Garoa

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Sophie

— O namorado da Bella nos deixou na mão! — Eu falei assim que encontrei os gêmeos no parquinho de sua escola. Era aniversário deles. — Vamos precisamos ir logo, por favor! — Eu estava nervosa e com um violão quase do meu tamanho pendurado em minhas costas. 

— Você vai pedir um carro? — Neguei. Sentia minhas pernas tremerem e sabia que a qualquer momento qualquer pessoa poderia avisar alguém e o nosso plano ir por água baixo. 

— Espera deu tudo errado! — Isabela falou e eu sabia que ela estava tão nervosa quanto eu, pois tinha uma mania como Demi em momentos assim, roer as unhas. — Melhor ficarmos parados em algum lugar até o horário de terminar a aula e irmos para casa, não adianta ficarmos tentando uma coisa idiota dessa. Quando uma coisa começa errada, ela termina errada! — Para uma criança de onze anos ela sabia muito se expressar e me dar um bom toque de realidade. Mas nós não poderíamos desistir agora, na verdade, era uma boa hora para isso. 

— Isabela, nada deu errado! — Falei com a voz firme, estava segura do que queria e não poderia voltar atrás. Por um momento eu queria me redimir com os gêmeos e principalmente com Demi. — Eu pedi para Henry pedir um motorista para a gente, mas ele está em aula. — Peguei o meu celular e percebi que eles ainda estavam de uniforme.  — Acho mais seguro irmos de transporte publico! — Seguimos andando para ruas longes da área escolar.  Pesquisava no celular qual caminho precisaremos fazer o mais curto e o melhor. — Vamos de metrô! — Falei enquanto deixava salvo as estações que iríamos descer. Por sorte havia uma estação a uns cinco quarteirões, economizaríamos indo andando. 

— Você é doida, qualquer pessoa pode nos sequestrar, sei lá! — Peter falou alto. Uma mulher que caminhava com o seu cachorro nos observou. Sorri para disfarçar. 

— Se vocês pensarem assim nunca irão fazer nada! — Falei abaixo. Estive pensando melhor e não foi uma boa frase a se falar. Espero que eles esqueçam disso logo. — Esse horário está vazio e mais eu trouxe roupa para vocês se trocarem! — Mudei de assunto.

— Sinto que isso vai dar merda! — Eu também, normal. 

— Vocês querem ver a Demi? — Era o que mais queria. Sentia sua falta como se tirassem um pedaço de mim. Os gêmeos concordaram comigo, apesar de já estarem acostumados. — É o aniversário de onze anos de vocês. Eu apenas quero que vocês sintam a liberdade.

— Eu estou com você! — Peter colocou a mão no centro e assim fizemos. Respirei fundo pois sabia que as coisas poderiam tomar outros rumos. 

— Então vamos ao Metrô! — Isabela falou ainda um tanto desconfiada. Eu não poderia decepciona-la. 

— Você tem um plano? — Peter perguntou e eu sorri. 

— Na verdade, não, mas prometo que irá dar certo! — Eles me olharam confusos, mas ainda confiam em sua irmã mais velha. 

...

Algumas pessoas nos encaravam. Elas nos conheciam, mas a maioria delas nos respeitava e logo parava de olhar e seguiam as suas vidas. Tinha medo que alguma delas tirassem alguma foto ou filmassem, mas seguia como se nada tivesse acontecendo. Fingindo não ser quem de fato eu era. Mantinha a calma por eles dois. 

Sentei a janela do metrô e dividia um banco com as crianças, estávamos indo para o outro lado da  cidade e isso de fato não era a tarefa tão simples. Um homem do banco a frente nos encarava e eu senti um frio na barriga. Isso me fazia questionar se de fato eu tinha feito a escolha certa. As crianças estavam silenciosas ao meu lado. Seguimos ao destino assim. 

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora