa? - Patrick pergunta, passando seus braços quentes em meu corpo, me abraçando por trás.

- Em você. Só penso em você, Patrick - falo deitando minha cabeça para trás, encostando em seu peito, me sentindo segura e amada de verdade.

- O que você vê quando fecha os olhos?

- Você. Sabia que ainda consigo lembrar de forma vívida quando nós nos conhecemos? Nosso primeiro beijo? Tudo. Ainda posso ver isso tudo em minha memória - falo, fechando meus olhos. - e sentir.

Se um dia eu pensei que nunca teria amizade de verdade, o amor definitivamente estava em último lugar na minha lista de prioridades. Me considero muito sortuda por ter amor e amizade.

- Eu também sempre lembro. Desde o primeiro dia, nunca consegui tirar você da minha cabeça.

- Mesmo sabendo que eu era encrenca?

- Mesmo assim.

Sorrio.

- Você foi paciente.

- O amor é paciente, Kiara - Patrick diz com a voz rouca, virando meu corpo para que eu possa ficar de frente para ele.

A Força Do QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora