Ficar

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Sophie

— Realmente o destino deve estar de brincadeira! — Eu já não estava tão brava, mas eu queria manter a pose que eu havia criado, talvez assim ele entendesse que desculpas não apagavam erros. — Isabela pode trocar de lugar comigo? — Ela negou. A garota estava sentada na fileira em nossa frente, junto ao irmão mais novo e Demi no banco ao nosso lado. Olhei para ela. 

— Eu quero ficar na janela! — Demi falou sem que antes eu pudesse pedir. Com toda certeza do mundo ela iria amar ir ao lado do Wilmer. Já eu, nem um pouco! 

— Vocês vão me pedir alguma coisa, deixa vocês! — Falei ao entregar minha mala de mão a ele que me acomodar em meu lugar. 

— Sophie, você ainda continuará agindo assim? — Wilmer perguntou enquanto colocava minha mala na parte superior dos bancos. Ainda o olhava emburrada, mas confesso que era apenas drama. — Até depois dos dias incríveis que tivemos? — Ele se sentou ao meu lado.

— Você não pode ter tudo o que quer, lide com isso! — Isabela falou se virando para trás, mas rapidamente voltando para a posição que estava. Mostrei o dedo a ela, sem que ela percebesse, mas minha mãe percebeu e me repreendeu com o olhar.

— Tivemos dias incríveis, eu adorei andar de barco com vocês, eu adorei quando sentávamos a sala e cantarolávamos, mas eu não esqueci do que aconteceu! — Cruzei os braços e estava falando alto o suficiente para todos escutarem. — Eu ainda estou brava com vocês, principalmente com você! — Eu apontei para Wilmer e ele me olhou um tanto chateado.

— Eu já pedi desculpas! — Eu tinha as aceitado, mas toda vez que eu lembrava eu me sentia furiosa e tinha vontade de bater em alguém. 

— Desculpas não concertam coisas quebradas! — Rebati. — Irei me sentar, ao seu lado, porque eu nunca tenho escolha! — Estava agindo como uma idiota e pude ver Demi bufar do outro lado. Me aconcheguei ao banco. 

— Você está a cada dia agindo como uma adolescente, não sei lidar... não sei! — Ele levou as mãos a cabeça e deu pode dar uma risada anasalada. Isso não me fez sorrir.

— Nem eu! — Era como se as coisas pudessem derreter. Como se tudo fosse plástico em meio as chamas. Eu me sentia assim, sem ter o que fazer, apenas esperar. — Wilmer, espera... — Eu falei baixo olhando ao redor para ver se alguém prestasse atenção em nossa conversa. — Eu não quero ser assim, eu estou muito chateada e você está voltando com Demi, mas...

— Não estamos voltando! — Ele rebateu ainda mais baixo que eu. Demi nos olhou desconfiada, mas logo enterrou sua cara no celular. — Eu te entendo, Abelhinha. Você precisa de um tempo. Eu respeito! — Wilmer era um cara compreensivo. — O que você quer dizer sobre Demi e eu? — Olhei para ela sentada a mais ou menos um metro de distancia, dessa vez ela não nos olhou de volta. O avião levantou voo. Estávamos indo de volta pra casa.

— É que eu achei que vocês fossem ficar juntos. — Me virei em sua direção. O encarei de frente. — Fiquei com medo, porque você machucou ela e eu não quero vê-la daquela forma de novo! — Eu sabia do que falava. Sabia que ele havia falado coisas para ela que a machucaram. Me lembro exatamente do dia que a eles brigaram e eu a vi sentada no chão. Ela estava despedaçada, como uma flor sem pétalas, ela estava extremamente triste e aquela cena me marcou mais ainda do que o dia que ela quebrou o meu globo de neve preferido em seus próprios pés. 

— Eu não a machucaria, nunca foi proposito! — Ele me olhou, mas parecia se recordar também. — Eu vi a magoa em seus olhos diversas vezes e eu também não gostaria de vê-la assim novamente! — Ele olhou para a mulher com os olhos brilhantes. Abaixou a cabeça pois sabia que ela era a sua paixão de vida e eu já tinha lido em algum site que esse tipo de amor só existe uma única vez. Que esse tipo de amor era o mais doloroso também, porque se entendia que o que julgamos "para sempre" um dia tem fim. 

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora