Buuh!

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Sophie

Tentar abrir a porta sem a fazer ranger foi um desafio, na verdade um desafio nulo. Estava parecendo que estava a caminho de um assalto a geladeira em plena madrugada e eu realmente queria que esse fosse meu objetivo essa noite.

Tinha medo do escuro, na verdade daquilo que não conseguia enxergar dentro da escuridão. As luzes do corredor estavam todas apagadas, então deduzi que já era muito mais tarde do que eu poderia imaginar. Não poderia desistir agora, eu deveria fazer o que estava realmente querendo.

Passei pelo quarto dos gêmeos e observei a porta entreaberta, a única claridade que iluminava todo o andar de cima, era o pequeno abajur que ficava entre a cama dos dois. Vi alguma coisa se mexer dentro do quarto, uma sombra, o susto me fez correr.

Demi apareceu a porta, ela parecia tão assustada quanto eu. Ela me pediu silêncio ao encostar a porta e se aproximar de mim. Fomos para o meu quarto.

— Que susto, Demi!!! Pelo amor de Deus!!! — Minha respiração estava ofegante e meu coração acelerado. Demi ria achando graça de tudo aquilo, mas ainda estava em estado de choque. Acreditava que aquela sombra na verdade poderia ser uma assombração.

— Buuh! — Ela fez gracinha. Não tinha como eu ficar brava. — Me desculpe, mas não era minha intenção te assustar!

— Veja meu coração como está! — Levei a sua mão até meu coração, e então ela pode senti-lo bater forte.  A ligação que tínhamos era inexplicável e eu senti naquele momento, como se faíscas saíssem de nossos corpos. 

— Você está realmente assustada, me desculpe! — Eu fiz que sem problemas, eu sempre tive algum medo de escuro, mas não era nada demais. Algumas pessoas são mais propensas a serem medrosas, era o que minha mãe dizia. — Mas poderia ser o Wilmer em meu lugar... você poderia pegar mais uma semana de castigo! — Demi falou ao fechar a porta do meu quarto.

— Então quer dizer que você não irá me colocar de castigo. — Ela balançou a cabeça negativamente. O que de certo modo, me fez ficar feliz. Ela ligou, finalmente, a luz e pude vê-la. Sua expressão era de alguém que estava muito triste a dias. Olheiras pesadas e sem brilho nos olhos. Eu havia a magoado. —  Demi, você está bem? 

  — Estou bem! — Havia um leve sorriso forçado em seus lábios. — Mas, por que a pergunta? —Me senti culpada por ela estar daquela forma, era tudo culpa minha. Ela não merecia ser tratada daquela forma. Talvez ela não goste de mim, mas posso mostrar o quanto a família dela era boa para ela, eu posso ajudar Demi a melhorar.

  — O que está no rosto de uma pessoa nem sempre está em seu coração! — Eu sabia que ela estava e sim, era por minha causa.

— Não se preocupe, Sophie! — Eu senti que ela precisava de um abraço e apesar de querer fazer, eu não fiz nada. — Tudo ficará bem, tudo sempre fica! — Ela me encarou e piscou, na verdade tentou piscar. Foi engraçado e eu sorri. — Acho que já vou indo!

Demi

Ultimamente tem sido assim. Uma hora estou bem, sorrindo com todos, e de uma hora pra outra estou mal querendo apenas me isolar do mundo, mas o foda é que eu nunca sei explicar o motivo.

Foi reconfortante saber que ela me enxergou, que ela se importou o suficiente para me perguntar se estava realmente bem, mas eu menti.

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora