Sophie
— Demi, eu não consigo te entender, uma hora você está bem e outra está assim surtando! — Eu falei apertando o banco com as mãos bem forte. Ela corria bastante e eu não gostava nem um pouco daquele tipo de aventura. A cada carro que passava no sentido contrario me vinha a mesma sensação do dia do acidente. Sentia o ar pesado em meus pulmões.
Os flashs ainda me atormentavam, ainda corroíam minha memória. O que estava acontecendo foi um grande estopim para eles voltarem.
— Eu não pedi para você vir me buscar! — Ela falou ironicamente enquanto entrava em uma rua totalmente deserta. Olhei para ela, que me encarava fora de si. Aquela pessoa não era Demi.
— Não é a sua obrigação vir me buscar! — Mas mesmo assim me irritei e de alguma forma o sentimento que sentia era maior do que o medo. — Mas eu também não pedi para você me adotar! — Respirei fundo e ela parou o carro em uma parada brusca. Me encarou e eu comecei a chorar. Eu não deveria ter entrado nesse carro. Eu estava desesperada, mas parece que isso nem sequer a comovia. — Eu estou cansada disso! — Eu estava cansada de tentar entender Demi ou de apostar que ela poderia mudar de alguma forma. Ela sempre me tratava como uma coisa. Não sabia se poderia acreditar em quando ela dizia me amar ou quando ela me tratava dessa forma. Sinto que não nasci para ser filha de ninguém. — O que eu fiz pra você? — Muito menos de Demi. — Anda fala.
— Nada, você não é a culpada por todos meus problemas! — Ela tocou o meu rosto e eu esquivei.
— Não é o que parece! — Nós estávamos paradas no meio da rua, como se nada tivesse acontecendo. — Você deve pensar que eu sou a culpada por sua filha, mas você precisa entender que eu sou uma pessoa como você, uma pessoa que perdeu alguém que ama. — Ela segurava o volante com força e o carro permanecia ligado. As portas estavam travadas, mas eu cogitava de alguma forma sair daquele lugar o mais rápido possível.
— Você nunca vai saber o que é perder uma filha, você não pode imaginar a dor, você... — Demi pegou a sua bolsa e tirou uma garrafa de vodca da mesma. Tomou algumas goladas sem se preocupar com o seu vidro aberto. Se virou para mim e me ofereceu. Neguei. — você não vai substituir ela, você nunca vai conseguir substituir ela.
— Uma hora você me diz que pessoas não são substituíveis, agora você insinua que eu sirvo para isso.
— Eu quis dizer que você NÃO serve! — Ela rebateu e jogou a garrafa pela metade e sua bolsa no banco de trás. Senti meus olhos marejarem e o meu corpo tremer.
— Eu não matei a sua filha! — Eu não conseguia me controlar, nem mesmo os meus pensamentos ou as lágrimas que rolavam sem parar pelo meu rosto. — Entenda, eu não tenho culpa disso! — Demi já me falou coisas piores do que isso, já me bateu no rosto e sei que ela está bêbada, mas nada me machucou tanto.
— Sophie... — Ela sussurrou sem me encarar nos olhos, colocou as mãos. — Vamos para casa! — Se arrancou.
— Demi, por favor! — Meu coração acelerou ainda mais. Por mais que ela estivesse indo muito rápido, sentia como se tudo estivesse lento ao meu redor. — Você está bêbada e eu sou uma idiota por não ter escutado a Kaylee! — Ela não me dava ouvidos. Segurei em seu braço. — Eu preciso descer! — Ela estava chorando, era como se estivesse em transe e eu senti pena dela. Mas ela já não dirigia em lia reta e isso estava me assustando muito. — Demi você está louca! — Ela não fazia ideia para onde estava indo. Senti minha boca secar e um suor frio pelo minha nuca. Eu estava morrendo antes mesmo de algo acontecer. Minhas mãos tremiam e o restante do meu corpo também. — É sério, eu preciso sair, eu estou passando mal! — Apertei o braço dela bem forte, estava me faltando o ar novamente. Ela percebeu que eu não estava bem e fui indo mais devagar. Eu percebi isso. — Demi, vamos conversar! — Eu estava tentando acalma, mas eu também estava mal. Comecei a contar, um, dois, três, quatro, cinco... — Encosta o carro, por favor! — Ela encostou o seu carro em frente a uma casa qualquer e eu me senti um pouco mais tranquila. — Se acalma! — Segurei em sua mão e fiquei ali por alguns instantes se concentrando em minha respiração.
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get lost and find yourself
Fanfiction(Em revisão) Ao mesmo tempo que perdeu o chão, Ganhou o mundo! Enquanto muitos lutavam por milhões, Almejava um abraço! Uma beleza tão sutil Que se torna única! Sua lealdade é um traço puro, Formando um laço com os dedos mindinhos! Ela busca se enco...