Adoção

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Wilmer

Flashback

Acordei cedo como todos os dias. Demi ainda estava adormecida ao meu lado. Ela era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Dei-lhe um leve beijo ao rosto, e me esforcei para levantar sem acorda-la. Observei as crianças que ainda dormiam como anjinhos e voltei para o banheiro de nosso quarto.

Minha preocupação com Sophie e sua mãe só aumentava. Já tinha passado dias que não recebia nenhuma informação sobre ela. Voltei a minha mala que não tinha desfeito ainda. Estava decido iria viajar. Somente coisas necessárias para 2 dias. Nada além disso. Na arrumação da mala acabei encontrando a carta que a mãe da garotinha havia escrito, confessando eu gostaria de ler o que estava escrito, mas não, está carta não me pertence. 

 Wilmer, você irá viajar? —  Demi me perguntou parada a porta do closet, encerrando meus pensamentos. 

— Sim, terei uma viajem! — Ela me olhou confusa, ela também viu a carta a minha mão. Ela me conhecia, saberia que estava escondendo alguma coisa. — Uma viajem a trabalho! — Falei antes dela perguntar.

— Pra onde? — Ela arqueou uma sobrancelha. 

— Voltarei ao Brasil! — Falei a verdade, já estava enrascado demais por sua desconfiança.

— Tudo bem! — Ela pareceu acreditar em minhas palavras, isso era um alívio. — Eu também precisarei viajar, mas sem problemas em cancelar! — Ela sorriu meio sem graça. Demi deveria ter marcado essa viajem em cima da hora para suprir o seu tempo livre em casa. — Talvez seja bom ficar com nossos filhos, como você disse! — Sorri feliz por sua atitude.

— Fico feliz por você estar tentando se aproximar de nossa família! — Se aproximei e lhe beijei o rosto de forma lenta e delicada, o que me foi correspondido por um beijo intenso.

— Quer ajuda? — Eu concordei, apesar de Demi ser péssima com malas. Ela pegou umas das camisas que ainda estavam ali, pois não tivemos nossa viajem e a dobrou. — Quanto tempo irá ficar? — Fiz o sinal de dois com os dedos, indicando dois dias. Porém não sabia exatamente quando iria de fato voltar. — Pega aquela camiseta vinho, ela é ótima para o meio termo, e você não sabe se está frio ou calor! —  Fui em direção onde estava minhas camisetas, e me lembrei da carta que estava no bolso da minha calça. Achei melhor colocar ela no cofre, ficaria mais segura lá. Peguei a blusa que Demi se referia e voltei a primeira parte do closet. — Aqui está. — Entreguei a ela.  Em relação ao tempo, a gente deveria pesquisar na internet! — Demi riu.

— Verdade! — Ela bateu a mão a testa. Sempre lerda. — As vezes me esqueço dessas coisas! — Ela falou rindo o que me fez rir e empurra-la na poltrona e beijar o teu pescoço indo em direção ao seu queixo e por fim a sua boca. Intenso.


Fui direto ao hospital. Que estava calmo e sem muito movimento. Por minha sorte ninguém me reconheceu. Estava andando pelos corredores a procura de alguém que pudesse me ajudar. De repente me surpreendo com uma mão em meu ombro.

— Wilmer, você voltou! — Me virei para observar de quem era aquela voz já conhecida. Me virei e ela estendeu a mão para me cumprimentar. 

— Que susto! — Falei desconfiado com sua simpatia. — Olá, voltei sim. — Finalmente apanhei sua mão que ainda pairava ao ar esperando por um aperto. — Voltei para visitar Sophie. Como ela está? — O seu olhar sobre o meu também era de desconfiança, mas não iria desvia-lo.

— Sim, ela ainda está aqui, no mesmo quarto! — Assenti a sua informação. — Seus ossos estão melhores, mas seu coração, não posso dizer o mesmo. — Será que ela estava com problema cardíaco?

— O que houve? — Perguntei confuso. — Ela está com algo grave no coração? — Ela riu meio sem graça enquanto negava com a cabeça.

— Sua saúde vai bem! — Eu fiquei ali a encarando aguardando por respostas. — Sua mãe veio a falecer! — Minha promessa. Eu deveria cuidar dela. Eu havia prometido. — Não resistiu a cirurgia, por conta dos péssimos hábitos... — O que seria da pobre menina, sem os pais, sem ninguém. Sophie estava vivendo um vendável de coisas ruins. Ela era tão pequena, tão frágil e sozinha. — Você está me escutando? — Ela perguntou e eu assenti, apesar de não estar. Eu não vou quebrar uma promessa, seria desonesto. — Você está estranho? 

— Eu fiz uma promessa! — Fui sincero com ela, apesar de já conhecer o seu olhar traiçoeiro. — Você sabe para onde ela vai quando sair do hospital? — Ela me olhou e sorriu como se esperasse que eu dissesse isso.

— Para um lar que acolhe crianças desamparadas, se der por sorte irá para um orfanato. Seus pais não tinham parentes por perto e não conseguimos entrar em contato com nenhum familiar! — Como não tinha nenhum familiar? Eu deveria fazer algo por Sophie, ela não merece tudo o que está lhe acontecendo, ela é apenas uma garotinha. — Me desculpe, mas parece que você não está aqui. Você está no mundo da lua! — Realmente estava. Não acreditava no que estava acontecendo. 

— Eu prometi a sua mãe que cuidaria dela! — Ela tocou em meu ombro e me fez encarar seus olhos vibrantes.

— Você prometeu? — Eu balancei a cabeça em um sinal de confirmação, mas logo a abaixei, pois estava arrependido em me meter em algo que não poderia controlar. — Então você deve cumprir sua promessa. Ela não está mais aqui e sua filha coitada ficará sozinha, porque ninguém se importa! — Nós dois sabíamos o que ela queria dizer. Me sentia preso em sua história, me sentia mal por todas as coisas que ela poderia sentir.

— Eu não irei quebrar minha promessa! — Voltei a encarar ela e os seus olhos estavam encarando os meus olhos, sem desvio, sem culpa ou pena, apenas parados sem emoção.  Mas, eu não sei o que fazer! — Fui sincero novamente, ela seria a única que poderia me ajudar. Não era mais uma brincadeira, eu estava sensibilizado com sua dor. 

— Já pensou em adoção? — Assenti, mas não poderia fazer isso. Não poderia. — O processo é um pouco complicado, mas você sabe que podemos fazer alguma coisa, mexer alguns pauzinhos, você me entende! —  Eu acendi, ficamos em silencio por alguns segundos. — Você quer conversar com ela? — Eu estava confuso, realmente não estava nesse mundo e sim viajando pela lua, sem gravidade apenas voando pelo espaço.

— Por favor! — A segui, indo em direção ao quarto de Sophie.

get lost and find yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora