Carta

129 20 34
                                    

Abelhinha,

Eu não sei por onde começar!

Talvez possa começar escrevendo sua história, ou quem sabe decifrar seu futuro... me desculpe a péssima letra estou com muita dor, mas não poderia deixar você ao leu, sem informações que podem mudar a sua vida, está é a única forma que encontrei... eu sinto que não duro muito tempo, mas quero que saiba que independente de tudo, eu te amo.

Eu te machuquei, eu sei, mas eu te amo independente de toda dor e sofrimento que tenha feito você passar. Por mais que ainda possa doer, você é um presente e será um presente por onde passar.

Não julgue, leia e entenda:

A sua história começou quando fiquei sabendo que estava grávida, estava cursando o terceiro ano na Universidade de YALE, foi uma experiência única e maravilhosa, isso era o meu futuro, não poderia jogar fora, eu conversei com o seu pai, e achamos uma solução, não muito boa, mas isso falhou e tivemos uma briga tremenda... foi horrível, filha! Me desculpe por tentar isso com você, meu anjo, mal sabia eu, que você seria a maior alegria da minha vida. Talvez eu ainda me culpe por isso. Me arrependo até hoje de ao menos pensar, mas naquele momento era o que seu pai e eu achamos certo. Éramos jovens e não sabíamos o que fazer, me desculpe. Por fim, seu pai me abandonou, ele queria ter uma carreira de sucesso, ter um filho não estava em seus planos naquele momento, apesar que ter uma menininha era o seu sonho. Foi muito doloroso para nós, mas eu tinha que levar você a diante.

Eu voltei para o Brasil, meus pais, seus avós, eles não acreditam em que a garotinha perfeita estava grávida e tinha deixado a melhor chance que tivera até então em sua vida. Eu nunca te contei isso antes, mas eu fiz intercâmbio nos Estados Unidos quando jovem. Seus avós brigaram muito comigo, e assim como seu pai eles me abandonaram. Eles batalharam muito para eu chegar onde cheguei e eu estraguei tudo. Ser a decepção de todos, é o meu forte. Eu não tinha o apoio de ninguém. Eu estive sozinha. Não tinha amigas, família ou qualquer vínculo com outra pessoa que não fosse você. Tive que começar a me virar, estava carregando uma vida dentro de mim, mas, mesmo assim, uma tremenda nuvem escura me cobria. Pensei muitas vezes em desistir, mas você dependia de mim. Você me dava vida.

Comecei a trabalhar como garçonete, não era o que eu sempre sonhei, mas eu precisava me estabelecer. Minha vida estava indo de ruim, para insuportável eu não aguentava mais viver, mas eu não estava mais sozinha. Você, Sophie me ajudou a continuar quando ninguém mais esteve ao meu lado. Você estava lá, e eu estava para você.

Três meses se passaram, eu ajuntei dinheiro, todo meu salário, você e eu fomos tentar reatar com seu pai. Eu sempre quis ter uma família. Eu amava o seu pai e estava disposta a me redimir. Estava no quinto mês e já sabia que você era uma menininha. Fiquei muito feliz com isso e imaginei que seu pai também ficaria. Ele sempre quis uma menina. Quando cheguei eu tinha apenas o dinheiro da passagem de volta. Estava esperançosa que iriamos reatar nosso relacionamento. Mas ele já estava com outra pessoa, e ela também estava grávida. Só não entendo, por que tão rápido? Sendo que o que tínhamos era tão forte que não controlavamos.

Sim, a carreira dele cresceu muito rápido, e em apenas alguns meses ele já tinha levantado dinheiro suficiente para abrir uma pequena empresa de advocacia. O seu pai é muito bom no que faz. Pelo que sei, ele é um dos maiores advogados dos Estados Unidos, essa fama ele tem até hoje. Mas mesmo com tanto dinheiro, a ambição fala mais alto.

Voltei ao Brasil e continuei trabalhando mesmo grávida. Descobri um talento e comecei a cantar a noite no mesmo local que trabalhava. Também fazia algumas roupas e pequenos reparos.
Assim conseguia um dinheirinho extra. Me desculpe, meu bebê, por usar tantas substâncias com você ainda em minha barriga. Era a única forma de me manter fora das crises. Éramos sozinhas, apenas você e eu.

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora