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Sophie

Flashback

Nunca ninguém se importou. Talvez fosse minha maior honra saber que existem pessoas que sem me conhecer se importam. Demi estava sendo incrível comigo e aos poucos eu estava me esquecendo de todos os meus problemas. O frio na minha barriga se estendeu quando Wilmer entrou pelo quarto, toda aquela sensação boa foi tomada por nuvens escuras e carregadas de tempestade.

— Demi precisamos conversar! — Foi a primeira coisa que ele falou ao entrar. Seus olhos estavam pesados e toda aquele sensação boa que ele trazia já não existia mais. Senti medo, mas decidi me manter calma.

— Eu também preciso conversar com você, mas antes será que podemos conversar com Sophie? — Ele caminhou em nossa direção e se sentou ao meu lado a cama.

— O que houve? — Apesar de estar sentindo que as coisas iam mal, meu coração ainda tinha esperança. Eu não conseguia me imaginar sem meus pais, eles eram minha única família. Seria impossível viver sem meu pai. Poderia sentir que mamãe não me amava, mas as mães amam seus filhos, eu não poderia perde-los. — Você conseguiu notícias deles? — Não queria imaginar, eu ainda tinha esperança que as coisas ficassem bem e a gente poderia voltar para casa. 

— Sim! — Me senti frustrada ao olhar para sua expressão. 

— Aconteceu alguma coisa? — Wilmer encarou Demi que permanecia em silêncio nos encarando. 

— O que aconteceu? — Em momentos tensos como esse, você se lembra que existe um coração batendo dentro do teu peito.

— Eu não sei como falarei isso... — As pausas em suas palavras me levou a outro estado, ele encarava o lençol branco hospital e nem sequer sabia o que fazer.

— Diga! — Eu conseguia receber o que tivesse que ser, eu não teria medo das coisas que ele poderia me falar. Respirei fundo. 

— Seu pai... — Nesse momento meu peito se apertou. Ele me abraçou e senti conforto em seus braços. Estava com os olhos fechados, queria acordar daquele sonho horrível, mas não era um pesadelo era a vida real. — Sinto muito! — A dor que sentia nesse momento era a pior de todas. Era como se uma parte minha fosse arrancada. 

— Ele era o único que me entendia e me amava, da forma que eu sou! — Meus soluços e minhas lágrimas quebravam o silêncio melancólico que se estendia ao quarto. Eles me olhavam com pena e isso me deixava ainda mais triste. — Como está a minha mãe? 

— Ela passará por uma cirurgia, ela ficará bem! — Wilmer me encarava com um olhar positivo. Fiquei em silêncio. Senti aquele sentimento de vazio e me permiti chorar. 

— Meu melhor amigo teve que partir! — Demi se aproximou e me abraçou. Eu nunca tinha perdido alguém antes, era a primeira vez... eu sempre soube que a morte existe, mas você nunca quer acreditar. Meu pai foi embora. Ele simplesmente irá dormir para sempre e eu nunca mais irei vê-lo. Isso dói.

— Se acalme, ele está em um melhor lugar agora! — Me apoiou em seu colo, enquanto se sentava a cama. Estávamos os três ali. Demi havia compaixão por mim, mas ainda sentia um buraco negro em meu peito me sugando aos poucos. — Eu sei exatamente como se sente, a dor de perder alguém é horrível... — Demi não conseguiu continuar. Ela ficou em silêncio e eu apenas chorava como uma torneira aberta. — Agora ele está protegendo você, de onde quer que ele esteja! — Com seus carinhos em meu cabelo me senti em paz, olhei para ela, ainda chorando e ela sorriu o que me fez sentir um forte aperto no peito, me fazendo abraça ela com mais força.

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