get lost and find yourself

Talvez seja apenas questão de tempo

Wilmer

— Um bom café da manhã é ótimo para começar o dia! — Falei pegando Sophie e a colocando em cima do balcão da cozinha, como fazia com os gêmeos. Ela era uma criança adorável e eu estava tão feliz por estar a ajudando.

— Eu também acho! — Ela disse como um soldado, me tirando risadas sinceras. Encarei ela.

— O que você gosta de comer de manhã? — Eu não fazia ideia como cuidar de uma criança estrangeira, mas estava disposto a lutar por essa garotinha. Eu havia feito uma escolha, deveria cuidar dela, mesmo quando Demi, minha esposa, poderia ir contra isso, eu havia feito uma promessa. — Panquecas? — Perguntei enquanto abria os armários e procurava por alguma coisa sem ser cereais cheios de açúcar.

— Eu não ligo muito para isso! — Isso me alivia muito. — Qualquer coisa! — Ela deu de ombros.

— Gosta de panquecas? — Confesso que as de Demi eram melhores que a minha, mas eu estava disposto a tentar.

— Eu acho ótimo! — Ela falou e em seguida me dirigi a pegar os ingredientes. — Amo panquecas! — Ela sorriu ao falar sem sotaque. Tinha acertado em cheio. Comecei com a massa, ela me ajudou a quebrar os ovos e medir a farinha de trigo.

— Você leve jeito para a cozinha! — Sophie me olhou e sorriu, ela era cuidadosa e sabia o que estava fazendo apesar de suas mãozinhas serem tão pequeninas. Demi adentrou a cozinha recém tomada banho.

— O que temos hoje? — Ela perguntou tentando olhar por cima de mim o que estávamos fazendo. — Panquecas! — Demi comemorou. Sophie sorriu a ela.

— Panquecas, não tão boas quanto a sua, mas são feitas com amor! — Apesar de passarmos um momento de estresse ontem a noite, estava tentando manter as coisas positivas em nossa família. Dei um beijo em seu rosto, mas me parece que ela não gostou muito. 

— Cadê as crianças? — Eu indiquei que ainda estavam dormindo e logo voltei a colocar as panquecas no forno. — Elas deveriam estar acordadas! — Ela apanhou uma maça como seu pós treino. — Vou acordar elas, uma pessoa nessa casa precisa ter responsabilidade! — Ela falou de maneira ríspida enquanto saia, nos deixando em silêncio.

— Por que ela está assim? — Sophie falou baixinho, com uma expressão confusa e medrosa estampada em seu rosto.

— Assim como, Sophie? — Me aproximei da garotinha. Já sabia do que se tratava, mas perguntei mesmo assim.

— Eu não sei explicar exatamente... — Ela tentou usar todas as palavras que sabia. — Ela estava diferente no hospital! — Poderia entender. — Ela me tratava com mais carinho! — Eu sabia que a garotinha tinha razão e deveria concordar com ela, mas deveria tentar concertar as coisas.

— Ela só precisa de um tempo! — Para assimilar tudo. Estava doendo em Demi. — Ela estava passando por um momento ruim, mas logo isso irá passar! — Eu me sentia prensado em uma parede, ou correndo em uma rua sem saída, era difícil entrar em assuntos tão delicados como este. Sophie me olhava atentamente e logo sai em direção a panqueca que já estava completamente dourada.

— Tempo é engraçado. Todos falam sobre tempo, mas nunca dizem quanto tempo exato! — Eu ri por sua expressão. Para uma garotinha de onze anos ela era muito esperta. — Não falam se este tempo é curto ou longo, só falam sobre o tempo. — Ela deu de ombros ao descer do balcão e ir em minha direção próximo ao fogão.